Tuesday, November 29, 2016

OMS recomenda autodiagnóstico do VIH, porque 40% desconhecem que estão infetados

VIH


Quatro em cada dez pessoas infetadas com o VIH não sabem que têm o vírus, alertou a Organização Mundial de Saúde (OMS), que defende uma aposta no autodiagnóstico.
Hoje, 40% de todas as pessoas com VIH (mais de 14 milhões) ainda desconhecem o seu estado
WU HONG/EPA
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  • Agência Lusa
Quatro em cada dez pessoas infetadas com o VIH não sabem que têm o vírus, alertou esta terça-feira a Organização Mundial de Saúde (OMS), que defende uma aposta no autodiagnóstico para alargar o tratamento e a prevenção da transmissão.
“Milhões de pessoas com o VIH ainda estão excluídas de um tratamento que salva vidas e que também previne a transmissão a terceiros”, disse a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, citada num comunicado da organização sediada em Genebra.
O autodiagnóstico do VIH deverá abrir a porta a muito mais pessoas para que saibam o seu estado e para que descubram como receber tratamento e aceder aos serviços de prevenção”, acrescentou a responsável.
Nas vésperas do Dia Mundial da Sida, que se assinala na quinta-feira, a OMS divulgou esta terça-feira novas orientações sobre o autodiagnóstico, que permite que as pessoas saibam, através de uma análise aos seus fluidos orais ou a uma picada no dedo, se estão ou não infetadas com o vírus, num local privado e conveniente.
Os resultados estão prontos em 20 minutos ou menos.
As pessoas que tiverem um resultado positivo são aconselhadas a realizar testes de confirmação nos serviços de saúde e a OMS recomenda que recebam informação e que sejam encaminhadas para aconselhamento e para serviços de prevenção e tratamento.
Segundo a organização, a falta de diagnóstico de VIH é um enorme obstáculo à recomendação da OMS de que todos os infetados devem receber terapia antirretroviral (ART, na sigla em inglês).
Um relatório da OMS revela que mais de 18 milhões de pessoas com VIH estão atualmente a receber ART, mas outras tantas pessoas não recebem ainda tratamento, a maioria das quais por desconhecer que está infetada.
Hoje, 40% de todas as pessoas com VIH (mais de 14 milhões) ainda desconhecem o seu estado, muitas das quais estão em grupos de risco de infeção, mas consideram difícil aceder aos serviços de diagnóstico existentes.
Entre 2005 e 2015 a proporção de pessoas com VIH que já sabe o seu estado aumentou de 12% para 60% em todo o mundo.
Das pessoas que já têm um diagnóstico, mais de 80% estão a receber ART.
Mas a cobertura do diagnóstico do VIH permanece baixa em alguns grupos, sendo mais reduzida nos homens do que nas mulheres, por exemplo.
Os homens representam apenas 30% das pessoas que fizeram testes de diagnóstico do VIH. Como resultado, os homens com VIH têm menor probabilidade de estarem diagnosticados e em tratamento e têm maior probabilidade de morrer de causas associadas ao vírus do que as mulheres.
Entre as mulheres, as adolescentes e jovens mulheres na África Oriental e Austral têm taxas de infeção até oito vezes mais altas do que os homens nas mesmas regiões e menos de uma em cada cinco das jovens entre os 15 e 19 anos sabem se estão ou não infetadas.
O diagnóstico é também baixo em algumas populações chave, como os homens que têm sexo com homens, os trabalhadores sexuais, os transgénero, as pessoas que injetam drogas e os reclusos, que representam aproximadamente 44% dos 1,9 milhões de novos casos de infeção por VIH em adultos no ano passado.
O autodiagnóstico duplica a frequência com que os homens que têm sexo com outros homens fazem o teste do VIH.
Cerca de 70% dos parceiros de pessoas com VIH também estão infetados e muitos deles não estão diagnosticados.
As novas diretrizes da OMS recomendam formas de ajudar as pessoas que estão infetadas a informar os seus parceiros e a encorajá-los a fazer o teste.
Atualmente, 23 países já têm políticas nacionais que apoiam o autodiagnóstico do VIH e muitos outros estão a desenvolver políticas nesse sentido, mas uma implementação abrangente do autodiagnóstico continua limitada.
A OMS recomenda a distribuição gratuita de kits de autodiagnóstico do VIH e outras medidas que permitam reduzir o custo dos kits, de forma a aumentar o acesso.

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