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Susana Samhan.
Beirute, 11 abr (EFE).- O jihadista Estado Islâmico (EI) tem inimigos dentro de seu califado, mas não sabe quem são, motivo pelo qual começou a construir um fosso gigante para se proteger do grupo que o atacou nos últimos meses no nordeste da Síria.
A fundação tem 70 quilômetros e se estende pelo leste da província síria de Deir ez Zor ao longo da margem sul do rio Eufrates, desde a cidade de Al Bukamal, na fronteira com o Iraque, até o deserto de Al Mayadin.
O diretor e fundador do grupo de ativistas Deir ez Zor sob Fogo, Wael al Omar, explicou à Agência Efe que, embora se trate de uma única fossa, ela é cortada em alguns pontos.
Por estar em uma área desértica, a enorme fundação, sobre a qual o EI não se pronunciou, apenas dificulta a circulação de veículos e pessoas, já que por ali não passa nenhuma estrada principal.
Mesmo assim, o porta-voz da rede Deir ez Zor 24, Rami al Hakim, assinalou que a cada 15 quilômetros há um cruzamento para possibilitar a passagem de um lado a outro, e que alguns dos trechos estão controlados por milicianos jihadistas.
"O objetivo do EI é acabar com os ataques constantes contra seus membros e evitá-los no futuro", comentou Hakim, que calcula que em algumas partes o fosso pode ter cinco metros de profundidade.
Os ativistas destacaram que a escavação da fundação, na qual os jihadistas estão utilizando maquinário pesado, ainda continua, e sua extensão pode aumentar ainda mais.
Desde o começo deste ano os militantes da organização extremista foram alvo de vários ataques de grupos desconhecidos no leste de Deir ez Zor, sobretudo nas cidades de Al Mayadin e Al Bukamal.
Em apenas uma semana em janeiro, dez integrantes do grupo radical foram assassinados nessa região e inclusive alguns soldados de seu corpo parapolicial, batizado de "hisba", foram sequestrados.
Não se sabe com toda certeza a identidade dos autores dos ataques contra o EI, já que não existem vídeos nem fotografias deles, ao contrário de outras facções na Síria que costumam publicar na internet seus ataques, tanto contra o regime, como contra o EI ou outros grupos.
Omar acredita que poderiam ser milícias do regime de Bashar al Assad, já Hakim não descarta que sejam ex-combatentes do Exército Livre Sírio (ELS), embora reconheça que ninguém sabe realmente quem são, porque "seu trabalho se caracteriza pelo sigilo".
Nesse sentido, Omar lembrou que recentemente um grupo autodenominado Exército dos Negros do Leste anunciou que atacaria o EI no deserto de Palmira, na província de Homs; mas "essa batalha não acontecerá em breve e está longe de Deir ez Zor".
Além disso, Hakim destacou que em Al Bukamal existe uma organização, chamada Al Kafan al Abiad, que cometeu agressões contra os jihadistas.
O EI proclamou em 29 de junho do ano passado um califado nas áreas que dominou em parte do Iraque e da Síria.
No mês seguinte, o grupo terrorista conseguiu assumir o controle de quase toda a província de Deir ez Zor, após o recuo das brigadas rebeldes que se opunham a ele, entre elas a Frente al Nusra - filial síria da Al Qaeda -, e a rendição de alguns de seus milicianos, que juraram lealdade à organização de Abu Bakr al Baghdadi.
Só ficaram de fora das mãos do EI alguns bairros da capital homônima da província e o aeroporto militar, que está sob controle das forças do regime de Bashar al Assad.
Os radicais enfrentam na Síria inimigos "conhecidos": as autoridades, as milícias curdas, outras facções insurgentes e a coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, e agora este novo adversário secreto com o qual ainda não estão sabendo lidar. EFE
ssa/cd/rsd
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