sexta-feira, 7 de outubro de 2016

A Ematum e os ignorantes cá do “burgo”


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EDITORIAL
Ematum_barcos-ancoradosA Assembleia da República aprovou, recentemente, através da lei 34/ 2014, de 31 de Dezembro, a lei do direito à informação e uns meses depois o Conselho de Ministros regulamentou esta mesma lei, no sentido de assegurar condições para uma implementação efectiva. De forma resumida, a lei do direito à informação visa assegurar que o país caminhe na direcção global, rumo a uma sociedade de informação.
Uma sociedade que prima por assegurar que a informação de utilidade pública flua e circule livremente, assegurando, deste modo, maior transparência na gestão da coisa pública e, não só. Entretanto, existe aqui no burgo, um tipo de gente que, ao que tudo indica, caminha ainda no secretismo e comportamento da idade da pedra. Esta gente teima terminantemente em caminhar rumo ao pensamento do que é consensual numa sociedade com um nível de instrução e educação, no mínimo, mediano.
Os exemplos desta realidade ainda andam aos montes neste país e, muitas vezes, a informação não é sonegada por funcionários simples, mas sim por gestores, em algum momento, de topo.
E essa atitude esconde, muitas vezes, situações de incompetência do ponto de vista de falta de capacidade para produzir resultados que possam ser partilhados com o público.
Mas, por outro lado, o comportamento e atitude destes gestores pode ser reflexo de ignorância no sentido de que não conhecem a essência do direito da lei de informação e da sua importância, na criação de um ambiente de confiança e maior transparência na gestão diária das instituições.
Tudo isto vem a propósito do comportamento demonstrado esta quarta-feira, por um tal de director dos recursos humanos da Ematum, a tal ilegal e insustentável empresa que endividou o país em cerca de 850 milhões de dólares americanos. Muito provavelmente o estado moribundo e insustentável da Ematum não é reflexo simplesmente da falta de um estudo de viabilidade sério, mas também das pessoas que lá foram colocadas por todas as razões, menos de competência profissional.
É que não se entende por que razão um gestor de uma empresa que está a gerir um “investimento” de 850 milhões de dólares se comporte como o senhor Flávio Quibe, pelo que consta, director de recursos humanos da Ematum.
O que acontece é que o mediaFAX conversou longamente com um grupo de trabalhadores da empresa (Ematum) que decidiu, pelo menos ontem, paralisar as actividades, reivindicando o pagamento de três meses de salário atrasado. Os jornalistas do mediaFAX tentaram chegar à fala com o suposto director para ter a versão da direcção em relação às razões de três meses de salário atrasado. Pelo mediaFAX tudo foi feito como mandam as regras jornalísticas, mas o suposto director provou ser um homem de uma mente e pensamento, cuja competência e capacidade de lidar com gestão, se podem questionar bastante. Tudo quanto era perguntado, sobre as razões da greve e o posicionamento da empresa face à situação, o bom do director simplesmente respondia: “primeiro me diga quem te facultou o meu número de telefone; não vou falar nada; eu não te vou dar nenhuma informação; fale com ela mesma para te dar a informação que pretendes” - entre outro palavreado, assim se pronunciou Flávio Quibe. Ora, com este tipo de gestores, adicionando as metamorfoses das máfias que acompanharam a cesariana do parto Ematum, pode ficar claro que os 850 milhões de dólares “investidos” na empresa jamais serão recuperados para o benefício dos 25 milhões de moçambicanos.
MEDIAFAX – 07.10.2016

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