R.T.
| Hoje às 20:53
Osama Bin Laden deixou uma fortuna de 26.7 milhões de euros para ser usada na jihad e viveu os últimos anos da sua vida obcecado com a segurança, nunca tendo, no entanto, deixado de planear ataques contra o ocidente.
Estas são apenas algumas das informações que se podem encontrar nos documentos tornados públicos, esta terça-feira, pelo governo norte-americano. Entre os 113 documentos, confiscados pela Marinha (SEALs) dos EUA, na operação que matou Bin Laden em maio de 2011, no Paquistão, está o seu testamento. No documento pode ler-se que o dinheiro do antigo líder da al Qaeda está no Sudão, pais do norte de África onde viveu vários anos nos anos 90, segundo revela o The Telegraph.
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Na altura em que morreu, não era claro quanto dinheiro ele teria nem o que lhe teria acontecido. Agora, sabe-se que a sua fortuna é de quase 30 milhões de euros e que desejava que ela fosse usada na guerra santa que lutava.
"Espero que os meus irmãos, irmãs, e tias maternas, obedeçam aos meu testamento e gastem todo o dinheiro que deixei no Sudão na jihad, em nome de Alá", pode ler-se no testamento.
Ao longo dos anos, vários relatos indicaram que Bin Laden não teria conseguido levar a sua fortuna para o Sudão. O testamento, que agentes da CIA acreditam datar dos anos 90, diz o contrário. É também feita referência às cidades afegãs de Jalalabad e Kandahar, onde Bin Laden e a al Qaeda operaram nos anos anteriores aos ataques do 11 de setembro.
A fortuna vem do seu pai, que liderou a mais promissora empresa de construções na Arábia Saudita durante muitos anos.
Os últimos anos de vida
As autoridades dos EUA referiam-se frequentemente a Bin Laden como estando "escondido numa cave" e desligado do mundo. Estas revelações mostram algo diferente. Muitos dos documentos libertados nesta terça-feira foram escritos nos últimos anos de vida de Bin Laden e revelam um líder que tentava ativamente gerir a al Qaeda, tendo como prioridade nos seus dias finais a exploração do iminente 10º aniversário dos ataques do 11 de setembro.
Nos dados divulgados, pode entender-se uma constante tensão entre o desejo de gerir ao pormenor as operações do dia-a-dia do grupo, e os medos de ser detetado por enviar diretivas para al Qaeda em vários países.
Obcecado com o secretismo e a segurança, Bin Laden chegou a avisar uma das suas mulheres, Khairah, que um dispositivo de escuta ou localização poderia ter sido instalado na sua boca, aquando de um tratamento dentário que esta terá recebido no Irão, onde estava em prisão domiciliária.
"Por favor, fala-me com detalhe acerca de qualquer coisa que te incomode acerca de qualquer hospital no Irão ou alguma suspeita que algum irmão possa ter sobre chips implantados de alguma forma", escreveu.
"A seringa pode ser do mesmo tamanho, mas a cabeça será ligeiramente maior que o normal, e assim, como já te disse antes, eles podem inserir um pequeno chip para implantar debaixo da pele. O tamanho do chip é quase como o comprimento de um grão de trigo e a largura de um bom pedaço de vermicelli (um tipo de massa)".
Apesar das suas preocupações com a possibilidade de ser descoberto ou morto a qualquer momento, pode ler-se nos documentos de Bin Laden passagens onde se gaba da capacidade de se evadir às buscas dos EUA.
"Aqui estamos no 10º aniversario da guerra e a América e os seus Aliados continuam a perseguir uma miragem, perdidos no mar sem uma praia", escreveu numa carta que não tinha data, mas que se pensa ter sido escrita no seu último ano de vida.
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