domingo, 10 de janeiro de 2016

Mulher finge estar grávida por cinco meses

A cidadã M. Mário, 21 anos de idade, passou cinco meses a fingir estar grávida alegadamente para “segurar o casamento”. Durante este período, a jovem amarrou capulanas e trapos na região abdominal. 

Também fez tudo o que pode para evitar qualquer contacto físico com o marido, P. Nhamunda, de 29 anos, mesmo estando a dormir na mesma cama. A trapalhada deu-se no bairro Jonasse, Posto Administrativo da Matola-Rio, província de Maputo.
A mentira tem pernas curtas”, diz um velho adágio popular que, infelizmente, muitos ignoram. M. Mário faz parte desse pobre elenco. Na semana passada, mais concretamente na terça-feira, as suas vizinhas “puseram o guizo ao gato” e a verdade caiu como um fruto maduro.
Conforme testemunhamos no local, as vizinhas andavam desconfiadas daquela “barriguinha” que tinha um formato de tudo menos de gravidez e também apresentava-se pequena num dia e visivelmente grande no dia seguinte, tudo isto associado aos estranhos movimentos que a detentora da mesma fazia.
Por incrível que pareça, o próprio marido, com quem a jovem “grávida” partilha cama e mesa, numa minúscula casa de tipo um, ou seja, quarto e sala, não se deu conta do embuste a que estava a ser sujeito, supostamente porque a rapariga lhe convencera de que, por causa da gravidez, o relacionamento entre os dois passaria a ser apenas verbal. “Nada de carícias e toques”. Convicto de que aquele podia ser o desejo do “bebé”, P. Nhamunda obedeceu à letra.
Enquanto o jovem Nhamunda caía como um patinho nesta burla conjugal, a esposa caprichava nos truques para falsear a barriga com mais trapinhos e capulanas que eram colocados na região abdominal com a ajuda de calças elásticas, vulgo ceroulas. 
Para conferir um toque mais consistente de veracidade àquela infeliz trama, a rapariga apimentou o quadro com um pedido que, aos ouvidos do marido, soou como decisivo. “Peço para passares a acarretar água porque não posso fazer trabalhos pesados. É uma gravidez de risco”.
Nhamunda obedeceu como poucos. Tanto é que a esposa ensaiava sintomas “reais”. Era visto pela vizinhança de bidons em punho à cata de água para o casal. Também passou a ser visto a varrer, cozinhar, lavar a louça, a roupa, a passar a ferro, a fazer caril de amendoim, enfim. Pelo filho que ia nascer, tudo valia a pena.
A falsa gestante até ganhou um menu especial, típico de gestante de verdade, que incluía sorvetes, doces, fruta, iogurtes, entre outros, que eram degustados com um apetite e prazer invulgar, sempre no esforço de fazer valer a tese de que havia mais um ser vivo a caminho e que este merecia toda a atenção e cuidado.

…E O COPO TRANSBORDOU
O cantor angolano, Afro Man, gosta de dizer que “o esperto só almoça, não janta”. Foi o que aconteceu com aquela jovem. Se uns desconfiaram no primeiro instante, outros perceberam que algo de errado estava a acontecer durante a comemoração da passagem do ano.
Conforme nos foi revelado pela vizinhança, a rapariga terá mergulhado na emoção a ponto de perder o controlo da situação que ela mesma criou. Contra todas as expectativas, ela foi vista a consumir bebidas alcoólicas e a dançar de forma exuberante numa das barracas do bairro.
Dançou de tudo. “Quadradinho”, “Number One”, “Vuku vuku”, entre outras, como se fosse a autora das músicas ou como se tivesse sido contratada para entreter os presentes, que se surpreendiam com tamanho empenho e disposição. Era muita a emoção.
Conta-se que a jovem terá atingido os píncaros da bebedeira, a ponto de precisar de ajuda para regressar à casa. Foi nesse processo de “pega daqui”, “ajuda dali” que a vizinhança se apercebeu de que aquela barriga era invulgar. “Era movediça”, contam.
A partir daquela data, um grupo de mulheres do quarteirão passou a vigiar os movimentos da gestante. Dois dias depois, aquelas realizaram uma visita relâmpago, numa altura em que Nhamunda estava ausente. Tal como previam, a rapariga não trajava o seu “fardo” de capulanas e trapinhos.
No dia seguinte, quando a jovem ensaiou alguns movimentos para lá do quintal, as vizinhas saudaram-na e esta tentou empreender uma fuga e foi neutralizada e despida em plena via pública. Definitivamente, não havia gravidez nenhuma. Um sentimento de revolta tomou conta dos presentes, uma vez que todos viam o esforço redobrado que o vizinho Nhamunda empreendia para satisfazer a jovem esposa.
A decisão tomada foi a de encaminhar a falsa gestante ao posto policial que funciona no bairro há sensivelmente duas semanas. Aliás, trata-se de uma unidade que, apesar de ter sido estabelecida há poucos dias, já atendeu a casos de vária monta, alguns dos quais com contornos que roçam ao bizarro, como este.

PREPARADO PARA FAZER O ENXOVAL
Já no posto policial, as vizinhas decidiram chamar o marido da moça, alegando que a sua esposa acabava de dar luz. À primeira, Nhamunda quis passar por um estabelecimento comercial para fazer um enxoval para o recém-nascido, mas as senhoras lhe aconselharam a não comparar nada. “Deixe as compras para outra altura”, ordenaram.
Quando P. Nhamunda chegou no posto policial, só queria ver o filho. “Onde está o meu filho”, perguntou visivelmente emocionado com a hipótese de poder abraçar o seu descendente. As senhoras disseram que o seu filho está ali enquanto apontavam um monte de capulanas.
Entretanto, o porta-voz do Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique, em Maputo, Emídio Mabunda, disse que este não é caso criminal, apenas um episódio que não abona a sociedade. Por essa razão, a visada ficou retida para advertência, visto que as autoridades policiais, e até mesmo a vizinhança, suspeitam que, no final, a jovem poderia roubar um bebé numa das maternidades próximas para encerrar o ciclo de mentiras.
A nossa equipa de Reportagem contactou a vários psicológicos que entendem que este é um caso que pode ter origem numa perturbação psicológica ou comportamental, mas sublinharam que só se pode tirar conclusões mediante uma avaliação mais profunda. 

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