Um atentado a bomba contra a comunidade xiita do Paquistão deixou mais de 60 mortos e 180 feridos este sábado, na instável província do Baluchistão, onde o fundamentalismo religioso avança de forma acelerada, bem como a violência contra esta minoria muçulmana.
Este foi um dos atentados mais sangrentos já ocorridos no Paquistão contra os xiitas, que representam 20% da população do país, de 180 milhões de habitantes e maioria sunita.
Uma bomba escondida em um caminhão-tanque e acionada à distância explodiu no fim do dia na cidade de Hazara, perto de Quetta, capital da província do Baluchistão, localizada na fronteira com o Irã e Afeganistão e cenário de atos de violência sectária e numerosos atentados contra as forças de segurança.
"Mais de 60 pessoas morreram e 180 ficaram feridas. A grande maioria das vítimas é xiita", informou o chefe da polícia de Quetta, Zubair Mehmood, revisando para cima o balanço anterior, de 52 mortos.
O caminhão repleto de explosivos estava estacionado perto de um prédio de dois andares, que acabou desabando. "Tememos que muitas pessoas ainda estejam presas sob os escombros", disse Mehmood.
Após o atentado, uma multidão enfurecida lançou pedras contra a polícia, acusada de não proteger os xiitas, de acordo com testemunhas.
Os episódios de violência contra a minoria xiita, julgada herege por alguns grupos sunitas extremistas, multiplicaram-se nos últimos anos no Paquistão, principalmente no Baluchistão.
A autoria do atentado foi reivindicada pelo Lashkar-e-Jhangvi, grupo armado sunita fundado nos anos 1990 e proibido oficialmente no Paquistão, o que não o impede de cometer crimes violentos.
Este movimento armado reivindicou ainda, no mês passado, a autoria do ataque mais sangrento contra a comunidade xiita no Paquistão: um duplo atentado suicida em frente ao clube de bilhar de Quetta, que resultou na morte de 80 xiitas.
De acordo com a organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW), mais de 400 xiitas foram mortos no Paquistão em 2012, ano mais sangrento para esta comunidade na história do país.
O Paquistão também é cenário de uma guerra de influência entre a Arábia Saudita, suspeita de financiar os movimentos wahabitas (facção ultraortodoxa do islã sunita), e o Irã, maior potência xiita, segundo analistas.
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