Quarta, 28 Outubro 2015
O BANCO de Moçambique garante que o nível de variação de preços vai estar dentro dos compromissos previamente estabelecidos para o final do ano de 2015 (inflação abaixo dos cinco por cento), contudo alerta que para o ano que vem existem sinais claros de que o país vai enfrentar uma maior pressão do ponto de vista da inflação.
Falando ontem em Maputo durante a apresentação da Conjuntura Económica e Perspectivas de Inflação, o administrador e porta-voz do Banco Central, Waldemar de Sousa, disse que, caso não sejam tomadas medidas atempadas para contrariar estas previsões, o país pode enfrentar em 2016 uma inflação média superior aos valores obtidos nos últimos três anos (cerca de três por cento).
Para o primeiro trimestre, ou seja, durante os primeiros três meses de 2016, o Banco de Moçambique assume como provável uma subida dos preços dos transportes de passageiros.
“Nós para fazermos previsões tomamos em conta um conjunto de assunções e uma delas tem a ver com um provável ajustamento dos preços administrados. Como sabem, o Governo já anunciou que algumas medidas de descongelamento gradual dos preços estão a iniciar. Tal abrange a água, o pão, energia, em alguma dimensão, e nós assumimos que por efeito de arrastamento isso possa impactar sobre o preço do serviço de transportes”, referiu Waldemar de Sousa.
A fonte explicou que foi em antecipação a estes cenários que o Comité de Política Monetária do Banco Central julgou estarem reunidas as condições temporais para inverter o ciclo da política monetária que se vinha observando nos últimos quatro anos, tendo, por isso, decido ajustar com efeitos imediatos as taxas de intervenção no mercado interbancário subindo a taxa de facilidade de cedência de liquidez em 25 pontos-base, para 7,75 por cento.
As medidas do Comité de Política Monetária incluíram também o ajuste da taxa de juro da Facilidade Permanente de Depósitos em 50 pontos-base, para 2 por cento, e incremento do Coeficiente de Reservas Obrigatórias em 100 pontos-base para 9 por cento, com efeitos a partir do período de constituição que inicia a 7 de Novembro de 2015.
Referindo-se à situação do metical, a fonte indicou que, apesar de alguma recuperação mensal em Setembro, no terceiro trimestre de 2015, a moeda nacional continuou a sofrer perdas nominais face às moedas dos principais parceiros, tendo, no entanto, apreciado em 9,97 por cento em relação ao rand. Em finais de Setembro, o dólar norte-americano foi cotado a 40,04 meticais no mercado cambial interbancário, elevando as perdas nominais anuais da nossa moeda para 30 por cento.
No sector externo, o destaque vai para o agravamento do défice da conta corrente em 3,9 por cento (cerca de 93 milhões de dólares) no primeiro semestre de 2015, comparativamente a igual período de 2014, ao situar-se em torno dos 2.547 milhões de dólares (2.200 milhões de dólares excluindo os grandes projectos), devido, em parte, à redução de 455 milhões de dólares nas entradas de rendimentos externos secundários.
Dados provisórios do Banco Central apontam ainda para um saldo das Reservas Internacionais Líquidas de 2.307,9 milhões no final do mês de Setembro de 2015, equivalente a uma redução na ordem dos 291,9 milhões em relação ao fecho de Junho, e um desgaste de 572,3 milhões comparativamente ao fecho de Junho e 2014.
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