09.10.2015 18h00
Se o Partido Socialista for capaz de chegar a um acordo que permita uma maioria parlamentar e a coligação não o conseguir, o que é democrático e legitimo é que governe quem tem o apoio da maioritário dos eleitos. Na Dinamarca governa uma liberal, apesar de ter sido um social-democrata a vencer. Na Noruega, governa uma conservadora depois de uma vitória de um trabalhista. No Luxemburgo, o partido atual primeiro-ministro ficou em terceiro lugar. Na Letónia governam três partidos e nenhum ficou em primeiro. Na Bélgica o primeiro-ministro é do quinto partido mais votado. A maioria dos eleitos, representando uma larga maioria dos eleitores, suporta um governo. É isto a democracia parlamentar. Não é um jogo em que quem fica primeiro pode governar contra a vontade da maioria dos eleitores e dos eleitos. Caso contrário, os deputados da oposição estariam obrigados a aprovar orçamentos com os quais não concordam e a responsabilizar-se pelos efeitos de uma governação que recusam. Ou seja, teriam de desistir de representar aqueles que os elegeram.
Instalou-se em Portugal uma ideia perversa: que desde que um partido ou coligação fique em primeiro, transformando as eleições numa mera corrida, uma minoria tem direito a governar contra a vontade da maioria. Ora esta ideia é o oposto da democracia. Numa democracia representativa a maioria dos deputados representa a maioria dos eleitores. E nunca um governo pode governar contra a vontade da maioria dos que foram eleitos.
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Palavras-chave
09.10.2015
Se o Partido Socialista for capaz de chegar a um acordo que permita uma maioria parlamentar e a coligação não o conseguir, o que é democrático e legitimo é que governe quem tem o apoio da maioritário dos eleitos. Na Dinamarca governa uma liberal, apesar de ter sido um social-democrata a vencer. Na Noruega, governa uma conservadora depois de uma vitória de um trabalhista. No Luxemburgo, o partido atual primeiro-ministro ficou em terceiro lugar. Na Letónia governam três partidos e nenhum ficou em primeiro. Na Bélgica o primeiro-ministro é do quinto partido mais votado. A maioria dos eleitos, representando uma larga maioria dos eleitores, suporta um governo. É isto a democracia parlamentar. Não é um jogo em que quem fica primeiro pode governar contra a vontade da maioria dos eleitores e dos eleitos. Caso contrário, os deputados da oposição estariam obrigados a aprovar orçamentos com os quais não concordam e a responsabilizar-se pelos efeitos de uma governação que recusam. Ou seja, teriam de desistir de representar aqueles que os elegeram.
Ontem
08.10.2015
O PCP, mostrando compreender a gravidade do momento que se vive e o preço que pagaria por não estar à altura, deu um passo histórico inimaginável há pouco tempo: está disposto a viabilizar um governo do PS e com isso pôr fim ao governo mais agressivo de sempre da direita portuguesa. Catarina Martins passou uma campanha a repetir três condições para participar ou para viabilizar um governo à esquerda. E agora, com um acordo quase firmado entre PS e PCP, chegou a hora da verdade. Se o PS aceitar estas condições, teremos um governo de esquerda e o PS dos interesses em polvorosa. Se o BE, mesmo assim, disser que não, nem imagino o que lhe vá acontecer. A esquerda está a viver um dos momentos mais interessantes da sua história recente. Veremos como se porta cada um
Quarta
07.10.2015
Não está nos poderes do Presidente da República o direito de fazer mais do que interpretar os resultados eleitorais. Poderá considerar, olhando para os resultados, que é preferível um governo minoritário ou maioritário. Que o que interessa é qual foi a candidatura mais votada. Mas não pode decidir, com base nos programas de cada partido, quem por causa deles governa ou não governa. Isso é um poder dos eleitores que o cidadão Cavaco Silva não substitui. Felizmente temos apenas mais uns meses disto. E os poderes que Cavaco tem não lhe permitem mais do que este desrespeito permanente pelas regras institucionais e democráticas
Terça
06.10.2015
O eleitorado puniu de forma clara quem defendeu as convergências à esquerda. Não será por aí que se fará a renovação do nosso sistema político. Restam três possibilidades para vencer o bloqueio na esquerda. Primeira: o Bloco de Esquerda pega no meio milhão de votos, faz o seu aggiornamento, alarga espaço de influência, recupera a sua cultura antissectária fundadora, liberta-se do fantasma do PCP e dirige-se a um eleitorado quer alternativas viáveis, ocupando o espaço que o PS se recusa a ocupar. Se Catarina Martins o quiser fazer é agora, quando está na mó de cima no quebra-cabeças de tendências do partido. Segunda: há uma regeneração do Partido Socialista, com a ocupação de um espaço político que lhe estanque a fuga de votos à esquerda e que seja capaz de mobilizar o exército cada vez maior de descrentes, que sentem que nas eleições não fazem escolhas. A geração dos “jovens turcos” não deve ficar eternamente à espera. Terceira: um dia destes nasce de facto uma coisa capaz de romper com uma esquerda empastelada e presa no seu próprio labirinto. Tentei apoiar e ajudar quem se propôs a fazê-lo. Não podia ter falhado mais. Mas vergonha é não tentar e ficar apenas a fazer diagnósticos
Segunda
05.10.2015
Apesar de se insistir no mesmo de sempre – o PS virou à esquerda e perdeu ao centro –, os números são claros. A direita perdeu 700 mil votos. O PS ganhou 180 mil votos. A abstenção outros 180 mil. A esquerda à esquerda do PS ganhou mais de 330 mil (sobretudo graças ao Bloco de Esquerda). Ou seja, a tese de que o PS se tramou porque virou à esquerda carece de comprovação factual. O eleitorado centrista, aborrecido com tamanho radicalismo, foi votar no Bloco? Para o futuro próximo não vejo qualquer sinal de mudança num guião já conhecido: o PS viabiliza um ou dois orçamentos e espera que venha o momento para voltar a ganhar. Mais uma vez para agradar a esse tal eleitorado do centro que não dá sinais de existir e perder o eleitorado de esquerda que, mostram os números, existe mesmo. Se Costa fizer isto não fará diferente do que fez Seguro. Lá virá um outro Costa que lhe tira o lugar
Domingo
05.10.2015
Se tudo se confirmar, PSD e CDS ficam reduzidos à anterior votação do PSD, pode perder meio milhão de votos e só governarão com o favor do PS. Terá perdido a maioria absoluta, única possibilidade de governar quatro anos. O PS ganhou voto ao centro e perdeu voto à esquerda. Perdeu quando tudo estava do seu lado. Mais à esquerda, o Bloco suavizou o discurso, convenceu os eleitores da sua vontade de governar e graças à performance de Catarina Martins regressa aos excelentes resultados de 2009.
02/10/2015
02.10.2015
As “sondagens” diárias acabaram por determinar todo o quotidiano das campanhas eleitorais. Foram o elemento perverso desta campanha. Mas António Costa nem pode dizer que foi vítima delas. O empate que durou mais de uma semana só o favorecia, sendo um eficaz instrumento para o apelo ao voto útil à esquerda. O problema foi o PS ter desistido de falar das pessoas reais e dos seus problemas muito concretos para entrar no rendilhado de cálculos e números, tentando pôr Costa a fazer de Passos. Se o original já é fraco, a cópia é sempre pior. Com isto, as pessoas esqueceram-se porque estavam tão irritadas. Na realidade, o problema de Costa é o problema do PS: no combate com a direita está quase sempre à defesa, deixando-a determinar as regras do jogo. Mesmo quando teve quatro anos na oposição.
01/10/2015
01.10.2015
A campanha dos grandes, onde o debate é totalmente impossível, nada tem a ver com política. É cada vez mais entretenimento televisivo. Um espetáculo que tem como principal função fazer com que as pessoas se esqueçam do passado e não pensem no futuro. Diz que decide muito do voto. Talvez decida. Mas é uma espécie de Matrix, uma realidade virtual para nos facilitar a decisão de não fazer escolhas difíceis. Os candidatos sabem disso, representam o papel que lhes cai no guião, tentando fugir da personagem que perde. A política regressa depois. Para mim, que me interesso por política, isto é um intervalo. Nunca influenciou, o mais remotamente que fosse, o meu voto
30/09/2015
30.09.2015
Ainda é cedo para perceber os efeitos deste escândalo para a Volkswagen. Em Portugal, um enorme abalo na empresa alemã terá efeitos imediatos na nossa economia. A Autoeuropa é a terceira maior exportadora portuguesa, responsável por quase 8% das nossas exportações e quase 1% do nosso PIB. Apesar de se garantir que não produziu nenhum destes modelos, os efeitos de um tombo da empresa sentir-se-ão muito rapidamente por cá
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