Maputo (Canalmoz) – Está instalada uma polémica no seio dos trabalhadores do Banco Comercial e de Investimentos (BCI). Há uma suspeita de fraude eleitoral nas eleições para a escolha do novo Comité Sindical, órgão que representa os trabalhadores junto dos gestores. As eleições estão marcadas para amanhã, sábado, 28 de Fevereiro e envolvem mais de 900 membros do Comité Sindical.
Um grupo de trabalhadores procurou o “Canalmoz” para denunciar aquilo a que chama “megafraude”, que alegadamente está a ser arquitectada pelo elenco que cessou funções. Segundo contaram ao “Canalmoz”, a candidata da lista apoiada pelo elenco cessante, de nome Cristiana da Silva, faz parte da Comissão Eleitoral que está a organizar o processo. É acusada de ser árbitro e jogadora ao mesmo tempo. Cristina Silva, que fazia parte do secretariado cessante, é apoiada pelo dirigente do Comité cessante, de nome Casimiro Chicuava. Juntos estão a organizar as eleições em que Cristina Silva é candidata.
As suas acções na Comissão Eleitoral são descritas como tendo em vista a prejudicar a outra lista concorrente, que, segundo nos disseram, é liderada por Alexandre Fernando.
Por exemplo, as eleições estão previstas para sábado, mas, até à noite de ontem, quinta-feira, nenhuma informação havia sido transmitida aos trabalhadores. Não são conhecidos os nomes de todos os candidatos, porque as listas ainda não foram publicadas. Segundo o regulamento interno do BCI, o calendário das eleições e a lista dos delegados deveriam ter sido anunciadom no dia 25 de Janeiro, mas até aqui nada se sabe. Ninguém sabe como irão decorrer as eleições. Segundo denunciaram os trabalhadores, tudo isto visa pegar todos de surpresa com arranjos de última hora para favorecer a lista da apoiada pelo elenco cessante, com uma possível candidata a organizar e a arbitrar a sua própria eleição. O elenco cessante também é acusado de não ter feito nada pelos trabalhadores. Pergunta-se, por exemplo, o que foi feito com as quotas de 1% dos salários dos trabalhadores, para além de ser um comité desligado dos trabalhadores, mas que, a todo o custo, “pretende renovar o mandato por vias fraudulentas”.
O “Canalmoz” falou com Casimiro Chicuava, secretário-geral cessante, mas este negou dar qualquer explicação, alegando que é um assunto do fórum interno, e que não eram legítimas as preocupações levantadas pelos trabalhadores. “São assuntos meramente do fórum muito interno. Não é legítimo a preocupação da pessoa, porque isso reduz todo um esforço dele na qualidade de candidato”. Questionámos a que candidato se referia, mas Chicuava voltou a afirmar: “Assuntos internos são resolvidos internamente. Nós já os sentámos com ele e explicámos e não vemos a razão de ele se queixar na imprensa”, disse Casimiro Chicuava, que pediu para que não insistíssemos em perguntar mais nada, porque, disse ele, tinha muita coisa a fazer.
O “Canalmoz” ouviu também Cristina Silva, a acusada de pretender ser árbitro e jogador em simultâneo. Cristina Silva negou que faz parte da comissão eleitoral, mas foi lacónica quando questionada se era ou não candidata. “Eu não sou candidata. Não sei, amanhã”. Questionou porque é que não estávamos preocupados com as eleições dos outros bancos. Chegou até a ameaçar o jornal, se publicasse a matéria: “Se experimentar colocar o meu nome no jornal por coisas descabidas terá que arcar com as consequências”.
Tentámos ouvir Alexandre Fernando, um dos candidatos, sobre a organização do processo eleitoral. Quando telefonámos para ele, identificámo-nos e apresentámos a questão. Logo de seguida a chamada caiu. Quando insistimos, o seu número já não estava operacional. Pelo interesse e pela indignação que este assunto está a causar nos trabalhadores, o “Canalmoz” promete acompanhar o assunto de perto. (Redacção)
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