quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

CONSEQUÊNCIA DO INCÊNDIO NO CAIS DE CEREAIS: Resgatados 15 corpos carbonizados a flutuar

PELO menos 15 corpos das vítimas do incêndio que destruiu, domingo último, a plataforma de manuseamento de cereais e óleo vegetal no Porto da Matola, foram recuperados nas águas da baía, nas imediações do local da ocorrência.
Os corpos foram encontrados carbonizados, alguns dos quais em estado irreconhecível, na área adjacente aos terminais de cereais, carvão e combustível no Porto da Matola, já em decomposição.
Os cadáveres foram depois recolhidos para a morgue do Hospital Central de Maputo (HCM). Para permitir a sua identificação e reclamação, as autoridades apelam aos familiares das vítimas para que se desloquem rapidamente à morgue para reconhecê-las, bem como desencadear, em seguida, o expediente visando a realização dos respectivos funerais.
No bairro dos Pescadores, na cidade de Maputo, onde se pensa que residia parte das vítimas, algumas famílias já vivem o drama da ausência repentina dos seus ente queridos que são dados como desaparecidos desde a madrugada de domingo.
Equipas do Serviço Nacional de Salvação Pública (SENSAP) e da Polícia Marítima continuam a trabalhar para identificar mais corpos. As autoridades acreditam que mais corpos possam ser localizados na zona onde se deu o incêndio que paralisou aquela infra-estrutura dos Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM).


Até a tarde de ontem, as equipas de busca continuavam no terreno a identificar e remover mais corpos que apareciam a flutuar com tendência a ir dar às margens das águas do mar. Refira-se que o SENSAP já avançava há dias que a condição das águas dificultava as operações de salvamento.
O Conselho de Ministros, reunido na sua 44.ª sessão ordinária, exigiu à comissão instituída para se ocupar do assunto um relatório minucioso sobre as circunstâncias que envolveram o incêndio.
O prejuízo resultante da ocorrência, para além de perdas de vidas humanas, é avaliado em cerca de dois milhões de dólares norte-americanos. Dados preliminares apontam que as chamas poderão ter sido originadas por uma faísca gerada numa das embarcações dos ladrões que na altura estaria a realizar manobras para abandonar o cais depois de roubarem o combustível.
Em conexão com o caso, a Polícia da República de Moçambique (PRM) anunciou a detenção de nove indivíduos, entre ladrões, agentes de segurança privada e membros da PRM e recuperou mais de oito mil litros de combustível.
Para além disso, a corporação apreendeu duas embarcações usadas pelos meliantes no roubo de combustível e um adaptador com doze saídas onde eram afixadas as mangueiras para abastecer os recipientes.
Segundo Juarse Martins, porta-voz da Polícia no Comando Provincial em Maputo, os indiciados foram encarcerados em diferentes subunidades da corporação para evitar possível troca de informação entre eles.
“Os indiciados, alguns dos quais membros da corporação, foram encaminhados para a 3.ª, 5.ª e 8.ª esquadras da Polícia. Entre os detidos, salienta-se a presença de Silandane, muito conhecido nestas acções, agentes de segurança privada e da PRM”, disse Martins.
A fonte disse que há ainda mais pessoas por neutralizar, porque há um grupo de pessoas que se dedicava ao controlo do bombeamento do combustível enquanto o navio efectuava descarga e alguns funcionários do Porto da Matola.
“Estamos a trabalhar a nível das pessoas que controlavam o sistema porque acreditamos que haja conivência de mais funcionários. Dentro de dias poderemos apresentar o resultado das investigações ainda em curso”, explicou.
Equipas dos CFM e da Silos Terminal e Granuleiros da Matola SARL (STEMA), esta última gestora do Terminal de Cereais, estão no terreno a preparar-se para repor a plataforma afectada em funcionamento.
Entretanto, alguns pescadores abordados sobre a ocorrência admitem que os números de colegas envolvidos no sinistro e o de barcos podem ser superiores aos anunciados.
NOTÍCIAS – 15.12.2015

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