sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Se a mediação internacional pode ajudar, a boa fé é fundamental

É importante que as negociações prossigam e que possam muito rapidamente devolver ao país a paz que necessita para o seu desenvolvimento, mas é igualmente importante que se tenha em atenção que estas negociações nunca devem assumir o formato de um plano indefinidamente aberto.
As negociaçoes devem ter objectivos claramente definidos, devendo igualmente ser necessaria a coragem politica que permita que havendo necessidade de alterações no ordenamento jurídico nacional, estas sejam efectivadas para dar lugar a progressos assinalaveis e concretos.
A actual situaçao de indefiniçao, aliada ao bloqueio que persiste nos canais de comunicação entre o ao governo e a Renamo, pode provocar um desgaste nas duas partes, conduzindo a uma inércia que pode ser muito perigosa para a estabilidade do país.
Na actual situaçao de conflito nao ha vencedores. So pode haver vencidos. E infelizmente, esses vencidos são todo o povo moçambicano, que corre o risco de ver os seus avanços das duas últimas décadas a serem destruídos em muito pouco espaço de tempo.
Trazer novos mediadores internacionais para as negociações nao deve ser muito difícil. Assim como tambem nao sera dificil encontrar uma soluçao para os actuais problemas que o país enfrenta.
O que é problematico é se existe vontade de dialogar com honestidade e de aceitar que o jogo democratico deve ser a unica forma que numa sociedade democrática determina quem assume as redeas do poder.A alternancia do poder que muito se apregoa deve ser consequência lógica de processos democraticos, e não o resultado de artimanhas negociais ou de jogos de demonstração de força, onde prevalece a lei do mais forte.
O facto de ate hoje mao terem sido postos em pratica os acordos de cessação das hostilidades rubricados a 5 de Setembro de 2014, depois de terem sido gastos rios de dinheiro para que eles fossem implementados, incluindo com o envolvimento de observadores internacionais acordados entre as duas partes, se deve ao facto de os mesmos não terem sido feitos de boa-fé.
A boa-fe e a honestidade, aliadas ao desejo genuíno de ver resolvidos os problemas políticos que o país enfrenta, são a base sobre a qual deve assentar qualquer entendimento entre o governo e a Renamo.
Se futuras rondas negociais tiverem de ser frutuosas, sera necessario que ambas as partes declarem previamente o seu compromisso em que seja normalizada a situação política no país, obrigando-se ainda, uma vez alcançados os acordos desejados, a não apresentarem novas exigências fora do quadro do que tiver sido acordado. O país precisa de avançar e não pode continuar a ser refém de vontades individuais de alcançar o poder a qualquer preço.


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