Saturday, January 16, 2016

A politica de ameaça a guerra da Renamo eh um produto da Frelimo.

Faltou calculismo e pragmatismo para se resolver, quando era tempo, a questão da forca residual da Renamo. O pepino se torce de pequeno. Esta máxima foi descurada. E ao longo dos anos, os sucessivos Governos foram rubricando pactos de circunstância com DHL mas nada de duradoiro. 
Hoje, dirigentes de topo da Frelimo queixam-se de que DHL não eh serio, e nunca cumpriu os acordos alcançados.
Mas o substrato desses acordos nunca compreendeu uma abordagem final desse protocolo do AGP que permitiu que a Renamo permanecesse armada. E vale a pena recordar que, poucos anos após o AGP, na primeira legislatura multipartidária, DHL era um homem em processo de integração completa num convívio democrático longe de armas. Vivia em Maputo e só se deslocava ao interior quando fosse para olhar para seus negócios ou apagar um fogo acolá.
Numa dessas vezes, em Julho de 1997, em Maringue rebentara uma tensão militar. Os homens residuais da Renamo quase se pegavam com o contingente da PIR la instalado. Eu, enviado do então jornal Metical, vivi de perto parte dessa tensão. E tive a oportunidade de perguntar a DHL que, entretanto, também se deslocara para a zona, sobre o futuro dos seus homens armados.
E ele respondeu me assim: "O futuro deles eh de me protegerem. Isto eh sabido por todos, ate pela ONU; esta inscrito no AGP. So que o Governo demorou integra-los na Policia para efeitos de treinamento. No ano passado, entregamos as listas ao Ministro Manuel António mas nada foi feito. Ainda bem porque penso que eh melhor para mim ser protegido por homens da minha confiança. Eles não são militares, são homens de protecção".
O laxismo do governo suscitou em DHL a percepção de que ter aqueles homens podia ser um trunfo para sua acção politica. Uma acção que teria por matriz o fantasma do retorno a guerra. E eh assim que temos vivido. Chissano la teve os acordos que teve com Dhlakama mas a questão dos homens residuais foi se tornando progressivamente um problema bicudo. Com Guebuza, idem! Hoje virou um monstro. Agora cabe a Nyusi encontrar uma formula que resolva de uma vez esse problema.
A fasquia de DHL esta demasiado alta. Mas o problema não deve ficar assim em aguas turvas. Um programa politico urgente para o aprofundamento da descentralização (com revisão constitucional) pode ser calendarizado desde já. Ao mesmo tempo que se encontra uma formula para que o sector privado afecto a Renamo tenha acesso, em igualdade de circunstancias, as mesmas oportunidades de acesso a PPPs (parcerias publico privadas) que os grupos económicos afectos a Frelimo tem. Afinal, a partilha de poder que a Renamo exige eh, na verdade, uma partilha de recursos...uma divisão de riqueza.

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