Ex-secretário-geral escreve carta ao presidente do conselho nacional a pedir um congresso extraordinário PARA discutir a política de alianças para as legislativas e o papel do Presidente da República.
Martim Borges de Freitas, conselheiro nacional do CDS, faz uma avaliação “muito crítica da acção governativa” e não poupa o partido a que pertence até porque “quando foi chamado a reformar o Estado não estava lá”.
Com o pretexto de que vai iniciar-se um novo ciclo político, Martim Borges de Freitas entende que o partido deve fazer um balanço sobre o ciclo que está quase a terminar e lança o desafio numa carta, que escreveu esta sexta-feira, ao presidente do conselho nacional (CN), Telmo Correia. Cavaco Silva não deve ficar de fora desse balanço. “Considero útil, muito útil, que o partido discuta o papel do Presidente da República em todo o processo desde 2009”, diz.
O dirigente nacional apela a Telmo Correia PARA que “inclua na ordem de trabalhos da próxima reunião do CN um ponto que permita ser apresentada discutida e votada a possibilidade de ser convocado um congresso extraordinário de molde a poder fazer-se esse balanço e decidir, aí, a política de alianças para as próximas eleições legislativas”.
Afirmando que partilha das “muitas críticas dos militantes à participação o CDS-PP neste Governo”, o ex-secretário-geral afirma que “nunca o CDS pareceu estar, como devia, confortável nesta coligação” e revela que os ministros democratas-cristãos foram “obrigados a meter as suas ideias na gaveta, depois de terem perdido parte das suas competências ou de terem de nomear boys PARA cargos da administração pública quando haviam jurado que jamais o fariam”. “Deve ser, na verdade, muito desconfortável! Mesmo para o presidente do partido que, apesar de tudo, logrou ver reconhecido o seu lugar na sequência do seu próprio pedido de demissão”, enfatiza.
A sua grande preocupação é que o partido discuta “abertamente a coligação e se ela deve ou não continuar, para se arrumar de vez com a ideia de que o PS é alternativa ao que quer que seja”.
Há uma parte da carta em que as críticas são distribuídas por Belém e pelos dois partidos do Governo. “Penso que o país perdeu muito quando o Presidente da República, instado a fazê-lo, não tivesse querido mobilizar todas as energias possíveis para que, entre a queda do anterior Governo e as eleições legislativas de 2011, pudéssemos conhecer a verdadeira situação financeira do país antes de irmos a votos”. Para o dirigente centrista, “Ter-se-ia, assim, evitado que os partidos vencedores, uma vez no Governo, tivessem de voltar a dar o dito por não dito, de faltar à palavra dada!”, declara.
“O país perdeu muito quando, instados igualmente a fazê-lo, o CDS-PP e o PSD não quiseram construir uma plataforma pré-eleitoral, assente num programa de Governo comum, capaz de mobilizar os portugueses e ultrapassar a situação de emergência em que Portugal viveu – e vive – que, do meu ponto de vista, levou o Governo a tomar opções erradas com o nosso partido não direi irreconhecível, mas ausente”, critica ao mesmo tempo que apela aos valores do partido.
“O CDS é o herdeiro do humanismo personalista (…) que colocava a pessoa no centro da sua acção política e olhava para o estado como pessoa de bem”, o conselheiro nacional usa da ironia para dizer que quando o ”CDS foi chamado a reformar o Estado, certamente por força de alguma razão que desconheço, não estava lá!”
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