Tuesday, November 1, 2016

Saturados de infâmias

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CARTA A MUITOS AMIGOS
Todos desejamos dignidade, que nos respeitem e queremos respeitar as diversas instituições públicas, especialmente a Polícia. Uma autoridade ou um polícia que se dediquem aos subornos, à corrupção, aos pedidos de chá e refresco revolta-nos.
Não satisfazer a infâmia faz-nos incorrer em variadas represálias, desde os requerimentos que se esvaem, até vermo-nos forçados a ir a uma esquadra.
De acordo com a comunicação social a PRM varreu das suas fileiras cerca de 30 destes patifes, que sujam a polícia, o Estado e maltratam o cidadão. Bem-haja Senhor Comandante e continue por favor!
Queremos respeitar a polícia e vermo-nos respeitados por ela como pessoas. Assim deve ser aqui e em toda a parte do mundo.
Por vezes notícias que nos chegam pelos variados canais da comunicação social surpreendem-nos e mesmo angustiam-nos.
Disseram que não pagariam horas extras a quem trabalha, muito bem. O HCM despede sessenta trabalhadores.
Também nos deram conhecimento de aumento dos salários e pensões para os senhores deputados. Que tarefas reais levam a cabo nos bairros, nas aldeias e distritos?
Como ficam os professores, o pessoal médico, os elementos mais necessitados em todas as sociedades? Escolas sem carteiras, hospitais sem medicamentos e instrumentos de trabalho, venda nas ruas dos livros escolares gratuitos que dever-se-iam entregarem aos alunos a custo zero, zero de alojamento para os docentes e pessoal médico!
Dirão que o paralítico fica consolado vendo um coxo?
Está isto tudo bem? Taxa de inflação de 30% até ao fim do ano, cada vez mais altos os produtos importados e até os localmente produzidos.
Lixo para uns e caviar para outros? Esta a sociedade pela qual lutamos e muitos se sacrificaram, inclusive nos campos de batalha?
Aqui e acolá mais uma residência governamental, mais um edifício gigante e caro para as instituições que proliferam como as baratas e outros insectos nocivos, cada vez mais funcionários e menos trabalho real, mais viaturas e escoltas e menos segurança.
Viaturas e motos da polícia escoltam tudo que na terra se considera estrutura, mas por um lado magistrados e procuradores com casos escaldantes nas mãos não beneficiam de protecção para si, suas famílias, locais de trabalho e residência. Justo?
 Basta de discursos sobre o despesismo, queremos sim, acções concretas conducentes à produção de riqueza, do conhecimento e sobretudo ao saber fazer bem, a tempo e horas.
Raro o local onde as pessoas não murmurem sobre como vai mal a sociedade.
Murmuram quando deviam enviar para os órgãos sérios da comunicação social cartas e abaixo-assinados. Conversas de café, bar, restaurantes para pouco ou nada servem. Desabafos que não passam de meras inutilidades.
Ninguém pode seriamente negar que existe um grande mal-estar na sociedade moçambicana.
Países africanos estão a tomar medidas para abandonarem o Tribunal Penal Internacional, o Burundi e a África do Sul, Gâmbia parece que já o fizeram, o Quénia prepara uma resolução sobre a matéria.
Confesso que isto não me surpreende. Diversas vezes, entre outros, eu mesmo denunciei em público:
1.   Que apenas se detenham e julguem os africanos, brancos, apenas os sérvios mal vistos.
2.   Nenhum dos portugueses, rodesianos, sul-africanos, franceses, belgas, ingleses e demais que cometeram crimes de guerra, massacres de populações, provocaram deliberadamente guerras e destruíram países inteiros, nem um para amostra jamais o TPI os chamou, investigou, julgou, condenou.
3.   Impunidade para eles e punições para tez escura?
Nada pois de negativo o abandonar o TPI. Mas qual a alternativa para que efectivamente se julgue e puna-se o crime que se comete em África e sendo daqui?
Em nome de interesses mais ou menos sórdidos, de alianças duvidosas não cairemos no extremo de proteger os grandes e sancionar-se a arraia-miúda?
Há países em África onde tropas africanas em missão da União Africana cometeram barbaridades. Soldados, sargentos punidos, sim, mas generais? Um para amostra por favor.
Haverá um único Chefe de Estado ou de Governo em exercício que o TPI indiciará? Se houver abandono do TPI e este se vir substituído por uma instituição africana, que garantia nos oferecem sobre a seriedade e a idoneidade, a capacidade de agir a nova instituição bem africana?
Não confio no TPI mas também questiono a sua substituição por uma instituição criada pela União Africana.
Parece-me que saltamos de um buraco para cairmos num igual ou maior, porque efectivamente este e aquele dirigente se sentem ameaçados pelo TPI. Onde ficamos, entre a espada e a parede?
  Há que falar na irresponsabilidade e propagação de boatos e calúnias das ditas redes que se querem sociais, mas frequentemente não passam de anti-sociais. Difundem qualquer tipo de patacoada.
Igualmente alguns jornais publicam o sensacional que lhes chega aos ouvidos, não investigam, não buscam provas, testemunhos idóneos. Chega aos ouvidos e o boato sai impresso. Confesso que certos semanários nem os quero ver à distância e muito menos gastar dinheiro comprando-os.
Ultimamente tornou-se alvo uma ministra recém-nomeada, que praticamente ainda dá os primeiros passos na direcção, querem de antemão provar a sua incompetência, que não passa de um fruto (podre?) do favoritismo. Há seriedade e justiça nisto?
Todos aprendemos que não suspeitamos e muito menos condenamos sem provas. Isto faz parte do respeito básico pela honestidade, justiça, vontade de fortalecer o país e a sociedade.
Também se diga, que quem deseja respeito, respeita os terceiros.
Há um bom número de quadros e funcionários que desconhecem o respeito pelo público, aquele que com os seus impostos paga os salários e demais benesses de que beneficia.
Enfim, há que repetir e fazer com que a luta continue!

P.S. Um cantor recebeu o Prémio Nobel da Literatura pelas suas composições. As relações públicas criam mitos e fomentam receitas.
Quantos autores de óperas, canções, receberam este tipo de prémio alguma vez? Um só africano, latino-americano, europeu, asiático, árabe?
Jorge Amado, Nicolas Guillén, Mia Couto, António Jacinto, Craveirinha mereceram do júri do Nobel este tipo de distinção. Ignorância?
Parabéns a Dylan, mas há outros, um abraço.
SV

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