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No seu discurso inaugural, o Presidente Nyusi exibiu uma das suas armas de arremesso. Ele disse que era contra o despesismo. Dias depois, quando demo-nos conta de que o seu primeiro Orçamento de Estado seria magrinho por causa da anterior gestão, essa jornada contra o despesismo fazia muito sentido. Mas semanas mais tarde, sua escolta era extremamente espalhafatosa. Hoje dizem-me que a escolta emagreceu. Eu bati palmas. Mas ainda continuo sem saber como eh que ele vai combater o despesismo.
Ele ainda não esboço a nesga de uma política publica contra essa festança permanente custeada por nossos impostos. Cortar nas presidências abertas? Não, porque elas são um instrumento de ligação do Partido Frelimo com as suas bases e elites locais; recusar o orçamento da Assembleia da Republica? Não, porque ele eh um instrumento de redistribuição de mordomias para a clientelas do partido (e as cliques da Renamo e o MDN, fingindo que discordam, aprovam tacitamente).
Então, por onde começar? Aqui eh que anda o busílis do assunto. Ele deve decretar qualquer coisa para reverter a situação. E podia começar por empresas e fundos públicos e outras participadas. Os relatos que me chegam (para não usar o desusado “as minhas fontes”, motivo de chacota para mim daqueles que pensam que isto eh um jornal mainstream quando na verdade eh uma coisa do tipo as “croniquetas do boémio”) indicam que as farras com dinheiros públicos prosseguem em muitas das empresas e fundos sob pretexto de autonomias financeiras e patrimoniais, e nem o IGEPE consegue contrariar tais práticas de gestão. Salários chorudos, regalias incontáveis, casa pagas, carros de luxo, jantaradas e classes executivas, viatura de alienação, etc.
Há dias recebi uma denúncia sobre como o FIPAG esta sendo delapidado e fiquei estarrecido com, a crer nas alegacoes, o que li. Pois, Nyusi, se quisesse dar conteúdo concreto ao seu discurso contra o despesismo, podia começar por uma nova política de moralização da gestão das empresas e fundos públicos, incluindo as participadas. Basta ele se recordar da sua experiencia nos CFM.
Sim porque os CFM eh uma das campeãs no que diz respeito a regalias para seus administradores actuais e antigos. Só para dar um exemplo, quem já passou por la como administrador continua com direito a casa, salario a 100% e uma nova viatura de 5 em 5 anos, entre outras coisas pagas por todos. Como passou por la, o Presidente Nyusi deve estar a acumular tais privilégios, mas numa terra normal isso não aconteceria. Por isso, ele devia começar por ai. Para mostrar que seus discursos são para levar a serio. Trata-se de corrigir erros do passado, coisa que devia ser feita religiosamente, como diz Milton Friedman.
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