Foto: AP/Ahmed al-Husseini
Uma coalizão internacional na luta contra o Estado Islâmico (EI), que vai se formando sob o patrocínio dos EUA, não estará em condições de desmantelar essa organização terrorista. O anúncio foi feito pela chanceler da Austrália, Julie Bishop, em declarações prestadas ao jornal Sidney Morning Gerald. A alta diplomata disse que “a tarefa primordial da coligação será impedir a expansão do EI para fora da Síria e do Iraque”.
Enquanto isso, na cúpula da OTAN que se realizou no fim da semana passada no País de Gales, John Kerry, declarou que Washington “está criando uma coalizão composta de 10 países aliados com o objetivo de fazer frente ao EI”.
A maioria de peritos está unânime no parecer que as metas da coalizão divulgadas e as tarefas reais quase não se coincidem. O politólogo iraquiano, Ahmed ash-Sharifi, disse à Voz da Rússia literalmente o seguinte:
“Será uma guerra pelo controle das fontes de recursos energéticos e pelas vias de sua transportação. Antes de mais nada, isso diz respeito ao gás natural. Como é sabido, tal foi a maior causa do conflito na Síria e do surgimento do EI. A formação de uma coligação com os EUA à frente indica que, nesse processo, se cruzam os interesses de vários países. A atividade da nova coalizão deverá servir de garantia da sua observância. Naturalmente, não vale a pena menosprezar os aspectos políticos. Controlando a economia, os mercados e petróleo e gás, os EUA e seus aliados poderão impor seu rumo político à direção de um e de outro país”.
Qual será o limite das competências da nova coalizão? O orientalista russo, Viacheslav Matuzov, sustenta que tudo isso abre possibilidade de uma nova ocupação do Iraque:
“A ocupação se expandirá, provavelmente, para o território da Síria, visto que no nordeste do país vão atuando grupos do Estado Islâmico. Duvido que os EUA venham pedir a autorização de Damasco para realizar uma operação militar. Os altos responsáveis norte-americanos se declaram dispostos a prestar a assistência à oposição síria e, nomeadamente, ao Exército Livre da Síria. Por outro lado, é do conhecimento geral que essa entidade se tornou uma “capa” para a atividade de terroristas. Deste modo, a assistência que alegadamente se destina para a oposição fica parando nas mãos do EI. Ou seja, os EUA estão realizando um jogo paralelo ou duplo com um objetivo final de vir ocupando o Iraque e a Síria sob um nobre pretexto de combate ao terrorismo”.
Para o perito “está claro que Washington poderia provar a sua intenção sincera de lutar contra o EI, iniciando o fornecimento de armas para os governos da Síria e do Iraque”. Mas, no caso de Damasco, os EUA têm insistido no derrubamento do regime de Bashar Assad. No que se refere a Bagdá, os norte-americanos têm colocado entraves para o fornecimento de armas que possam ser usadas no combate ao EI.
Ora, como se pode depreender, um aniquilamento completo desse último será impossível. Porque a coalizão formada pelo EUA não o pretende fazer.