Elisio Macamo
Nunca uma expressão me incomodou tanto quanto “a história é que vai julgar”, tão repetida este fim de semana na sequência da morte de Fidel Castro. Obama disse que só a história vai julgar Fidel Castro. Quem o quer defender de críticas diz o mesmo. Aliás, ele próprio já havia utilizado essa expressão que, como fiquei a saber pela leitura da autobiografia de Herberto Padilla (cuja referência agradeço ao António Cabrita), ele “roubou” de Hitler, cujos discursos (assim como de Mussolini, de quem “roubou” também “venceremos”) constituíam a sua maior inspiração. Muito cômodo dizer isso. Assalto um supermercado e digo à polícia que só a história é que me pode julgar... mando fuzilar em nome da revolução e digo aos familiares dos executados que só a história é que me pode julgar. Muito cômodo.
É próprio de grandes individualidades suscitarem muita controvérsia. Fidel Castro foi uma grande individualidade, por isso a controvérsia não espanta. Há também muitas razões para explicar porque vários tipos de pessoas o defendem. Em Moçambique, há muita gente que identifica Fidel Castro e a chamada “revolução cubana” com os seus próprios anseios políticos da juventude e viu em Fidel Castro a sua realização. Parece-me uma defesa perfeitamente legítima, ainda que me pareça necessário que essas pessoas se interroguem se os ideais que tornaram Fidel Castro assim tão atraiente continuaram a ser por ele defendidos e se a sua prática “revolucionária” não os comprometeu. Há gente que celebra Fidel Castro pelo que ele fez em prol da libertação de povos como o de Moçambique e também pelo seu apoio na reconstrução (educação e saúde). Acho esta razão legítima, ainda que me pareça necessário que essas pessoas se perguntem se a ajuda que recebemos de outrém nos obriga a não avaliar criticamente o que essa pessoa faz. Há outra gente que defende Fidel Castro por instinto, isto é porque não gosta do “Ocidente” (ou dos EUA), porque ele representou um projecto de “esquerda” ou simplesmente porque os outros são piores. Este conjunto de razões, para mim, é simplesmente imbecil.
Este fim de semana dediquei muito tempo à leitura sobre Cuba. A minha principal leitura foi a auto-biografia de Herberto Padilla (La mala memoria) que fui cruzando com um livro sobre Celia Sanchez (da autoria de Rich Haney), Jorge Edwards (Persona non grata), Brian Latell (After Fidel), Jorge Salazar-Carrillo e Andro Nodarse-León (Cuba, from economic take-off to collapse under Castro), Mark Sawyer (Racial Politics in Post-Revolutionary Cuba), Enrique Oltuski (Vida Clandestina, my life in the Cuban revolution) para além do que já tinha lido até então. Não é que não tivesse outras coisas para fazer. Tinha, mas o que me incomoda em Fidel Castro é o mesmo que me incomoda em Samora Machel, por isso não consegui ficar indiferente às celebrações da sua vida e obra. Recomendo vivamente a biografia de Herberto Padilla. É verdade que é escrita por uma vítima de Fidel Castro, logo, o enviesamento está programado. Mas o que ele narra sobre os primeiros anos da “revolução cubana” é “copy and paste” da loucura que se abateu sobre o nosso próprio país em 1977 e nos deixou o legado tão pesado que ainda hoje nos paralisa. É uma enfática chamada de atenção para que quem não quer ser julgado pela história faça pelo menos o esforço de aprender dela.
Quero destacar três paralelos entre Cuba e Moçambique (Fidel e Samora) que me impedem de ver algum sentido de grandeza nestes indivíduos que possa servir de referência moral ou política. Antes de o fazer, porém, quero dizer uma coisa com toda a honestidade (nem sempre falo com honestidade...). Para mim, a grandeza duma pessoa não se mede pelo número de pessoas a quem ela fez o bem. Mede-se pelo número de pessoas a quem ela não fez mal. Não importa se você salvou 50 pessoas do afogamento. Se você propositadamente, ou em nome de algum ideal qualquer, pegou na cabeça de alguém e afogou essa cabeça apesar dos seus protestos e pedido de clemência, você não vale nada como ser moral. Você é vil e a sua bondade (aquilo que você apresenta como bondade) é apenas a manifestação duma ética instrumental. Reparem que não estou a falar dos casos em que você poderia ter feito o bem, mas não o fez. Estou a falar do caso em que você optou pela maldade motivado pelos seus ideais.
O primeiro paralelo interessante é o argumento da fatalidade histórica. Em Cuba, como em Moçambique, justificou-se a opção pela “revolução” com recurso à ideia de que essa era uma exigência da história (a tal que só julga depois, mas cuja opinião serve hoje para justificar o poder). Chamei a isto de “teleologia política” num artigo académico deste ano. É aquilo que o historiador moçambicano João Paulo Borges Coelho chama de história como fábula. A História da luta pela libertação ganha a função de legitimar o poder (exclusivo) de hoje. Em Cuba havia um amplo descontentamento com a forma corrupta como os governos pós-independência geriram o país. A ditadura de Fulgêncio Batista foi uma resposta a isso. O seu derrube por Fidel Castro e pelos seus colegas foi outra resposta. Esse derrube, porém, apoiou-se num amplo movimento com várias correntes. O desafio histórico em Cuba em 1959 não se reduzia à revolução ou não, mas sim à procura dum sistema político que respeitasse a diversidade de opiniões, interesses e sensibilidades que existiam no país. Fidel e seu irmão simplesmente não aceitaram isso impondo uma versão do derrube de Fulgêncio Batista que legitimava o seu poder contra todas as outras alternativas. A manifestação genuina de diferença virou “contra-revolução”, “lacaio do imperialismo ianque” e “traição ao povo cubano”. Mesmíssima coisa em Moz.
O segundo paralelo interessante é o da arbitrairedade do poder. Em Cuba, este problema foi apontado pelo académico francês, René Dumont, que foi acusado por Fidel de ser agente da CIA, aliás acusação típica que servia sempre para não aceitar nenhuma crítica. Quando se gere um país na base dum projecto político que exige o acordo de todos, não aceita alternativas e parte do principio de que só os detentores do poder é que sabem interpretar esse projecto correctamente abre-se o espaço para a arbitrariedade. Num sistema político como esse as regras do jogo não são o elemento essencial; o que é essencial é o que os detentores da verdade consideram importante nesse momento. Esse tipo de sistema político não investe no alcance de metas; investe na protecção do projecto contra alternativas. Daqui a criar um aparato de segurança gigantesco não vai grande distância (o que aconteceu também em Moz e continua com níveis alarmantes); daqui a dar a esse aparato poderes discrecionários amplos também não há muita distância, com a agravante de que nessas condições a incúria e o oportunismo que é próprio do ser humano se encarregam de cada vez mais disvirtuar o sentido das coisas. Não espanta, pois, que as vanguardas dos povos cubano e moçambicano (nos anos da Frelimo gloriosa) se tenham transformado em gigantescas máquinas de produção de inimigos do povo. A antropóloga moçambicana Maria Paula Meneses descreve este processo muito bem com a sua análise do “Xiconhoca”. Não espanta que os retrocessos naquela altura fossem sempre por culpa do “inimigo interno” e que os próprios erros fossem atribuídos à falta de fervor revolucionário. A coisa funcionava como uma igreja pentecostal. Se você não tem sucesso é porque não está a rezar bem ou porque o diabo está muito forte. E contra o (suposto) diabo era preciso ser implacável.
O terceiro paralelo diz respeito à comparação com outros momentos ou outros quadrantes. Já Andre Gides tinha escrito sobre isto em relação à própria União Soviética nos anos trinta do século passado. Quando se apontavam erros e excessos as pessoas defendiam-se dizendo que foi pior antes da revolução. Estatísticas não mentem, é certo, mas eu não estou lá muito convencido sobre a história de sucesso de Cuba nas áreas de educação e saúde. Ou melhor, acho que os criterios de avaliação não são adequados. A questão para mim não é quantas pessoas têm acesso à educação e à saúde, mas sim (a) se as pessoas têm acesso à educação e saúde que querem, (b) em que condições essa educação e saúde lhes é disponibilizada, (c) que mais educação e saúde teriam sido possíveis se todo o potencial existente no país tivesse sido devidamente mobilizado. Igualmente, e para que fique registado, embora admire Fidel Castro pelo apoio que deu às lutas de libertação e, acima de tudo, à Angola na defesa da sua soberania, interessa-me saber se houve um apoio genuino da parte da sociedade cubana, se os milhares de cubanos que morreram em Angola fizeram-no por um compromisso genuino com a causa angolana ou simplesmente para satisfazer um capricho do líder máximo. Aqui vem ao de cima uma característica particular de regimes autoritários: o indivíduo, a pessoa humana, não vale tanto quanto os desígnios do líder. Alguém vai dizer que serviço militar é serviço militar. Sim, mas em países civilizados as guerras em que um país se envolve são objecto de discussão pública e os governos que decidem ir à guerra estão sujeitos ao escrutínio público (alguns caiem por isso).
Estes três paralelos parecem-me suficientes para explicar a dificuldade que tenho de conciliar a minha gratidão pelo que Fidel Castro fez por nós com o seu regime despótico. Quanto mais leio e reflicto sobre o país mais convencido fico que ele (e Samora incluído) não merecem as lágrimas de quem verdadeiramente ama a liberdade. O António Cabrita escreveu, e eu subescrevo sem necessariamente adoptar a linguagem anterior dele, “[é] desta ganga, destas mentiras ideológicas, que a Esquerda precisa de livrar-se para que a sua Acção volte a ter autoridade e consequência.” Uma esquerda genuina e consciente tem que ser capaz de se distanciar de quem abusou o poder em nome de ideais de esquerda. Fidel e Samora fizeram isso. Só assim é que a identificação com esses ideais pode fazer sentido. Eu que não me considero de esquerda (infelizmente, entre nós parece estar enraizada a ideia de que quem não se identifica com a esquerda apoia o sofrimento do povo) apenas posso dizer que o meu ideal é um país que saiba encontrar espaço para todos na base dum regime político que cultive a diferença no respeito, e não a hostilize na arrogância da infalibilidade ideológica.
Eu quero viver num país onde a acção política não é julgada pela história, mas sim pelos tribunais e pelo debate na esfera pública. Julgamento da história é conversa fiada de ditador...
Deixo-vos aqui com a linda salsa de Richard Bona que nos mostra ligações mais positivas entre África e as Antilhas.
Richard Bona feat Osmany Paredes Live 2012 (HD)
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Comentários
Maria Paula Meneses Julgar, tal como tenho estudado o fenómeno, obriga a uma opção entre duas virtudes. Quem 'perde' é o lado mau. O que não significa que não se possa reabrir o processo e julgar de novo a pessoa. Na realidade, as formas que agora se chamam de 'justiça tradicional' não obriga a essa opção; pelo contrário, passa por uma negociação do assunto que levou as várias partes a entrar em conflito. Creio que é uma boa exploração do sentido do justo, mais além de uma redução a perpetrador ou vitima.
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Elisio Macamo concordo, Paula, mas há também a própria acção política e essa é agora. nós dispomos agora mesmo de critérios para decidir se mandar executar alguém por ser reacionário é bom ou não, e se se enquadra no nosso sentido do que é justo e ético. as famílias de quem foi morto arbitrariamente querem justiça hoje, não pela história.
Celia Meneses Gosto do debate nao gosto das premissas...eu nao vejo a liberdade como total isso nao existe...em lado nemhum, por outro lado um ditador ate a casa estar em ordem como aconteceu na coreia do sul pôs aquele pais num outro patamar, pais industrializado e com um nivel de desenvolvimento invejavel, gosto da ditadurazinha! Francamente nem sei qtos morreram ai porque como os EUA sao aliados, as mortes ai eram justificadas...Por outro lado e qto ao xiconhoca numca olhei para os cartoons nessa perspectiva porque senao todos os cartoons promovem uma critica social que nos demarca dos que ai estao reflectidos mas isso nao quer dizer que somos religiosos sao uma forma de critica social e que nos ajuda a rir da desgraça e a nao engolir todos os sapos que nos servem...e sim eu tenho um imenso respeito pelo Fidel e a vida eh assim e não se pode ter tudo ou desenvolves ou andas a falar o que te apetece...prefiro o desenvolvimento, o andar para a frente bem entendido para todos.
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Elisio Macamo oh, Celia, não sei se concordo contigo. espero não comprometer nenhum jantar (o chocolate já comprometeste...). primeiro, a liberdade pode não existir como total, mas o ideal de liberdade tem que ser total para valer à pena por ela lutar. não creio que o poder de mobilização de qualquer movimento nacionalista tivesse sido tão grande se tivessem dito que vão condicionar certas liberdades a isto mais aquilo. segundo, o argumento da coreia do sul parece-me diferente. o argumento aí, também o uso, é de que o desenvolvimento não é necessariamente incompatível com a ditadura (mesmo aí eu diria certos tipos de ditadura); a prova é que os coreanos vivem muito melhor (pelo menos materialmente) do que os cubanos. o facto de os eua aceitarem as atrocidades cometidas pelos seus ditadores favoritos não nos deve obrigar a aceitar as atrocidades dos nossos. eu condeno todas essas formas de ditadura. terceiro, a questão do xiconhoca é algo diferente. não se trata do humor em si. trata-se de como o recurso ao "inimigo interno" (definido na base do comportamento incompatível com os ideais revolucionários) serviu para impedir o poder de assumir responsabilidade pelos seus próprios erros. a figura em si foi inofensiva. mas a repressão aumentou à medida da importância dessa figura. a frelimo de samora reagiu aos seus próprios desaires aumentando a repressão. quanto às preferências, bom eu prefiro um país que me respeite como pessoa, que aceite as minhas preferências e que não me tutele em nome da sua própria infalibilidade ideológica.
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Celia Meneses O jantar mantem se ... mas a 100 milhas dos americanos essas liberdades nao existem
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Elisio Macamo hahaha. uf, ainda bem.
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Celia Meneses Eu nao sou muito democrata e qto mais vejo o que se faz em nome da dita menos acredito
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Celia Meneses Eu gosto de ordem e controle so assim se pode avançar eficientemente e claro sem embargos
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Elisio Macamo a grande vantagem da democracia é que nem precisas de ser para dela beneficiares... agora experimenta piar em cuba!
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Celia Meneses Tenho exemplos bem mais perto que conheces...numca deixei de piar!
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Celia Meneses Vou te mandar uma mensagens recentes so para veres o que se recebe qdo se pia na democracia.
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Elisio Macamo quem não gosta de ordem, Celia? mas a questão é como se impõe essa ordem. arbitrariamente ou como? hahaha. conheço. há quem pia com sorte...
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Elisio Macamo manda-me!
Ricardo Santos Não me parece, não me parece mesmo nada. Apesar de achar que o teu argumento está bem desenvolvido. (1) O enorme aparelho securitário cubano deve estar muito bem instalado em grandes organizações internacionais com é o caso da UNESCO e da OMS. São estas organizações que atestam os resultados obtidos por Cuba nas áreas da educação e da saúde. (2) Os três paralelos que mencionas escamoteiam outros tantos paralelos que fazem parte da equação e se podem resumir ao seguinte: a oposição feroz do imperialismo às revoluções libertadoras. Foi assim em Cuba com todos os actos agressivos norte-americanos dos quais o bloqueio que ainda dura não foi o mais pequeno e foi assim em Moçambique com todas as acções desencadeadas pelo regime do apartheid e pela Rodésia do Sul . Foi neste contexto de lutas sangrentas de Davids contra Golias que personalidades como Fidel e Samora exerceram os seus mandatos. O imperialismo existiu e continua a existir. A agressão externa contra Moçambique continua a existir. Tu próprio o demonstraste muito bem há dias atrás quando te referiste à forma insidiosa como o FMI desenhou a "ajuda" a Moçambique.
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Elisio Macamo receio que não estejamos de acordo, Ricardo. vamos por partes. a minha questão sobre a educação e saúde é outra. refiro-me aos critérios, não aos resultados em si. faz diferença para mim obter educação para todos passando por cima da vontade individual (em nome do bem revolucionário) ou obter educação de qualidade que respeite a vontade de cada pessoa. para mim é relevante saber como se chegou a esses resultados. se não fosse, não haveria como condenar hitler já que também criou infra-estruturas e não sei que mais. segundo, gostaria que melhorasses o argumento sobre os paralelos. o bloqueio americano é um facto, mas não natural (samora percebeu isso em relação à rsa e assinou o acordo de nkomati). o que quero dizer é o seguinte: a opção de hostilizar os eua também foi de fidel, portanto, dizer que teve que ser como foi para se defender de alguém que se sentiu incomodado pelas suas opções não me parece um bom argumento. ademais, esse argumento serviu para aterrorizar o seu próprio povo com a invenção contínua de traidores e a eliminação de todos os outros movimentos políticos que não sendo nem lacaios americanos, nem amigos de fidel, tinham o seu próprio projecto para a cuba. não me parece fazer sentido defender o terror e o fecho do espaço político com recurso ao inimigo externo. se o partido comunista em portugal ganhasse as eleições e decidisse eliminar todos os outros partidos (e fosse hostilizado pela união europeia) acharias bem que ele insistisse nesse fecho do sistema político só porque é em auto-defesa contra o imperialismo?
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Ricardo Santos Pano para mangas!!!!! Por exemplo, a opção de hostilizar os Estados Unidos não foi de Fidel, foi dos Estados Unidos. Cuba tentou outro tipo de relação com os Estados Unidos em 61, 63 e 64 e, nada. Os EUA sempre recusaram a rebeldia de um pequeno povo ali mesmo à sua porta. Golias enraivecidos pelo atrevimento do David. Aliás, não é por acaso que hoje se fala pouco ou nada do imperialismo norte-americano. Nota bem: não é por acaso!
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Elisio Macamo sim, pano para mangas. os eua não recusaram a rebeldia dum pequeno povo ali mesmo à porta. os governos americanos recusaram as opções políticas dum governo. isto muda tudo em minha opinião. é claro que o embargo continuaria injustificável aos meus olhos, mas não justifica que esse governo limite as liberdades do seu povo sem que este tenha a possibilidade de exigir um outro curso de acção. esta é uma distinção fundamental.
Celia Meneses Justiça e aplicação da lei sao duas coisas diferentes
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Maria Paula Meneses E para ajudar ao diálogo musical, Le Grand Kalé,https://youtu.be/reModLpEloc
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Elisio Macamo muito bom!
Amosse Mucavele Manuel Díaz Martínez sobre o livro- Informe contra a mí mesmo (1997), de Eliseo Alberto: É um livro que nos obriga a meditar sobre a tragédia da nação cubana sob o castrismo –nossa maior tragédia deste século – e sobre a participação e o destino de cada um de nós nesta tragédia, o que pode continuar após Castro se não formos capazes de construir pontes sobre o abismo causado por quarenta anos de intolerâncias, loucuras, repressão,retaliação e ressentimento. creio que ampliar o debate o Edward Said Reflexões sobre o exílio, Rafael Rojas.-Tumbas sin sosiego: revolución, disidencia y exilio del intelectual cubano, Richard Gott- Cuba: A new history. New Haven:
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Elisio Macamo obrigado. preciso de ler essas obras também.
Juma Aiuba Exactamente. Na verdade, devia ser proibido endeusar Fidel Castro pela internet. É muito contra senso.
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Michelle Cirne Vera Rodrigues Yumei Morales para nossas conversas.
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Edu Humbane Pesquiso educação. Tenho refletido quando se celebra os ganhos da educação em Cuba. Tratou-se de uma educação para a emancipação dos indivíduos? de uma Educação para a liberdade? Não terá sido a combinação entre a instrução (que parece ser de bom nível) e o doutrinamento politico/ideologico? A questão, no fundo é: que valores foram ou são veiculados naquela educação? Qual o ser humano se espera(va) que aquela educação produzisse? Para mim esta questão é fundamental para se celebrar (ou não) a educação de determinado pais!
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Elisio Macamo exactamente. sem falar do talento desperdiçado pelo mundo fora.
António Cabrita Foste rápido a achar a biografia. É de facto magnífica. Aconselho também vivamente para os paralelismos entre os processos de uma experiência social convulsa noutro país e que se passou em moçambique o livro do iraniano Shayegan, Le Regard Mutilé. Ficas transido com as similitudes... o que quer dizer que somos mais parecidos do que muitos gostariam. Também me impressionou muito a desonestidade com que Fidel tricotava os discursos, hoje chamar-se-ia intertextualidade (?), mas enfim dum vulto daquela natureza esperava um pouco mais de fogo inspirador e menos aldarabice... Olha e já agora, https://caliban.pt/sobras-do-som-e-da-f%C3%BAria-3...
Sobras do Som e da Fúria/3, algumas notas para uma ecologia política
CALIBAN.PT|DE ANTONIO CABRITA
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