O aviso está dado. A erosão ameaça engolir o município de Marrupa, colocando em perigo os mais de 26 mil habitantes e as respectivas residências. A profundidade e o alargamento das crateras, que avançam, gradualmente, para o centro da vila, com todos os prejuízos daí resultantes, parecem não ter dias para parar.
O governo distrital e município com o mesmo nome mostram-se impotentes para travar o fenómeno, uma vez que, segundo as respectivas titulares, não dispõem de fundos necessários para colmatar a situação.
Um estudo encomendado pela Suécia e Irlanda sobre a matéria, feito em 2008, apontava para 71.523.953,67 Meticais, o valor necessário para combater a propagação deste mal em Marrupa, dinheiro que, entretanto, nunca passou de simples promessa.
Alguns moradores contactados pela nossa reportagem mostraram-se muito preocupados com o “fenómeno erosão”, principalmente nesta altura das chuvosa, em que as fendas tendem a aumentar de largura e profundidade, demolindo muros de vedação, casas, vias de acesso, árvores, entre outras infraestruturas, tornando difícil o já complicado trânsito para as diversas zonas residenciais do município.
Para evitar a situação, muitos munícipes começaram já a transferir-se para as consideradas zonas de expansão, numa tentativa de encontrar um lugar seguro que lhes permite respirar de alívio.
Neste vai-e-vem, pessoas há que já perderam casas e outros pertences, devido à erosão, uma vez que, na hora de se transferirem, deixam as habitações vazias, sem ninguém para as alugar, perdendo desta forma a oportunidade de reaver o investimento feito durante muitos anos.
Sobre o assunto, Gil Inácio, técnico ligado ao meio ambiente, explicou que a edilidade está a par da situação, estando neste momento a usar algumas técnicas de combate a este mal, através da colocação de barreiras de revestimento de pneus, capim, bronquite de bananeiras e outros materiais, sempre na perspectiva de evitar maiores danos humanos e materiais, tornando a vila habitável.
Outra precaução, segundo aquele técnico, está relacionada com trabalhos de sensibilização junto dos moradores, visando mobilizá-los para não edificarem residências em zonas propensas à erosão.
“As pessoas devem solicitar a ocupação de zonas preparadas pela expansão da vila municipal de Marrupa”, anotou Gil Inácio, advertindo que as que não acatarem as ordens da edilidade correm o risco de serem deslocados à força, sem qualquer indemnização, uma vez que o município não dispõe de fundos para suportar as despesas resultantes do reassentamento das famílias que se encontram em situação de risco.
Num encontro que teve com a população do município de Marrupa, o governador de Niassa, Arlindo Chilundo, havia-se mostrado preocupado com o desgaste de terra, visível em algumas zonas daquela edilidade.
Pediu à edilidade para trabalhar arduamente no sentido de criar condições para, urgentemente, evitar situações alarmantes, ao mesmo tempo que apelava aos munícipes para não construir em locais afectados pela erosão.
Chilundo terminou a sua deslocação a Marrupa, visitando as obras das futuras instalações dos serviços distritais de educação e desenvolvimento humano, tendo mostrado a sua satisfação com o ritmo das obras, o mesmo não acontecendo em relação à visita à zona de expansão onde, segundo ele, algumas partes daquele local estão, igualmente, afectadas com o problema de erosão.
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