O Conselho Nacional da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) reúne-se a partir desta quinta-feira na Serra da Gorongosa, província de Sofala, com a realização do congresso para escolher um novo líder no horizonte.
A reunião do Conselho Nacional do principal partido da oposição em Moçambique deverá durar dois dias e o órgão deverá pronunciar-se sobre a convocação do congresso que vai eleger o sucessor de Afonso Dhlakama, falecido em maio, num contexto em que há eleições gerais (para a Presidência da República e Parlamento) agendadas para outubro de 2019.
"Pelos estatutos do partido, o congresso é convocado pelo Conselho Nacional, que vai definir tanto a agenda como os parâmetros do congresso", anunciou o porta-voz da Comissão Política Nacional da RENAMO, Alfredo Magumisse, há duas semanas.
Formalmente, referiu, ainda não há candidatos à sucessão de Afonso Dhlakama, e caberá ao Conselho Nacional a indicação das diretivas que vão nortear a realização da eleição do futuro presidente do partido.
"A Comissão Política Nacional, através das delegações políticas do partido a todos os níveis, irá emanar orientações respeitantes aos passos que estão sendo dados para a realização da magna reunião, o congresso", declarou Alfredo Magumisse.
A RENAMO é dirigida interinamente por Ossufo Momade, deputado e membro da Comissão Política Nacional, na sequência da morte a 3 de maio do líder histórico do partido.Afonso Dhlakama dirigiu a RENAMO durante 38 anos, após suceder a André Matsangaíssa, que morreu em 1979.
Ossufo suspende mandato de deputado
Na semana passada, Ossufo Momade suspendeu o mandato de deputado. Já não assistia às sessões da Assembleia da República desde que substituiu em maio o falecido líder da organização, Afonso Dhlakama.
O líder interino da RENAMO foi substituído no Parlamento pela deputada suplente do partido Essa Misé, que ocupou o assento parlamentar.
Após a sua indicação como coordenador interino, Ossufo Momade, general na reserva, passou a viver na serra da Gorongosa, onde está a principal base do braço armado da RENAMO.
POLÍTICA
Dhlakama, um começo na FRELIMO que não vingou
Afonso Macacho Marceta Dhlakama nasceu a 1 de janeiro de 1953 em Mangunde, povíncia central de Sofala, Moçambique. Entra para a FRELIMO perto da época da independência em 1975, mas não fica muito tempo. Em 1976 sai do partido que governa o país para co-fundar a RNM (Resistência Nacional de Moçambique), um movimento armado, com o apoio da Rodésia do Zimbabué. O objetivo: por fim a ditadura.
POLÍTICA
Dhlakama: Desde cedo líder da RENAMO
A guerra civil entre a RNM, depois denominada RENAMO, Resistência Nacional de Moçambique, e o Governo começou em 1976. Dhlakama assume a liderança da RNM depois da morte de André Matsangaíssa em combate em 1979. Já era líder quando o primeiro acordo que visava por fim a guerra foi assinado entre o Governo e o regime do apartheid na África do Sul em 1984. Mas o Acordo de Inkomati fracassou.
POLÍTICA
AGP: Democracia entra no vocabulário com Dhlakama
Depois de 16 anos de guerra Dhlakama assina com o Governo o Acordo Geral de Paz de Roma em 1992 no contexto do fim da guerra fria e do apartheid na África do Sul. Começa uma nova era para o país, depois de uma guerra que fez perto de um milhão de mortos e milhões de refugiados. A democracia passa então a fazer parte do vocabulário dos moçambicanos, com Dhlakama a auto-intitular-se o seu pai.
POLÍTICA
O começo das derrotas de Dhlakama nas eleições
Moçambique entra para a era do multipartidarismo e realiza as suas primeiras eleições em 1994. Dhlakama e o seu partido perdem as eleições. As segundas eleições acontecem em 1999 e Dhlakama volta a perder, mas rejeita a derrota. E desde então não parou de perder, facto que provocou descontentamento ao partido de Dhlakama. Reclamava de fraudes e injustiças. E nasceram assim as crises com o Governo.
POLÍTICA
Dhlakama: O regresso às matas como estratégia de pressão
O regresso do líder da RENAMO à Serra da Gorongosa em 2013, um dos seus bastiões militares, foi uma mensagem inequívoca ao Governo da FRELIMO. Dhlakama queria mudanças reais, que passavam pelo respeito integral do AGP, principalmente a integração dos militares da RENAMO no exército nacional, e mudança da legislação eleitoral. Assim o país voltou a guerra depois de mais de vinte anos.
POLÍTICA
Armando Guebuza e Dhlakama em braço de ferro permanente
A 5 de agosto de 2014 o então Presidente Armando Guebuza e Afonso Dhlakama assinaram um cessar-fogo. Estavam criadas as condições para o líder da RENAMO participar nas eleições gerais de outubro de 2014. Dhlakama e o seu partido participam nas eleições e voltam a perder. As crise volta ao rubro e Dhlakama regressa às matas da Gorongosa.
POLÍTICA
Emboscada contra Afonso Dhlakama
A 12 de setembro de 2015 a caravana em que seguia Afonso Dhlakama foi atacada na província de Manica. Ate hoje não se sabe quem foram os atacantes. A RENAMO considerou a emboscada como uma tentativa de assassinato do seu líder. A comunidade internacional condenou o uso da violência.
POLÍTICA
Aperto ao cerco contra Afonso Dhlakama
No dia 9 de outubro de 2015, a polícia cercou e invadiu a casa de Afonso Dhlakama na cidade da Beira. As forças governamentais pretendiam desarmar a força a guarda do líder da RENAMO. Os homens da RENAMO que se encontravam no local foram detidos. A população da Beira, bastião da RENAMO, juntou-se diante da casa de Dhlakama manifestando o seu apoio ao líder.
POLÍTICA
Dhlakama e Nyusi: Menos mãos melhores resultados
O líder da RENAMO e o Presidente da República decidiram prescindir de mediadores e passaram a negociar o acordo pessoalmente. Desde então consensos têm sido alcançados, um deles relativo à revisão pontual da Constituição, no âmbito do processo de descentralização em fevereiro de 2018. A aprovação da proposta pelo Parlamento é urgente, pois as próximas eleições de 2018 e 2019 dependem dele.
POLÍTICA
Dhlakama: Não foi a bala que ditou o seu fim
Na manhã de 3 de maio o maior líder da oposição em Moçambique perdeu a vida vítima de doença. Deixa aos seus correlegionários a tarefa de negociar outro ponto controverso na crise com o Governo: a desmilitarização ou integração dos homens armados da RENAMO no exército nacional. Há quase 40 anos à frente da liderança da RENAMO teve de negociar com todos os Presidentes de Moçambique independente.
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