Justiça Nacional
Paulo Zucula: um preso vulgar!
Decididamente, o ex-ministro dos Transportes e Comunicações está a conhecer dias amargos na cadeia. É tratado como um pilha-galinhas qualquer. Divide a sua cela com outros reclusos. A água para o banho, vai pessoalmente acarretar. E neste Inverno, é água fria; para alguém que é obrigado a acordar às 5 horas da manhã. Quando se faz o efectivo (contagem de reclusos), ele também tem que responder o seu nome em voz alta. Todos os dias. Este senhor tem 64 anos. É bem provável que não aguente com a barra. E há pouco espaço para que não seja condenado. A antecâmara disso foi quando lhe negaram a caução e legalizaram a sua prisão.
Tudo isto foi por causa dos 135 mil dólares norte-americanos que Paulo Zucula recebeu de luvas da empreiteira Norberto Odebrecht SA, aquando da construção do Aeroporto de Nacala, o que agora virou salão de festas. Efectivamente, para a vida que este senhor está a levar agora na cadeia, o dinheiro que para lá lhe empurrou é pouco. Devia ter pensado melhor antes deste desvio comportamental.
De acordo com a acusação, Paulo Zucula mandou depositar os 135 mil dólares de luvas na conta de uma empresa sedeada nos Emiratos Árabes Unidos, chamada Times Corp. Ele é acusado pelos crimes de corrupção passiva para acto ilícito e branqueamento de capitais de forma continuada.
Quanto ao seu comparsa, Emiliano Finocci, o que foi caucionado por 20 milhões de meticais, a acusação do Ministério Público (MP) não diz quanto dinheiro é que este recebeu. Apenas fala de avultadas somas.
E há uma outra "celebridade" neste processo: Manuel Chang. Sempre este senhor! O MP diz que ele recebeu cerca de 250 mil dólares de luvas. O valor foi pago em duas prestações, através de uma empresa sedeada na Suíça, chamada Genoa Assets.
Neste processo, Manuel Chang nunca foi ouvido. Aliás, a sua prisão em Joanesburgo não tem nada a ver com o caso Aeroporto de Nacala/ Odebrecht. Foram os milhões de calote que deixaram a economia moçambicana de rastos. No dia que regressar a Moçambique ser-lhe-á aberto um processo autónomo.
Paulo Zucula, velho de 64 anos e que foi um dirigente exemplar no Instituto Nacional de Gestão de Calamidades, é o único preso neste processo. Passa longe das mordomias que têm os implicados no calote bilionário. Parece que a coisa funciona assim: quanto mais dinheiro roubar ao Estado, melhor protecção a pessoa terá. Os que roubam pouco são jogados na sargeta. E se ambos tiveram o mesmo desvio comportamental?
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