Terça, 12 Janeiro 2016
Reaberto há três semanas após dois anos de obras de reabilitação, o Jardim Tunduru prova, a cada dia, que é um lugar atractivo e importante para milhares de citadinos de Maputo e de todos que escalam a capital.
Centenas de cidadãos voltaram a ter no Tunduru um lugar para restaurar as forças, contemplar a beleza do verde e até desfrutar do cantar dos pássaros, algo que devido ao barulho da cidade só é possível num espaço como aquele.
Contudo, os cuidados que os componentes do jardim, em particular o relvado, os bancos e as ruelas, aspiram apresentam-se como enormes desafios para os gestores do espaço, tendo em conta as atitudes dos diferentes públicos que se fazem ao local.
Embora os locais de circulação e/ou de repouso estejam devidamente indicados há gente que teima em caminhar ou sentar-se sobre a relva. Outros usam os bancos para dormir ou sentam-se sobre os encostos, colocando os pés na parte prevista para se sentar.
O jardim tem dezenas de caixotes para lixo, entretanto alguns dos munícipes que a partir das 11.45 horas entram com refeições deixam os pratos térmicos (take-aways) ou latas de bebidas em locais inapropriados, anulando o trabalho do pessoal da limpeza, que se prolonga por todo o dia.
A segurança é também um problema. Não há, ainda, queixas de roubo de bens dos utentes mas os gestores do jardim assumem que já deram falta de algumas plantas em resultado de terem sido arrancadas da terra por malfeitores.
A estratégia para conter este fenómeno resume-se na limitação de acessos. Dos quatro portões existentes neste momento funciona apenas o principal, o localizado junto à estátua de Samora Machel. A entrada a partir do campo de ténis é aberta apenas sob ordens da Administração por volta do meio-dia para permitir que os utentes do Tunduru tenham acesso ao restaurante localizado do outro lado.
UTENTES ENTRE ACUSAM-SE
A necessidade de se aperfeiçoar a cada dia a gestão do espaço para que possa manter o belo que nele se encontra é partilhada pelos utentes interpelados pela nossa Reportagem. Todos apontam falhas dos que se fazem ao local, embora nenhum dos entrevistados assuma que alguma das suas atitudes possa pôr em causa a imagem do jardim.
O reforço da vigilância e da educação cívica aos utentes são propostas comuns entre as várias ideias deixadas pelos entrevistados.
Siza Jó disse que o Tunduru está melhor que no passado em vários aspectos, com destaque para a limpeza e cuidado para com as plantas. Apelou para que se preste mais atenção ao relvado, uma vez ser visível o seu crescimento desproporcional.
Propôs igualmente que se instalem bancos para grupos de estudo. Os actuais assentos são mais para repouso, quando o jardim é também usado por estudantes, que procuram um ambiente sossegado para leituras diversas.
A necessidade de haver pelo menos uma lanchonete onde os utentes possam adquirir água, sumo ou mesmo comer uma sanduíche enquanto se deliciam da beleza do verde é outra proposta deixada por Jó.
Questionado sobre a segurança, aquele nosso entrevistado disse que o local lhe parece tranquilo, mas mostrou-se inquieto pelo facto de durante o tempo que lá esteve não ter visto nenhum agente da Polícia Municipal.
Carlos Candrinho, que disse trabalhar numa instituição que defende o uso da natureza para a melhoria da saúde dos cidadãos, confessou-nos estar maravilhado com o novo aspecto do Tunduru.
“O jardim está bom. Devidamente tratado. Infelizmente nós, como sociedade, ainda desconhecemos a importância das plantas para o nosso bem-estar, daí fazermos pouco uso de locais como estes”, disse.
Recomendou às autoridades para que continuem atentas à manutenção do local e a criarem mais jardins como aquele na cidade e noutros pontos do país.
“Está diferente, mais organizado e até parece outro Jardim Tunduru”, estas são palavras de Olga Evaristo, uma jovem de 20 e pouco anos de idade que por várias vezes se serviu do local para encontros de estudo.
Falando à nossa Reportagem, recordou o passado, altura em que, segundo suas palavras, “aqui só se ouviam sapos e deambulavam marginais”.
Tal como Siza Jó, Olga Evaristo acha ser necessário instalar-se uma lanchonete para que os utentes possam comprar coisas simples, como água ou refrigerantes.
Joaquim Manhiça, outro cidadão ouvido pelo “Notícias”, disse que após alguns anos na África do Sul veio se surpreender com o novo rosto do jardim.
“Dantes tinha ladrões, mas com esta organização e com gente a cuidar das plantas não vejo espaço para eles”, disse, acrescentando que a capital ganhou mais um destino para turistas ou gente que queira descansar após uma manhã ou tarde de circulação pela urbe.
CIDADÃOS NÃO COLABORAM - ANA ABUDRASSE, ADMINISTRADORA DO JARDIM
ANA Abudrasse, gestora do Tunduru, deplora a atitude de alguns utentes, que não colaboram para que o jardim mantenha a beleza actual, ao caminharem sobre a relva, roubarem plantas e depositarem lixo, principalmente pratos térmicos, após usarem-nos.
Questionado pelo “Notícias” sobre a avaliação que faz dos utilizadores, a administradora disse, em forma de desabafo, que “alguns cidadãos não colaboram. Temos, por exemplo, locais para circulação, mas insistem em pisar a relva, há caixotes de lixo em todos os lados, entretanto deixam restos de embalagens e restos de comida no chão e nas plantas”.
Face ao cenário, constantemente vê-se obrigada a sair do gabinete para orientar os utentes sobre o uso correcto do jardim.
No que tange às infra-estruturas disse que fora a antiga estufa, totalmente reabilitada e enriquecida com mais plantas e uma cascata, existe uma segunda, mais virada para a produção de espécies.
O parque infantil foi igualmente melhorado, com baloiços e escorrega, construiu-se um anfiteatro para saraus e outras apresentações. Em breve serão instalados dois restaurantes e uma lanchonete, para além da abertura, a qualquer momento, do Balcão de Informação Turística, cujo edifício está já equipado.
O coreto, um dos marcos do Tunduru, está igualmente novo e já há requisições para registo civil de casamentos.
José Chissano
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