Benedito Mamidji
10 de novembro às 23:50 ·
Diante da ebulição pós-eleitoral porque está a passar o nosso país, eu havia desistido de partilhar estas incoerentes reflexões em torno da minha aventura pelo Brasil. Mas o aniversário de Maputo, a minha cidade natal, deu-me a pretensiosa presunção. 10 de Novembro é também o nome da minha antiga escola primária, lá para N’waxitsene, para onde eu caminhava a partir de Xiquelene. Os Mylove, que ainda tinham o nome de Xapacem, eram na altura o único transporte. Mesmo assim, apenas a nossa incipiente elite é que tinha posses para tal. Nós íamos a pé. Com bom passo, lá chegávamos em uma ou uma hora e meia. Lembrei-me disto ao pensar na quantidade de Uber – esse táxi personalizado que é mais um sinal da fragilidade do trabalho que de avanço tecnológico – que peguei para navegar os vários pontos de Rio de Janeiro e de São Paulo. É do Rio que quero falar nesta celebração dos 122 anos da cidade de Maputo.
Estar no Rio é perceber que viajar é qualquer coisa como sonhar. Mas sonhar por via do corpo físico enquanto o consciente e o subconsciente permanecem no mesmo lugar. A cada rua por onde ando, a cada ponte que atravesso, a cada arquitetura e obras de arte que aprecio, em cada jardim onde entro e o relvado que piso, a cada lufada de ar que me penetra com toda a mistura de sal do mar e cheiro de gente e comida e esgoto e tudo o que faz a vida maravilhosamente bela e assustadoramente deprimente nesta cidade que fica a dois oceanos da minha terra, tudo isso é filtrado para o consciente e subconsciente ancorados na baía de Maputo. Mas não é uma filtração condicionada apenas pela comparação. As semelhanças entre Rio de Janeiro e Maputo, bem vistas as coisas, são grandes e pequenas ao mesmo tempo. Podia dizer que é uma questão de escala. Já aludi, por exemplo, à arquitectura - pouco ousada e mais utilitária, talvés a denunciar um crescimento urbano que se deu mais recentemente após a primeira guerra mundial ou mesmo depois da segunda.
Deixemos as comparações. A filtração de que falo é condicionada pela nostalgia de um passado que não foi e uma saudade de um futuro que não será. Explico-me. Estar no Rio de Janeiro é perceber o que uma cidade como Lourenço Marques poderia ter sido e o que Maputo poderia, ainda pode, mas não será. Não é uma questão de desenvolvimento. Estamos a milhas de distância em relação ao Brasil por obvias circunstâncias históricas. É uma questão de sentido de urbanismo, planificação, e bom gosto. A nossa capital está localizada num lugar de fazer inveja a qualquer país do mundo. Mas faltou e continua a faltar imaginação. O seu explosivo e descomandado crescimento faz crer que continuará por muito tempo com os problemas que tem. Ao pensar em Maputo e Rio de Janeiro, o meu amigo José Jaime Macuane (que passou muito mais tempo no Rio enquanto estudante nos anos 90), usou de uma metáfora que me ficou na mente. Disse me que as duas cidades são como fragmentos de um mesmo lugar. Subscrevo. A diferença é que o Rio é o maior e mais bem conseguido dos fragmentos.
Em todos os sítios que visitei nesta bela cidade sempre me ocorreu um lugar potencialmente parecido em Maputo. Repito: potencialmente. Encontro-me a pensar o que seria de tal lugar em Maputo se os portugueses tivessem tido mais imaginação e se os que os substituíram no poder tivessem algum sentido de planificação urbana. Ao passar da Lagoa Rodrigo de Freitas entre o Corcovado e o Ipanema, fiquei a pensar o que seria hoje Chamanculo – esse bairro lendário que devia chamar-se nlhambakulu (lugar onde só se banham os grandes) em alusão à lagoa que ali havia ainda na altura em que Lourenço Marques foi elevada à categoria de cidade. O que hoje chamamos de Malhangalene e parte de Maxaquene chamava-se Lagoas até 1975. Os vestígios destas extintas obras da natureza vêm-se no chão sempre molhado e húmido daquela zona, com pequenos aguarejos a escorrer para a drenagem. Boa parte dos bairros da Mafalala, Maxaquene, as zonas de Xilepfane e Chinhembanine foram construídos por sobre antigas lagoas, iguais às que ainda se vêm por toda a zona costeira de Zitundo a Vilanculos. Os seus marcos se reconhecem nos traçados que nos legou Alexandre Lobato, esse elegante historiador laurentino de todos os tempos. O que seria hoje destes lugares mais dados a parques públicos que à construção de residências?
Ao caminhar pelo jardim no Aterro de Flamingo, dei-me a pensar o que seria se ao invés dos condomínios que surgem como cogumelos na zona do Minguene, do Golofo (campo do Golf), de Matchiquetchique, e de todo o mangal por detrás da praia da Costa do Sol, tivéssemos ali um parque onde se refugiar da velocidade da vida urbana e seus estresses? Ao contar o número de parques, jardins e praças públicas que atravessei em menos de meia hora do Flamingo a Ipanema, notei que Maputo tem apenas um pequeno jardim chamado Tunduro! Para uma zona metropolitana com cerca de 3 milhões de habitantes (incluindo Matola, claro), não é um crime urbano que exista apenas um minúsculo jardim?
Em Maputo, há um rio que corre desde Marracuene até Matola, passa por Intaka e esverdeia todo o vale do Infulene. O que seria desde rio e seu vale se, ao invés de casas e lixeiras e machambas irrigadas com águas negras com cheiro a enxofre (quem usa a via da Machava sabe do que falo), houvesse ali um parque com trilhas para caminhar e pequenas pistas para ciclistas e bancos para os nossos idosos irem pescar ao fim de semana? O mesmo diria do rio Matola, e da ainda existente lagoa por detrás da lixeira que cresce a cada dia em Malhampswene. Andei por ali há bem pouco tempo e surpreendi-me ao ver ali, por detrás do fumo da lixeira e da imparável e desordenada expansão suburbana, um pequeno pedaço de paraíso a clamar por socorro. Havia uma grande revoada de garças brancas por sobre os ramais de caniço e uma serenidade que só a passagem de comboio perturba. Mas as águas são negras e o cheiro é tóxico. Uma estrada improvisada para ligar Malhampswene e Zilinga foi ali feita, cortando o rio Matola e acumulando resíduos sólidos do lado da lagoa. E as casas vão se aproximando, insensíveis ao grito de socorro deste lugar e da pequena biodiversidade que dela depende. Que belo parque daria este lugar! E uma mais eficaz forma de contrapor os efeitos das perigosas mas já esquecidas emissões da Mozal, a empresa de alumínio ali ao lado.
Dei boleia uma vez à minha vizinha, que por acaso é membro da assembleia municipal da Matola por um dos partidos da oposição. Passamos da lixeira de Malhampswene e perguntei-lhe o que pensava daquele sítio. Apontei-lhe para a lagoa que se vê da ponte. Falei-lhe da possibilidade de um parque ali. Ela olhou-me como se eu estivesse a falar chinês. Tentou mudar de assunto. Antes de políticos e servidores públicos, os nosso políticos são mães e pais de família mais preocupados com as mais imediatas questões do umbigo. Não se lhes pode lançar culpas. Tentei explicar lhe que um parque não é um estacionamento para carros ou apenas para circo. Os parques não são apenas artifícios para embelezar o espaço urbano. Nem uma desculpa para evitar ocupações habitacionais. Eles são o pulmão das cidades. Purificam o ar abafado dos aglomerados residenciais. Mantêm e sustentam a pequena biodiversidade de que dependem as cidades: os pássaros, as garças, e toda uma série de aves e insectos e lagartos e répteis e roedores que fazem o trabalho de limpeza que nos passa despercebido mas que é fundamental para a nossa saúde pública. Pudera se os nossos políticos e servidores públicos, que também viajam, pudessem sonhar quando passam por Rio, ou Dubai, ou seja lá onde gastam o erário público!
Uma cidade de intimidades
O Rio de Janeiro é uma cidade florestal. Sim, ela foi esculpida do pedaço de terra entre o mar e as rochas florestais e é dessa simbiose que vem o seu charme sedutor. Diferente de muitas cidades que têm apenas um polo de atração - geralmente a zona centro ou, entre nós, a baixa e seus arredores - o Rio tem vários. Mas o eterno casamento entre o mar, as rochas, e a floresta tropical costeira está sempre lá. Nesta era de mudanças climáticas e desflorestamento em nome do desenvolvimento, o Rio é um exemplo a seguir.
Onde ela pontua menos é na quantidade de gente pobre e destituída, gente na sua maioria de cor e que tem as pontes e passeios como domicílio. A sua única sorte é esta ser uma cidade tropical. Já andei por muitas cidades pelo mundo fora, mas nunca tinha visto tanta gente sem tecto, de barrigas nuas e cavadas de fome. Muitos dirão que é o problema da desigualdade que o capitalismo gera. Para mim o problema não é a desigualdade nem mesmo o capitalismo (muito antes do capitalismo já havia desigualdade. Aliás, é da desigualdade social que nasceram as grandes civilizações humanas). Para mim é mesmo falta de generosidade que as sociedades têm para com os menos afortunados. Nisto sou mais adepto de Durkheim, para quem a saída para os egoísmos do capitalismo e das patologias sociais dela decorrentes passa pelo resgate à solidariedade humana. Não acredito em revoluções. Sendo estudante delas, sei que muitas, senão a maioria, prometem mais do que oferecem e o preço que as sociedades pagam por elas é sempre muito mais alto que o que recebem em troca.
Mas perco me no foco. Há de ser o efeito do Rio. É uma cidade multiforme, às vezes informe, de prolongamentos e descontinuidades abruptas, sempre curvada às caprichosas vontades das imponentes rochas. Falava dos pobres, dos destituídos da terra, dos sem tecto. Concentram-se sobretudo na zona centro. Vi poucos no Ipanema. Aqui, zona de classe média alta e de elite, tais aparições incómodas parecem ser devidamente policiadas. Mas deve ser uma trabalheira – já estou a pegar os belos maneirismos linguísticos desta terra – policiar a fronteira entre a riqueza, às vezes opulenta, e a pobreza num espaço que é pela sua geografia muito íntima e construída pela intimidade entre a riqueza e a pobreza. A metáfora Freyriana da casa grande e senzala encontra uma grande expressão nesta cidade. Foi o suor dos escravos que terraplanou a cidade e abriu as suas avenidas e caminhos de ferro e portos. Os seus descendentes continuaram a ter esta como sua cidade também, sobretudo depois da lei áurea pela majestosa mão da adorável D. Isabel, a primogénita filha de Pedro de Alcântara Francisco António João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon (bem, de Dom Pedro II). Aos ex-escravos se juntaram os vários migrantes dos extensos sertões e vilarejos do interior a busca de melhores horizontes. Mas a cidade, construída à mão de ferro da dicotomia racial, soube colocar “cada macaco no seu galho”, como diria o meu amigo Lucio Posse.
Os chamados morros ou favelas são fruto desse engenho social, que filtra primeiro pela cor da pele e depois pelo tamanho do bolso. Aqui vivem os descendentes dos que construíram a cidade com suas mãos, às ordens dos maçônicos engenheiros cujos nomes adornam as avenidas da cidade. É também nos morros que moram os que fazem a cidade mover: certamente é daqui que sai o exército de empregadas e empregados domésticos, de porteiros e seguranças, de faxineiros e limpadores de ruas, de vendedores das deliciosas iguarias e bugigangas da rua, em fim, da massa trabalhadora sem a qual o conforto da elite não existiria. Mas os morros, diferentemente dos subúrbios de Maputo ou dos bairros de lata das grandes cidades africanas, não estão muito distantes dos bairros de elite. Quando ia pegar o Uber no Ipanema de volta a Flamingo, vi um grande aparato policial perto de um beco muito parecido às ruelas da Baixa de Maputo na zona da ex- e sempre actual Rua Araújo (ou, como queiram, Bagamoyo). Cheguei a pensar que se tratava de uma zona de prostituição bem no coração da zona nobre da cidade. Mas o simpático motorista disse me que ali é a entrada do Morro Cantagalo. Olhei para o meu mapa de turista e dei-me conta que há três morros entre Ipanema e Copacabana. Existe melhor forma de resistência que esta audácia dos miseráveis da terra afirmarem que também pertencem a este lugar? Por mais que o aparato policial seja forte – e as vezes resulte em violência – a intimidade entre rico e pobre é tal que a força policial parece um mero detalhe. Viva o morro Cantagalo!
Não quero parecer um celebrador das favelas. Longe de mim (outro brasileirismo). Nasci e cresci num bairro com muito mais dificuldades que os morros das cidades brasileiras. Do ponto de vista infraestrutural, claro. Gostaria de ter visitado uma favela. Gostaria muito. Para sentir o pulsar da vida daqueles cuja experiência não é muito diferente da que eu vivi no Xiquelene. Mas recuso-me a entrar lá como turista. Infelizmente, não consegui passar despercebido. Sou gringo. Por duas vezes fui assim chamado. Primeiro na lanchonete do Cristo Redentor e depois no Ipanema por uma senhora evangélica que distribuía panfletos a convidar-me para “encontrar um propósito para a minha vida” (não sei como ela acertou nisto!). “Tu é gringo nem? Vê-se que tu é gringo, tem cara de gringo”, disse-me ela sorrindo. Não me chateei. Já havia tirado satisfação com o vendedor na lanchonete, e ele havia reagido meio desconcertado: “é que tu parece gringo cara, desculpa aí!” Mas perguntei à senhora evangélica para me explicar o que quer dizer gringo. Ela não soube explicar. Estava mais interessada em ajudar-me a encontrar um propósito na vida. Fiquei de pensar no assunto. Gringo deve significar estrangeiro, ou mesmo turista. Só pode ser. Sempre pensei que gringo fosse branco! Um negro gringo!?
Enfim, já que sou gringo, ir à favela como tal parece-me insultuoso. Não gosto deste tipo de turismo baseado na exposição e exibição da pobreza. Eu jamais permitiria que algum turista, mesmo um gringo negro, viesse à minha casa no Xiqueleni para satisfazer a sua curiosidade turística. Sentir-me ia humilhado. Acho este tipo de turismo um desrespeito à condição humana e uma comoditização da pobreza. Um grupo de empreendedores da Mafalala em Maputo tem um turismo igual, inspirado no exemplo de Soweto em Joanesburgo. Certamente que os promotores deste turismo se orgulham do seu trabalho. E verdade seja dita, eles trabalham duro. Apenas não subscrevo com a filosofia que orienta o seu empreendedorismo.
Corcovado e o Cristo Redentor
É inevitável a sensação de deslumbramento no Cristo Redentor. A quantidade de pessoas que lá vai faz da visita ao lugar uma verdadeira peregrinação. O mais surpreendente é que a maioria dos visitantes são brasileiros. O turismo é muito mais relevante e também sustentável quando consegue atrair gente de casa. Apesar de não haver garantia de uma vista geral da cidade, pois o monte é tão alto que a plataforma fica acima das nuvens montanhosas, a peregrinação vale a pena. Para mim bate de longe a torre Eiffel em Paris e o Empire State Building em Nova Iorque. O que mais fascina não é o monumento em si, mas o que ela trás para o cume do monte e a impressão de que aqueles braços estendidos são direcionados para ti. O mais belo mesmo são as pessoas. Os sorrisos. Os gingares e as poses para uma foto. Muitos querem que os outros saiam da frente para estarem sós com o Cristo na foto; ou que as nuvens se afastem e assim revelem o Santo apenas para si. Eu acho a vista do Santo encoberta em nuvens a mais bonita. Tocar as nuvens e sentir o seu cheiro pesado de vapor é demais. Lembrei-me da minha mãe. Disse-me quando viajamos de avião juntos pela primeira vez que ela rezou por toda viagem pois nunca se sentira tão perto de Deus. A crença dela não tem igual. Quisera ter um pouquinho dela e teria uma boa resposta para a senhora evangélica que me convidou a encontrar um propósito na vida. Mas senti algo especial ao olhar para aquela figura magistralmente esculpida à imagem de um típico Europeu caucasiano. Seja como ele se tenha parecido em vida, o poder da sua imagem é inescapável. Acho que a minha mãe haveria de gostar de saber disto.
Não falarei da praia do Ipanema. Direi apenas que senti ali, como havia suspeitado, a velha chama. Agora sei o que ia na alma (e corpo) de Jobim quando ele escreveu as célebres líricas. É isso aí. Preferi, depois da chama, refugiar-me na Livraria da Travessa. Pode dizer-se que a riqueza de uma sociedade se mede também pela quantidade de autores estrangeiros traduzidos para a sua língua. Nisto o Brasil sobressai. Os meus amigos brasileiros em Princeton reclamam que se lê pouco. Não é verdade. Mas uma coisa o Brasil partilha com Moçambique neste domínio. O preço dos livros é proibitivo. Qualquer país em subdesenvolvimento que aspire em alcançar os que já estão do outro lado deve ter uma política de subsídio ao livro. Por mais que reclamemos que a qualidade do nosso ensino é péssima e façamos quantas reformas ao currículo escolar, enquanto o livro continuar inacessível nada irá mudar. O dinheiro das dívidas ocultas, se recuperado dos bolsos de Chang e seus comparsas, podia muito bem ir para o subsídio do livro e para um programa de tradução dos clássicos da literatura e da academia internacional. Não é apenas à populaça que tal coisa beneficiaria. Um livro mais acessível dar-nos-ia melhores dirigentes políticos. Quem sabe se Chang e seus comparsas tivessem lido em tradução o The Beautiful Ones Are Not Yet Born de Ayi Kwei Armah ou mesmo o Anthils of the Savanah de Chinua Achebe eles não teriam agido diferente? A celebração do aniversário da cidade de Maputo – ou de qualquer cidade em Moçambique – devia ser feita também através de feiras de livros onde o preço seja igual à do Mylove. Parabéns Maputo pelos 122 anos. Dos que foram perdidos. E dos que ainda estão por nascer.
40Edgar Barroso, Alfredo Macuacua e 38 outras pessoas
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Comentários
Catarina Costa Parece- me que a "desigualdade" e "falta de generosidade" são uma e a mesma coisa, uma vez que uma resulta na outra... E as revoluções... o tanto que haveria para dizer sobre as revoluções... também elas são motores sociais, aliás são o motor social por excelência (por muito que as revoluções políticas/militares tragam sempre agregado um preço muito alto, mas esse é o preço do devir social (por muito que não se queira, paga- se sempre com o sofrimento de alguém!)... a contraproposta que apresenta à revolução parece- me bem mais utópica e irrealista do que a dita revolução... visão romântica e bem esgalhada do "país irmão"! 😉
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Benedito Mamidji Catarina Costa a questão que coloca merece um tratamento melhor do que faço nestas notas bastante soltas. Não penso que desigualdade seja igual a generosidade. Sociedades bastante estratificadas - como eram, por exemplo, muitas das sociedades africanas precoloniais, eram mais generosas. Os primeiros antropólogos e os nacionalistas africanos confundiram a generosidade com comunismo (Nyerere é célebre por fazer este erro). As sociedades africanas precoloniais não eram igualitárias, tinham sim uma melhor forma de lidar com os menos afortunados - a família alargada, por exemplo, era um desses mecanismos.
Não discordo que as revoluções sejam um facto social. São sim. Muitas das vezes inevitáveis. Apenas não subscrevo com elas. Sou bastante céptico em relação a qualquer projecto populista. Para além de que há muita rebelião social e mudança de regime que pouco tem de revolucionário mas a gente precipita-se a chamar de Revolução. Tenho demasiado respeito pela vida humana para aceitar o preço que se paga pelas ditas revoluções.
Sobre o meu suposto romantismo, não o vejo. Apenas anotei as minhas impressões do Brasil com o olhar de quem lá vai pela primeira vez e por um curto período.
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Catarina Costa Benedito que houve muita confusão, disso não haja dúvida... de facto, um dos grandes erros históricos nas ciências sociais foi precisamente durante demasiado tempo se limitar a ver todas as sociedades através dos mesmos pressupostos ideológicos/sociais, enfim com os mesmos "óculos" olhava-se e tentava-se explicar as realidades, como se as sociedades fossem todas subsidiárias umas das outras, e estivessem apenas em estágios evolutivos diferentes... um erro crasso (infelizmente ainda hoje com adeptos), que justificou tanta atrocidade ao longo dos séculos...
Mas, apesar de também achar que as revoluções se fazem pagar por um preço demasiado alto, e de achar que a esmagadora maioria delas (quando falamos na sua modalidade política/ideológica/militar) acaba por resultar num estrondoso fracasso quanto aos seus propósitos iniciais (apesar de também podermos ver isso através de uma curva evolutiva, em que ao exagero inicial deve-se seguir uma normativa social com maior aceitação social), não creio quer se consiga a tão almejada evolução social sem a ruptura dramática imposta pela revolução... não esquecer que todas as conquistas sociais de monta se deveram a revoluções (e muito delas sanguinárias. A declaração dos direitos do homem é disso um exemplo paradigmático, bem como os direitos laborais, ou o direito ao sufrágio universal). Tenho muitas dúvidas acerca da ideia da "revolução silenciosa", ou seja da mudança na continuidade (os recentes acontecimentos de Espanha avivam-me essa dúvida, de facto)... Apesar de romântica, não sei se a "mudança por dentro" de uma estrutura realmente é eficiente....
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Benedito Mamidji Catarina Costa há de ter notado que eu não sugiro nenhuma alternativa para uma suposta “almejada evolução social”. A própria idea de evolução é muito equivocada. Ela tende a basear-se numa ideia do bem e do mal. As melhores sociedades na história da humanidade foram aquelas que procuraram o equilíbrio no desafio da convivência em comunidade. Querer suprimir os males sociais através de uma almejada evolução é negar a natureza humana. Seria bom se todos fossemos iguais e estivéssemos bem providos do que a natureza e o engenho humano dá. Mas a nossa história enquanto humanos nos ensina que não somos assim. Daí eu dizer que desigualdade é um falso problema. O real problema é como encontrar o equilíbrio entre os que têm e os que nada têm. Esse equilíbrio pode se encontrar com alguma generosidade. Isto não é utopia. A generosidade é próprio da natureza humana. A Igualdade social é que é forasteira à nossa natureza. Nunca houve tal sociedade de iguais e onde ela foi tentada (desde os falansteros de Owen aos Kibutz de Israel) faliu precisamente porque vai contra a natureza humana.
Longe de mim negar os ganhos de algumas revoluções. Vivemos sim num mundo melhor porque muita gente morreu guilhotinada ou fuzilada em revoluções. Não está mais do que na hora de aprendermos a lição? Temos mesmo que continuar a morrer para que haja mudanças sabendo tudo o que sabemos da nossa história? Se há alguma evolução que tem que acontecer é na forma como lidamos com os problemas do nosso tempo. Os métodos de luta não podem continuar a ser os mesmos usados no século 19. E as soluções também não podem vir desse longínquo século.
Dás o exemplo da Espanha. Por mais que eu simpatize com o povo catalão e o seu direito à autodeterminação, convenhamos que a matriz dessa luta está ancorada numa coisa já gasta e que nada tem a ver com o nosso tempo: o estado-nação. O retorno do nacionalismo (disfarçado em
Brexit ou no Making America Great Again ou no desastre lamentável que é Bolsonaro) tudo isso tem a ver com o facto de as pessoas estarem a buscar soluções do século 19 para problemas do século 21. A ideia de uma república basca independente da Espanha não é lá muito diferente.
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Catarina Costa Benedito, concordo com quase tudo... também não atribuo ao termo evolução uma ideia de progresso (aliás não são, nem nunca foram, sinónimos)... também acho que tentar resolver problemas do século XXI com soluções de século XIX só pode dar em asneira... (mas o caso da Catalunha vem de muito lá atrás... a Espanha foi unificada na Idade Média, mas nunca foi unida... e a imposição de uma nação a quem pertence a outra, com valores e ideologias opostas é sempre demasiado arriscada, a Catalunha foi e é uma orgulhosa república). Contudo, essa ideia da generosidade, por muito bela que seja, não me convence... tem tanto de religioso e ideológico como a ideia da revolução em si! Os seres humanos nunca pensaram no bem colectivo enquanto necessidade de sobrevivência (por isso é que todas as tentativas nesse sentido têm falhado)... o ser humano é gregário e grupal por necessidade de sobrevivência, mas mesmo esse grupo está sempre sujeito às necessidades imediatas e nunca ao bem maior (a história de África é disso um exemplo)... e se a isso juntarmos a ambição humana desmedida e o capitalismo (enquanto estratégia de controlo populacional e de recursos que já vem numa forma mais globalizada e sistematizada desde o século XVI), então é que não me convence mesmo. O individualismo e as suas necessidades sempre se impuseram ao bem colectivo, e os grupos sempre se (re)organizam nesse sentido. Cada vez mais acho que o Estado Nação não morreu (o capitalismo necessita dele para controlar as massas). Dentro dos sistemas biológicos não somos dos mais gregários, ao invés somos dos mais mortíferos em larga escala. Gosto sempre de olhar para o ser humano e as suas sociedades dentro de uma lógica biológica (acrescentando a parte da psicologia) e só aí consigo vislumbrar o cadinho e as imensas tonalidades de cinzento que compõe o nosso devir histórico... (e infelizmente não somos formigas! )😉
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Benedito Mamidji então estamos do mesmo lado, no final das contas.
A generosidade é anterior à religião moderna e não tem nada de romântico ou irrealista. Ao descrever a sociedade Ronga, Henri A. Junod notou que não havia ninguém desprovido e no total abandono - não que não houvesse pobres. Os idosos, os deficientes físicos e mentais, os órfãos, as viúvas sem propriedade, etc tinham o amparo da família alargada e da comunidade em geral. Se havia fome ela afectava a toda a gente. Quando havia abundância todos beneficiavam. Não quer isso dizer que não haviam hierarquias. Os mais pobres tinham um tecto e um prato de comida e tinham o seu lugar na sociedade. É disso a que me refiro por generosidade. O welfare-state é um aspecto da generosidade social. O sistema de quotas nas universidades por exemplo, é um aspecto da generosidade. E bem vistas as coisas, não há nada de errado em buscar da religião algo que melhore a condição dos menos privilegiados. Um dos maiores erros que os socialistas cometeram foi justamente negar o lugar central da religião na sociedade.
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Catarina Costa Benedito, de facto esse foi um dos grandes erros do socialismo, esse e negar à partida o direito ao individualismo (de que a religião é uma parte)...
O tipo de sociedade de que fala tinha uma característica essencial e que fazia toda a diferença, a disponibilidade de recursos afectava toda a gente, logo as hierarquias apesar de existirem não conseguiam alienar a totalidade do grupo. E este ponto essencial só me parece passível de atingir em sociedades muito pequenas e isoladas (como as tribos amazônicas actuais), com valores que se afastam da obtenção de recursos excedentários, em que a elite não baseia o seu estatuto na cativação de recursos considerados valiosos e potenciadores de estatuto social (o caso das sociedades modernas). Portanto não sei até que ponto se pode esperar uma alteração ideológica tão visceral das sociedades actuais (até as religiões dominantes fracassaram miseravelmente neste ponto. Nunca pensei que estivéssemos em campos opostos, simplesmente achei que o seu discurso levantava algumas questões tão pertinentes quanto potenciadoras de uma discussão saudável e intelectualmente válida... obrigada! 😉
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Lucio Posse Texto super interessante. Consegui ver o Brasil como se fosse pelos meus próprios olhos. Ao ler este texto lembrei-me das nossas conversas, da forma como observamos o mundo.
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Benedito Mamidji Catarina Costa de acordo. As sociedades de que falo são muito diferentes das tribos amazônicas. Estou a falar de sociedades complexas e com poder centralizado (um deles é o Império de Gaza). Mas atenção aqui. Essas não eram sociedades perfeitas para as quais devemos regressar. De forma nenhuma. Oferecem apenas um exemplo de como a pesar da desigualdade social (obviamente não tão grande comparada com a das sociedades industriais) havia generosidade para com os menos favorecidos. Não faço este ponto para sugerir que resgatemos esse modelo pré-colonial, mas para ilustrar o facto da generosidade não ser alheia à natureza humana muito menos utópica. Certamente que a generosidade que a sociedade moderna precisa tem que estar enraizada na complexidade dos problemas actuais e na forma de convivência social desta nossa era moderna ou pós-moderna. Quer isso dizer que temos que inovar. Pensar fora da caixa e, sobretudo, libertarmo-nos das doutrinas e soluções revolucionárias inventadas por gente brilhante para resolver problemas do seu tempo, não do nosso.
PS: o debate é saudável. Não se incomode com o meu tom.
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Benedito Mamidji Lucio Posse sinto falta dessas conversas. Mas atenção: eu narro apenas um minúsculo trecho de um Brasil que engole Moçambique não sei quantas vezes. E o faço com os olhos de deslumbramento próprios de um marinheiro de primeira viagem. Vamos marcar um skype para por as coisas em ordem. Aquele abração:)
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Catarina Costa Benedito, não me incomodo de todo... conheço esse tom (também o tenho em certos momentos😉)... A questão aqui está mesmo na minha desconfiança em relação à natureza humana (já não consigo ser tão optimista)... penso que sem um cataclismo forte e global não haverá suficiente estímulo para a mudança social (os seres humanos só mudam se tiverem um factor imponderável a obrigá-los) e até agora as ameaças ambientais apesar de muito sérias ainda não foram suficientemente devastadoras à escala certa para o fazer. (Penso que o próximo motor revolucionário - revolução enquanto ruptura económica/social/política será efectuado em resposta à iminente catástrofe ambiental, talvez aí por uma questão de sobrevivência essa tal generosidade se faça sentir nas sociedades industrializadas, mas infelizmente o drama do Mediterrâneo faz-me temer o contrário). A História da Europa infelizmente ensina-nos que primeiro tem de vir o mal supremo antes de se fazer alguma coisa boa (em loop de comportamentos)... Já em relação às sociedades tradicionais... bem... penso sempre que elas também se alimentaram do esclavagismo (portanto acabo sempre a ter algum pejo em fazer delas um exemplo regional positivo, apesar de obviamente enquanto grupo terem as suas estratégias positivas).
P.S.: Penso que as tais cabeças geniais, hoje em dia, confrontadas com a pós-modernidade acabariam a dar respostas e interpretações diferentes a fenómenos que infelizmente nos continuam (sem razão para tal) a ensombrar... Chegámos ao século XXI com problemas herdados do séc.XIX, quando supostamente a sociedade da informação deveria ter resolvido tudo!
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Benedito Mamidji Catarina fico aliviado. Que bom:)
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Catarina Costa Benedito, desculpe os testamentos... mas o tema... 🤣
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Benedito Mamidji Catarina entendo o seu pessimismo em relação à espécie humana. Não é para menos. Eu já não tenho esse pessimismo pelo simples facto de que aceito a espécie humana tal como ela é. Daí a minha relutância pelo alvoroço revolucionário que sempre visa melhorar a humanidade. O problema nisto é que as pessoas estão sempre certas sobre o que não gostam da humanidade tal como ela é. Somos bons em descrever o que queremos escangalhar da humanidade. Mas não temos nada para substituir o que queremos escangalhar. Daí as utopias. Há mais de 2 milénios que andamos nisto. Inventamos a imagem do paraíso celestial e o queremos realizar na terra. Tudo isso para mim é a negação da natureza humana - mesquinha, conflituosa, competitiva, individualista, mas ao mesmo tempo gregária, dependente do outro, genial, etc. Daí que eu não subscrevo da ideia de Marx de que não basta compreender o mundo temos é que mudá-lo. É muita presunção não acha? Pensar que somos superiores à natureza incluindo a nossa própria! A crise ambiental de que fala, e concordo que os próximos conflitos serão à sua volta, resultam precisamente dessa presunção que temos de pensar que estamos acima da natureza.
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Catarina Costa Benedito, concordo... mas a presunção de mudar o mundo (que, a propósito, eu também já não tenho) é que o tem mudado de facto... apesar de eu considerar que são as pequenas ações individuais e aparentemente irrisórias que depois, num determinado contexto, e num determinado número acabam, para o bem e para o mal, a mudar mesmo o mundo tal como o conhecemos... ainda assim, também considero que o ser humano faz parte de um ecossistema circular e interdependente, não estando acima, nem abaixo de qualquer espécie, mas dependente de todas elas (ou não fosse a placenta o resultado de um vírus)... contudo, no mundo actual não é esta por si só uma ideia revolucionária (e perigosa por isso mesmo, tal como demonstra a força dos lobbys negacionistas e revisionistas das questões ambientais)?!? 😉
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Lucio Posse Benedito Mamidji , percebi que é uma parte, bem minúscula do Brasil. Afinal o Brasil, como Moçambique, são uma multiplicidade de realidades. Só depende do olho... Mas a forma que descreves é a forma que eu gostei de conhecer o Brasil. Sim, marcamos um Skype. Também sinto falta das nossas conversas.
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Helder Pires Parabéns pela bela narrativa Benedito Mamidji! A sua descrição lembra-me o texto de Michel De Certeau "Caminhando na cidade" onde argumenta que " os passos tecem lugares, moldam espaços, esboçam discursos sobre a cidade", comparando o ato do pedestre de andar pela cidade como um ato discursivo. Assim, ele diz: " caminhar é uma enunciação pois o pedestre se apropria do sistema topográfico, faz do lugar um espaço e se relaciona com a cidade através dos seus movimentos". Sua narrativa traduzir muito bem isso!
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Benedito Mamidji Helder Pires obrigado meu caro. Já valeu só por ter te lembrado de Michel de Carteau. Passe a referência se faz favor. E um grande abraço:)
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Helder Pires Benedito Mamidji passo sim. Outro grande abraço.
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Lourenco Isaias Um lindo texto: caracteriza,critica e opina. De facto as cidades moçambicanos estão crescer de forma pouco urbanizadas e sobretudo sem espaços verdes, de recreação e de lazer. Alguns campos de futebol, São substituídos por residências e as pracetas por infraestruturas comerciais, perante um olhar melancólico do cidadão.
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Benedito Mamidji Lourenco Isaias obrigado. De facto, uma melhor consciência urbanística precisa-se no nosso país. O exemplo de falta até de campos de futebol e outros desportos está no ponto. Não é contraditório que os nossos dirigentes lamentem os maus resultados dos mambas quando o país não tem espaços para o desenvolvimento de talentos?
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Lourenco Isaias Benedito Mamidji
De facto, como vamos conseguir bons resultados no desporto, se não investimento. Se os meninos não tem campos. Outrossim, o desporto tem sido usado hoje como ferramenta para afastar jovens da delinquência, neste sentido a existência de campos para futebol, trespassa a questão de desporto, vai até a questão da criminalidade.
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José Jaime Macuane Benedito Mamidji, o aniversário de Maputo como um belo pretexto para declarares a tua paixão pelo Rio. 😃
Benedito Mamidji José Jaime Macuane é isso aí!😜
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Marlino Mubai Narrativas fascinantes de um viajante enraizado em contextos diversificados. Se eu tivesse uma revista turística já tinhas uma proposta de contracto. Sobre a sua opinião do turismo cultural, o seu argumento é válido mas não se trata necessariamente de commodificacao da pobreza. Talvez ver isto como uma forma de celebrar a vida para além da abundância. Celebra-se o l génio nascido nestes espaços marginais e não a pobreza como tal.
Benedito Mamidji Marlino Mubai é verdade. Nem tudo é exibição de pobreza. Mas há práticas neste tipo de turismo que me fazem torcer o nariz. Há questões éticas que é preciso acautelar.
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Matsimbe Hamilton Texto profundo e de se ler com a mesma atenção que dispensamos a um Michel Foucault. As perguntas essas continuam no ar mas sobre gringo pode ser que ainda conserve traços de Princeton e no Rio não haveria perdão. Ou seja gringo é uma forma de ser e estar...abraços
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Benedito Mamidji Matsimbe Hamilton gramei brada! Essa é boa. Traços de Princeton! É capaz... Em que Estado é que estás? Precisamos conversar bro.
Matsimbe Hamilton Benedito Mamidji Estou na cidade de Vitória no Espírito Santo a norte do Rio.
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Rafa El Gosto deste texto. Fiquei sem comentários...
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