Num território cada vez mais dividido, hoje na Síria está muito mais em jogo do que derrubar Assad.
No início da guerra na Síria, em 2011, a oposição tomou armas para lutar contra o regime de Bashar Al-Assad. Mas o conflito tornou-se mais complexo durante estes quase cinco anos de combates, sobretudo com a entrada em jogo do grupo jihadista ultra-radical Estado Islâmico (EI), que conquista território no Iraque e na Síria. Hoje, numerosos grupos, bem como várias potências estrangeiras – regionais ou globais – estão envolvidas nesta guerra, com diferentes objectivos, num território cada vez mais fragmentado.
Assad e aliados
- O exército sírio tinha 300 mil homens no início do conflito, mas os seus efectivos reduziram-se a metade devido às baixas e deserções. Os militares perderam dois terços do território para o EI ou para a Frente Al-Nusra – ramo local da Al-Qaeda – e outros rebeldes de inspiração islâmica. Mas controla ainda um território estratégico, que compreende Damasco, Homs e Hama no Centro do país, o litoral e uma parte de Alepo. Nestas regiões vive 50% da população que ainda permanece na Síria.
- As milícias pró-regime contam com 150 mil a 200 mil homens. A principal, as Forças de Defesa Nacional, com 90 mil combatentes, foi criada em 2012. A estas há que adicionar as milícias que vêm do Líbano, do Irão, do Iraque e do Afeganistão. A mais importante é a do Hezbollah libanês, que segundo os analistas terá entre 5000 e 8000 combatentes.
- A Rússia é o aliado de maior peso do regime. Recentemente, tornou-se mais presente no terreno, reconstruindo uma base no aeroporto de Latákia (Oeste) e dirigindo para lá aviões de combate, sistemas de defesa área e outros equipamentos modernos. Pelo menos 1700 soldados russos foram para lá enviados, segundo os media russos.
- O Irão é o principal aliado regional de Assad. Enviou 7000 guardas da Revolução para reforçar o exército e forneceu também conselheiros militares e ajuda económica ao Presidente sírio.
Frente Al-Nusra e outros grupos de inspiração islâmica
- Ahar al-Sham é um dos mais importantes grupos de oposição armada ao regime. Criado em 2011, é financiado por países do Golfo Pérsico e pela Turquia, segundo especialistas nos equilíbrios de poder regionais. Está presente sobretudo no Norte da Síria e na região de Damasco. Embora seja de inspiração salafista – uma ideologia político-religiosa que se baseia na crença do jihadismo violento e no regresso ao que os partidários deste movimento acreditam ser “o verdadeiro” Islão sunita – tentou apresentar-se este ano ao Ocidente como um grupo moderado.
- Ahar al-Sham é um dos mais importantes grupos de oposição armada ao regime. Criado em 2011, é financiado por países do Golfo Pérsico e pela Turquia, segundo especialistas nos equilíbrios de poder regionais. Está presente sobretudo no Norte da Síria e na região de Damasco. Embora seja de inspiração salafista – uma ideologia político-religiosa que se baseia na crença do jihadismo violento e no regresso ao que os partidários deste movimento acreditam ser “o verdadeiro” Islão sunita – tentou apresentar-se este ano ao Ocidente como um grupo moderado.
- A Frente Al-Nusra é o ramo sírio da Al-Qaeda e é o grupo jihadista mais importante na Síria a seguir ao EI, seu rival. Classificado como “terrorista” por Washington, é liderado por Abu Mohammad al-Jolani. Aliou-se com outros grupos revoltosos, nas províncias de Idleb (Noroeste) e de Alepo (Norte). Está também presente nos arredores de Damasco e no Sul.
Estes dois grupos integram, juntamente com outras formações de menor expressão, o Exército da Reconquista, criado em 2015. Financiado, segundo os especialistas, pelos países do Golfo, expulsou quase todas as tropas de Assad da província de Idleb.
- Jaich al-Islam é o mais importante grupo revoltoso na região de Damasco. É dirigido pelo islamista Zahrane Allouche.
- A Frente do Sul junta vários grupos armados não islamistas que conquistaram partes da província de Deraa, no Sul do país.
Grupo Estado Islâmico
Esta é a formação mais bem organizada, mais rica e mais temida, por causa das atrocidades que pratica. Desde a sua entrada no conflito, em 2013, o EI conquistou metade do território sírio. Dirigido por Abu Bakr al-Baghdadi, com com milhares de combatentes estrangeiros, luta contra o regime de Assad, a Al-Nusra, outros rebeldes e os curdos. Em Junho de 2014 proclamou um califado, tendo por base os territórios que conquistou na Síria e no vizinho Iraque. Mais de 30 mil jihadistas estrangeiros juntaram-se às suas fileiras nestes dois países desde 2011, segundo os serviços de informações norte-americanos.
Esta é a formação mais bem organizada, mais rica e mais temida, por causa das atrocidades que pratica. Desde a sua entrada no conflito, em 2013, o EI conquistou metade do território sírio. Dirigido por Abu Bakr al-Baghdadi, com com milhares de combatentes estrangeiros, luta contra o regime de Assad, a Al-Nusra, outros rebeldes e os curdos. Em Junho de 2014 proclamou um califado, tendo por base os territórios que conquistou na Síria e no vizinho Iraque. Mais de 30 mil jihadistas estrangeiros juntaram-se às suas fileiras nestes dois países desde 2011, segundo os serviços de informações norte-americanos.
Curdos
Presentes sobretudo no Norte e no Nordeste, os curdos defendem os seus próprios territórios, depois de as forças do regime se terem retirado. Receberam apoio da coligação internacional liderada pelos EUA para obrigar o EI a retirar-se das suas cidades.
Presentes sobretudo no Norte e no Nordeste, os curdos defendem os seus próprios territórios, depois de as forças do regime se terem retirado. Receberam apoio da coligação internacional liderada pelos EUA para obrigar o EI a retirar-se das suas cidades.
Coligação Internacional
Face aos ataques e atrocidades cometidos pelo EI, os Estados Unidos, aliados a vários países árabes, iniciaram em Setembro de 2014 uma campanha de ataques aéreos contra os jihadistas do Estado Islâmico. Mas, até agora, não os conseguiram neutralizar. Vários países ocidentais, como o Reino Unido e França, têm-se juntado à coligação.
Face aos ataques e atrocidades cometidos pelo EI, os Estados Unidos, aliados a vários países árabes, iniciaram em Setembro de 2014 uma campanha de ataques aéreos contra os jihadistas do Estado Islâmico. Mas, até agora, não os conseguiram neutralizar. Vários países ocidentais, como o Reino Unido e França, têm-se juntado à coligação.
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