quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Se eu hoje estivesse em Paris

OPINIÃO

Cartas à Directora


Se eu hoje estivesse em Paris, jantaria numa esplanada. Em seguida, iria ouvir música ao vivo, ou numa sala formal, ou num pequeno bar da cité bergère, onde no fim circula o chapéu e cada qual paga o que entender.
Faria isso em homenagem aos mortos da passada sexta-feira. Para deixar claro aos energúmenos que os assassinaram que não podem nem irão mudar a nossa forma de viver. Essa seria a maior derrota.
Ao mesmo tempo, gostaria que secassem aquela gente, que realmente os isolassem, que os interesses geostratégicos no Médio Oriente não permitissem qualquer contemporização. Gostaria que não fosse tão fácil ir da Turquia para a Síria e voltar. Gostaria de ter a certeza de que o dinheiro que pagou esta aventura assassina não é o mesmo que paga grandes encomendas à indústria militar francesa. Não sei se é, mas gostava de ter a certeza.
Também gostaria de ver uma mão firme e implacável contra todos os lugares reais e virtuais onde se apela ao ódio, onde se cultiva o radicalismo, onde se criam estes alucinados.
Se eu estivesse hoje em Paris, estaria, de uma certa forma, a celebrar.
Carlos J. F. Sampaio, Esposende

O Presidente e as decisões
O país precisa de decisões. Pode ser que sim, ou talvez não. Também as cagarras, ave interessantíssima, necessita de carinhos. O senhor Presidente, atento, sabe isso, é o Presidente de todos nós. Sendo a cagarra um habitante de pleno direito do território nacional, está em pé de igualdade com todos os outros. Neste momento, a cagarra requer muito mais atenção do que o Zé João da Cova da Moura, a Maria de Santa Valha, o Toinho de S. Brás de Alportel. Ela está em vias de extinção, os outros não, só estão em estado de marasmo, nada que se compare com o fenecimento iminente da população das Selvagens.
Era urgente e foi sábio ir à Madeira. Urgente porque “longe da vista, longe do coração”: o Zé, a Maria, o Toinho, podem continuar a marinar, que tempo é o que não lhes falta, já que estão em casa subsidiados pelos contribuintes, escassos, mas bons; sábio, porque não se devem tomar decisões a quente e, mesmo que todos os cenários tenham sido estudados, algum repouso na decisão é bom conselheiro, não vá o país tropeçar no lodo, só porque o Presidente entrou em nervos e tomou uma decisão emotiva, mal sopesada pela razão, a temperança, a equidade, aleivosias intelectuais que o senhor Presidente nunca descurou na sua prática da política.
Se houver um voo directo da Madeira para os Açores, já que está perto, as vaquinhas – são tão lindas, as vaquinhas – também mugem com saudades suas.
Nós por cá todos bem!
Luís Robalo, Lisboa

As declarações de Cavaco Silva na Madeira
Não se sabe qual a intenção de Cavaco Silva ao lembrar, na “praça pública”, que, em anos passados, esteve cinco meses em Governo de gestão. Mas, se isso indiciar uma intenção de deixar este em gestão, cometerá um erro tremendo. Porque é diferente estar em gestão com maioria parlamentar hostil do que num Parlamento que reage moderadamente a essa situação. E a situação económico-financeira não se compadece de tanto tempo em “guerra” institucional: Parlamento com Governo e Parlamento com PR. “Guerra” contrária a sua própria missão de dever velar pelo bom funcionamento das instituições.
 António José de Matos Nunes da Silva, Oeiras

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