ZECA CALIATE - VOZ DA VERDADE(1):
-Para Machat Limone, aqui estou de volta para responder às suas insinuações, no excerto, em defesa de seus amigos. Todavia, eu, Zeca Caliate ,chingondo, um dos sobreviventes, da Teia do Mal da Frelimo, ao fazê-lo, não quero dizer que esteja arrependido, isso não e jamais irá acontecer! Aqui, as tuas afirmações, dizem que eu fugi e traí!. Pois, tive de fugir, quando um bando de assassinos bem armados queriam - me assassinar, como fizeram ao Filipe Samuel Magaia, ao Casal Ribeiro, ao Lino Ibraim e, outros comandantes dentro da Frelimo. Não tive outra saída, senão a de fugir, para salvar a vida!
- Como eu, houve muitos que não tiveram a mesma sorte de escaparem. Embora a Frelimo esteja a dizer, que ao menos tivesse fugido e ido para outras partes como Egipto ou EUA. Infelizmente eu não possuía asas ou outras máquinas voadoras para alcançar tais terras que se situam longe da minha, onde nasci. Eu estava nas matas de Tete que se localizam a sudoeste, da África Austral, e teria de percorrer milhares de quilómetros, para alcançar o Cairo ou atravessar a nado o Oceano Atlântico, para depois chegar à cidade de Nova Iorque, na América do Norte ou a São Paulo, no Brasil, na América do Sul. Os que foram assassinados pela Frelimo, eram todos como eu e, ninguém tinha esse tipo de aparelho e, se eu o fizesse corria o risco, como o Samora, que teve uma queda, quando viajava no seu Tupolev fabricado na URSS! O Vice-Presidente da Frelimo, Uria Timóteo Simango, que a Frelimo de Samora Machel, tentou assassinar, foi para o Egipto, mas, mesmo assim, não escapou de uma cilada de morte. Foi preso e assassinado depois, em Metelela!
-Aqui, continuas a dizer disparates, dizendo que eu fui me entregar ao inimigo e dei-lhes informações sobre as FPLM. Não corresponde à verdade. Eu, Zeca Caliate não transmiti, quaisquer informações sobre a Frelimo e nem tão pouco trazia documentos contendo qualquer segredo sobre a luta armada na frente de Tete. Não tive tempo para pensar, como o que estão por aí a dizer, pois o que queria, era escapar da morte nas mãos dos meus perseguidores! Por isso, digo que é tudo falso o que pretendem dizer contra mim. Não forneci algo de interesse ao Exército Português, pois ali não havia nada para dar ao inimigo, sobre as bases que existiam na selva de Tete, porque a Tropa Portuguesa sabia melhor do que eu, todas as localizações e não foi preciso a minha colaboração. Por isso, convido a todos ex-camaradas que leiam o meu livro (ODISSEIA DE UM GUERRILHEIRO),desde a página 151 até 161, pois irão perceber que o Zeca Caliate diz a verdade.
- O Machat Limone, contínua dizendo que eu não reconheço, nenhum feito da Frelimo e que só o Zeca, é que era melhor comandante. Quanto a isso, não tenham dúvidas nenhumas, pois, quando o Samora começou a enviar para Tete, seus capangas assassinos, a situação estava sob meu controle. Fui bom comandante e a Frelimo sabe disso, mas humilde e sem orgulho, combati vigorosamente ao lado dos meus combatentes sem nenhum complexo nem arrogância, respeitava a todos aqueles que também me respeitavam, sem que nunca tenha ordenado o fuzilamento de nenhum compatriota da mesma causa de libertação. Nunca invejei meus camaradas de luta.
-Dizes que ninguém nega os seus feitos, mas tudo caiu por água a baixo, quando me entreguei a tropas fascistas colonialistas. Se calhar, o exército da Frelimo, sobretudo, quando assassinaram Filipe Magaia, tornou se mais colonialista, contra o próprio seu povo. Também dizes, que se acho que fiz bem com esse ato, então, porque não regresso ao país e, de forma aberta, abordo este assunto. Está encerrado. Eu, Zeca Caliate, enquanto o seu Partido, continuar assassinar as pessoas, não contem comigo. E devo acrescentar se eu estivesse na companhia de Vice-Presidente da Frelimo, Uria Timóteo Simango o verdadeiro fundador da Frelimo, bem como sua esposa, Dona Celina Simango, quando foram raptados, bem como outros compatriotas Padre Mateus Gwejere, Dr.ª Joana Semião, Basílio Banda, Mzé Lazaro Kavandame, Casal Ribeiro, António Silva, Dr. Cambeue, etc..., hoje não estaria aqui a escrever estas verdades todas, sobre a vida da sua organização Frelimo e, só podiam falar do heroísmo já com o Comandante Zeca Caliate morto, para aldrabarem o povo, quando a realidade era outra. Acho que é cruel, tratar uma pessoa, que deliberadamente foi assassinada e, depois trata-la por herói, depois de ter sido barbaramente assassinado, como é o caso de Filipe Magaia, da sua namorada Josina Muthemba, de Francisco Manhanga etc. Com a agravante, querendo dizer que, eu Zeca, forneci informações ao inimigo, evitei de o fazer, porque tinha sido eu e os outros camaradas, dos quais a Frelimo de Samora os assassinou, pois esses camaradas trabalharam comigo dias e noites, organizando a luta armada em Tete. Não teria nenhum sentido e, sobre este meu sentimento, o Exército Português compreendeu o meu apelo e não queria que fosse eu a destruir o trabalho que tinha sido realizado por mim com muito sacrifício. Por isso, para mim, a resposta é mandar passear os assassinos de nossos compatriotas.
-Diz, por favor, senhor Zeca Português, não crie confusão. Até aqui gostaria de entender, qual essa confusão a que se está a referir? De eu viver exilado aqui na Europa, desde 1974? Vocês é que fazem confusão com os outros Moçambicanos, por pensarem que esse país é uma propriedade da Frelimo. Estão enganados, pois esse país que a regra é, se não acatarem os desmandos dessa organização, acham que é contra Moçambique ou, porque as pessoas estão a favor do Colonialismo Português. Eu não sou Zeca Português, eu sou Zeca Caliate e todos bem sabem o meu nome, que não têm nada a ver com atitudes de cada um, em Moçambique. Eu sei que existem muitos Antónios, Neves, Eduardos, Mários, Joaquins etc. Se falarmos de opções, é de cada um, aí a conversa é diferente: Eu tenho amigos Portugueses, aliás eu tenho amizade com Povo Português, que é uma relação secular ou seja, de 500 anos aproximadamente de existência. Há outros Moçambicanos que preferem relacionar-se com russos, chineses, indianos americanos, é uma opção de cada um: A confusão é da própria Frelimo, pois quando fazia a guerra éramos todos irmãos e, após Independência começou a excluir as pessoas. Hoje, há Moçambicanos dispersos por mundo fora, a fugirem da Frelimo, o que não é aceitável, pois todos pertencemos à mesma terra!
-Dizem que eu sou tribalista sem vergonha e tudo quanto eu digo é tribalismo. Gostaria de lhe responder o seguinte: Na minha óptica, os verdadeiros tribalistas de Moçambique, são do sul do rio Save e, sobretudo os de Gaza, que denominam os povos de centro norte como Chingondos ou chingwelengwe. Eu gostaria de saber aonde foram encontrar tal expressão? O próprio colonialista, durante os 500 anos de colonização, nunca tratou os nortenhos com esse tamanho de desprezo! Para mim todos somos iguais, um sabe pouco mais que o outro, mas sem superioridade do outro Moçambicano. Repare que, eu fiz parte de guarda de segurança, do Dr. Eduardo Mondlane e, nunca sentia a diferença. A única coisa que nos separava, era, ele ser intelectual e mais velho, só isso. Neste momento, encontro-me a cuidar de uma Moçambicana, natural de Gaza. Já fiz saber à Embaixada de Moçambique sobre este assunto, mas ninguém se interessou da pessoa, que se encontra em estado de coma e sem família. Sou eu o tribalista?
-Dizem querer convidar-me a regressar ao País e engajar em debates onde poderei provar a minha inocência, pois até agora, continuam tratar-me do senhor traidor. Olha só, convidam-me a regressar à minha terra, para provar a minha inocência e continuam a tratar-me de um traidor, por alma de quem?Eu não tenho nada a provar, os assassínios da Frelimo mostram isso. Eu não estou arrependido e não tenho pressa em regressar a Moçambique, à minha terra natal, sei que tarde ou cedo, hei-de retornar ao meu País. Eu estou aqui muito bem e quando no País houver um Governo da Unidade Nacional, que possa criar condições para o regresso de todos compatriotas que foram forçados a fugir por causa da guerra e, mesmo depois de ela ter terminado, continuam esses Moçambicanos a viver em condições precárias, em países limítrofes de Moçambique, alguns no Kenya, Uganda até Etiópia, outros na Europa e na América. A Frelimo nunca se pronunciou sobre esses compatriotas, e como, até lá, poderei pensar regressar. Eu sou Moçambicano de alma, carne e osso. Se quiserem que eu regresse, não será conversa de praça, é fácil contactar-me através do meu livro “Odisseia de um Guerrilheiro” distribuído nalgumas livrarias dentro de Moçambique, apesar das intimidações e ameaças, a esses livreiros corajosos.
Zeca Caliate, General Chingòndo um dos sobreviventes da teia do mal Frelimo!
Europa,01 de Maio de 2015
http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2015/05/zeca-caliate-voz-da-verdade1.html
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