terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Paz de Nyusi


O país está a viver uma paz ameaçada pelas armas e isso preocupa bastante o povo porque deseja produzir e trabalhar na tranquilidade. Os que almejam a guerra – os que compram armas, tanques de guerra, canhões, carros de assalto e visitam mercados internacionais de armamentos - não imaginam quanto custa a liberdade. Eles não sabem quanto o povo ama a paz e deu a preciosa vida dos seus filhos por ela!
Os que mandam soldados fazerem emboscadas contra os seus opositores politicos, cercando-lhes a residência e violando os entendimentos, como aconteceu, na Beira, a 09 de Setembro de 2015, com o líder da Renamo, são amantes da guerra. A lei diz que manter alguém em prisão domiciliária compete apenas aos tribunais. Nem o Presidente da República tem poderes para ordenar a prisão domiciliária de quem quer que seja.
Enquanto o povo espera que a solução do conflito seja encontrada na mesa de um diálogo honesto, Nyusi e a sua equipa acredita numa solução militar, por isso a corrida desenfreada aos armamentos. A visita a Angola para aprender como se sufoca a oposição. Nyusi como Samora Machel e Armando Guebuza enganaram-se ao apostarem na via das confrontações militares.
As emboscadas que a FADM/FIR fazem ao líder da Renamo são um atentado à paz. O governo ao invés de se empenhar na construção da paz, está engajado na uerra. A recente entrada de carros de assalto, em Maputo, na noite de 10 de Novembro, é um sinal de que Nyusi quer guerra.
Os únicos interessados na guerra são os não têm parentes em frentes de combates. Não têm parentes expostos a perigos. Eles atiram filhos dos pobres para guerra, sem a chance de estar estudar em universidades de renome ou de estar associados a uma multinacional.
Basílio Monteiro, ministro do Interior, e Jorge Khalau, comandante-geral da Polícia, defensores do desarmamento à força da Renamo, não devem ter familiares envolvidos em combates. Nyusi contradiz-se sempre e foi denunciado pelos bispos católicos por dizer uma coisa e fazer outra, totalmente contrária. Enganam-se os que esperam que a solução do país venha da Frelimo porque o problema do povo é o próprio governo, por isso, é uma necessidade histórica a sua remoção.
O saque dos nossos recursos pelas elites politico-económicas da Frelimo, em conluio com empresas estrangeiras, conduzem-se à pobreza. A roubalheira da energia da Cahora Bassa e o gás da SASOL pela África do Sul são sinais perigosos da neocolonização. O abate das nossas florestas seguido de um silêncio sepulcral do governo. Só agora o governo interditou a exportação da madeira em toro, depois da desertificação do país. A criação clandestina da EMATUM – Empresa Moçambicana de Atum – devia ser considerada um crime económico e os seus mentores punidos.
O Presidente Filipe Nyusi mandou suspender o pretensioso desarmamento coercivo dos homens da Renamo. Ainda não estão claras as razões que forçaram Nyusi a proceder de tal modo, mas, avança-se algumas hipóteses:
1. A crise económica é tão profunda e aguda que o país não tem dinheiro suficiente para aguentar com mais uma guerra;
2. A reunião dos antigos movimentos de libertação nacional deve ter chamado a atenção ao governo de Nyusi para não se enveredar pela via armada como forma da resolução de um problema político interno;
3. A visita a Maputo do antigo secretário de estado norte-americana para os Assuntos Africanos, Chester Crocker, de Quett Masire, ex-estadista do Botswana, figuar amuito respeitada em Moçambique; e do ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Frank-Walter Steinmeir, deve ter pesado para o recuo de Nyusi, e, por último,
4. Nyusi deve estar a fingir para tentar convencer a Dhlakama a fim de este sair das matas, assim como aconteceu na Beira. Deixou as matas e foi encostado à parede com a arma apontada à cabeça, aparentemente com o beneplácito dos mediadores.
Apesar da aparente boa vontade de Nyusi, contingentes militares continuam a ser enviados para as zonas da influência da Renamo, para provar de que se trata de uma mera diversão.
Nota. Este artigo foi publicado no semnário MAGAZINE INDEPENDENTE de 01.12.2015.

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