Sem Escova – Uma Carta para o Meu Professor

Querido professor,

Com imensa satisfação que lhe escrevo esta carta, pois, pela primeira vez depois de todo esse tempo posso expressar-me com sinceridade sem aquele “escovismo” da sala de aula. Agora com meu canudo de independência na mão, posso dirigir-me a si sem baixar a minha língua às suas botas.

Nunca vi um professor como você. Que sempre preparou suas aulas devidamente para nos educar como convém, e não como aqueles outros professores que apareciam na sala de aula para ler com dificuldades suas próprias palestras. Eu dizia comigo mesmo, pena que eles não têm um professor como nosso, pois você sempre foi assíduo, pontual, organizado e com interesses académicos e não “sexo-financeiros” como esses abutres.

Quem me dera houvessem professores como você meu amado professor, que da sua boca nunca saem frases como “eu não estou aqui para vos prejudicar ninguém” mas que ao mesmo tempo nos dava notas típicas das iniciais das telefonias moveis.

A sua dinâmica meu professor, era invejável, ninguém dormia na sala de aulas. Não porque queríamos te agradar como aqueles alunos da outra sala que tiveram problemas de pescoço de tanto acenar ao seu professor como sinal de aprovação à sua mestria em lecionar… nos não, era verídico nosso aceno. E se não te condecoramos, foi porque não queríamos ser conotados por bajuladores. Por isso só poderíamos fazê-lo no fim das aulas porque não temíamos que houvesse “surpresas” na pauta.

De nenhuma menina no ensino médio ou universitário ouvimos reclamações em relação ao seu zip porque esteve sempre fechado e seu bolso estava cheio para receber qualquer agraciamento. Como conseguia? Realmente não mentiu quando disse que era religioso, pois você nunca ameaçou chumbar a ninguém e nem coagiu nenhum aluno a desistir do curso, pois sabia separar assuntos académicos do social e nunca mandou nenhum aluno carregar suas tralhas para conceder-lhes notas nem riscava os que negavam fazê-lo.

Acho que por isso os seus colegas o admiram. Pois é grande estudioso, sempre com um monte de livros de grande volume sobre os braços levando para sala de aula e usando todo eles a cada aula. Como conseguia ler todo aquele calhamaço? Tiro chapéu teacher… teus colegas não levavam nem 10% por semestre o que você levava diariamente para sala. Acho que a direção deve gostar muito de si pelo seu bom comportamento pois você não é escória de pessoa. Você não é como aqueles colegas que se transformam nos últimos humildes com linguagem “bebética” quando há visitas de quadros superiores da instituição. Hipócrita!!!

Você sempre foi coerente, não como aqueles outros que diziam ter mudado mas, continuavam o mesmo faraó, pronto a fuzilar filhos de Israel pensando que as pragas de Deus acabaram. Aconselhe esses teus colegas que Deus sabe, Deus ouve e Deus vê.

PS: se as qualidades não coincidem contigo, e as características destes teus colegas colegas coincidem com sua personalidade e atos, então, não perca seu tempo porque esta carta é para meu professor e não para você!

Por An’tshé – Uma conversa com um aluno sinceiro.

Beira, aos 27.03.18