O partido Renamo convocou, ontem, a imprensa, para denunciar irregularidades no processo de recenseamento eleitoral para as próximas eleições autárquicas, de 10 outubro de 2018, e para as eleições gerais de 2019.
O mandatário da Renamo, André Magibire, disse, durante a conferência de imprensa, que prevalecem casos em que, no cartão de eleitor, consta apenas a província como local de residência, quando devia estar explícito o endereço completo, nomeadamente, cidade ou vila, bairro, quarteirão e número da casa.
Em comunicado de imprensa emitido na semana passada, a Comissão Nacional de Eleições reconheceu a irregularidade e deu ordens aos membros das brigadas para que fizessem constar no cartão todos os dados. A Renamo diz que, mesmo com a declaração da CNE, ainda existem brigadas em que persiste este problema.
Entre as irregularidades, a Renamo diz que há avarias constantes do “mobile ID”, falta de combustível para os geradores, não funcionamento de painéis solares, “chegando-se ao cúmulo de os eleitores serem obrigados a contribuir em valores monetários para a compra de combustível ou de recarga de Credelec”. Segundo a Renamo, na cidade de Nampula, “há um casal a quem foi exigida essa contribuição e, logo depois de recenseá-lo, o posto foi encerrado antes da hora, o que viola o estatuído na lei.”
Funcionários do Estado que residem fora de territórios autárquicos coagidos a recensearem-se
André Magibire afirmou que há casos de cidadãos, sobretudo professores, enfermeiros e outros funcionários do Estado que, não sendo dos territórios autárquicos ou residindo fora deles, são coagidos pelo partido Frelimo a recensearem-se para votarem nas próximas eleições autárquicas.
Segundo o mandatário nacional da Renamo, as irregularidades são uma fraude antecipada.
“O partido Renamo, tendo tomado conhecimento dessas manobras que consubstanciam fraude antecipada, tomou as devidas medidas e, como resultado, no município de Nampula, foram apanhados em flagrante, num dos postos de recenseamento eleitoral, jovens de Montepuez, que, a mando do partido Frelimo, foram inscrever-se naquele município. O Gabinete Eleitoral do partido Renamo a nível da cidade de Nampula, submeteu à Comissão Distrital de Eleições, com conhecimento da Comissão Provincial de Eleições, uma reclamação a esse respeito”, disse o mandatário nacional da Renamo à imprensa.
Apontando outro caso, a Renamo diz que, no distrito de Mocuba, província da Zambézia “foram identificados e detidos dois professores que faziam parte de um grupo de tantos outros que saíram do posto administrativo de Macuzi, distrito de Namacurra fazendo-se transportar na viatura do primeiro-secretário do partido Frelimo de Namacurra com o objectivo de irem inscrever-se na autarquia de Mocuba. Este acto mereceu a instauração de um auto de ilícito eleitoral com o número 180/2018, de 24 de Março.”
Fiscais da oposição impedidos de estar nos postos de recenseamento
“No distrito do Bárue, no posto administrativo de Serra Choa, no município de Catandica, o secretário deste posto administrativo, de nome Magodo, proíbe os fiscais do partido Renamo de estarem nos postos de recenseamento e também proíbe a inscrição eleitoral de cidadãos de que quem desconfia que sejam membros da Renamo”, disse André Magibire, tendo acrescentado que o facto cria indignação e repulsa aos cidadãos da zona.
Segundo André Magibire, em Tete, mais precisamente no distrito da Angónia, os chefes das localidades de Mpandula, Khame e Ndaula tiram cartões de eleitores, “com o objectivo de, posteriormente, o STAE fazer a substituição desses eleitores por eleitores fantasmas.
Estes actos são cometidos por cidadãos intitulados ‘líderes’, como são os casos de Baquiri Jossias, Delofim Chide, Letiasse Wizalamo.
Sobre este caso, o partido Renamo, a nível local, submeteu uma denúncia à Comissão Distrital de Eleições da Angónia”.
Segundo a Renamo, este é o retrato do que está a acontecer em quase todos os postos de recenseamento eleitoral. (André Mulungo)
CANALMOZ – 28.03.2018
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