Dez homens e três mulheres já estão garantidos na administração
Trump. A maioria é polémica, mas há escolhas feitas a dedo para
introduzir alguma diversidade na equipa. Veja quem faz parte.
1. O vice-presidente, Mike Pence
Foi, obviamente, o primeiro nome a ser anunciado, a 15 de julho, à boa maneira de Trump: num tweet. Com 57 anos, o até agora governador do estado de Indiana é um conhecido republicano conservador, defensor das ideias pró-vida e próximo do Tea Party. Ao contrário de Donald Trump, Mike Pence é um político, e é o braço direito de que o novo presidente precisava, já que tem experiência política e contactos em Washington D.C.Depois do afastamento de Chris Christie da liderança da equipa de transição, é o próprio vice-presidente eleito que tem estado à frente das operações. Dada a inexperiência de Trump, tudo indica que o número dois da Casa Branca se pode ir habituando a estar à frente de decisões. Como escreve o FT, Pence tem tudo para se tornar um dos vice-presidentes mais poderosos da história dos EUA.I am pleased to announce that I have chosen Governor Mike Pence as my Vice Presidential running mate. News conference tomorrow at 11:00 A.M.— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) July 15, 2016
2. O chefe de gabinete, Reince Priebus
É desde 2011 presidente do Comité Nacional Republicano, o órgão de gestão do Partido Republicano, pelo que a escolha está a ser interpretada como uma aproximação de Trump aos representantes do partido no Congresso. Isto porque nem todo o Partido Republicano tem estado do lado de Trump, e o apoio no Congresso é importante para que o novo presidente consiga aprovar muitas das suas ideias.Priebus chega a um dos mais importantes lugares da política norte-americana sem nunca ter sido eleito para um cargo público. Coordenou a campanha eleitoral e tem boas relações com o líder da Câmara dos Representantes, Paul Ryan (que recusou apoiar Trump na campanha). Por isso, tudo indica que Priebus será uma ponte entre a presidência e o Congresso. Mas o lugar de conselheiro próximo do presidente não será exclusivo de Priebus…
3. O estratega, Stephen Bannon
… porque Stephen Bannon está na equipa como “estratega e conselheiro sénior”. O Observador escreveu amplamente sobre ele aqui, e o que precisa de saber é que a Bloomberg já o considerou
“o mais perigoso operacional político da América”. Conhecido pelas suas
ideias extremistas e pelas mensagens de ódio racial, é a discriminação
sexual que mais tem marcado Bannon.No portal de notícias Breitbart News, que liderou, liam-se títulos como “A solução para o assédio de mulheres na internet é simples: elas devem sair da internet” ou “Não há qualquer tendência no setor tecnológico quanto à contratação de mulheres, elas é que são péssimas nas entrevistas”.
4. O conselheiro não-oficial (mas muito influente), Jared Kushner
Uma lei norte-americana impede que o presidente nomeie familiares para cargos na administração, pelo que ainda não se sabe bem que lugar é que o genro de Trump (marido da Ivanka Trump, filha mais velha de Donald) irá ocupar. O que é certo é que Kushner, cujo perfil o Observador traçou aqui, vai ficar bem firme na Casa Branca.A história que levou Kushner a Washington assemelha-se a uma telenovela, mas agora é um dos homens fortes de Trump. Dono do jornal New York Observer, Kushner ajudou Trump na campanha, aproximou o republicano dos judeus americanos e tem conseguido afastar do círculo mais próximo de Trump toda a gente ligada ao governador de New Jersey, Chris Christie, por vingança pessoal.
Mesmo que não tenha um cargo oficial, tudo indica que Kushner seja uma presença frequente na Sala Oval durante os anos em que Trump estiver à frente do país. No dia em que Trump se reuniu com Obama, Kushner ainda foi visto a passear nos jardins da Casa Branca com Denis McDonough, o atual chefe de gabinete de Obama, o que ainda levantou suspeitas de que seria uma reunião de sucessão.
5. O secretário do Tesouro, Steven Mnuchin
É o anúncio mais recente, mas ainda tem de ser confirmado pelo Senado. Mas não é surpresa. Steven Mnuchin, um antigo responsável do Goldman Sachs e investidor de Hollywood, será o novo responsável pelas finanças do governo dos EUA. Com 53 anos, não tem experiência governativa, apesar de ter trabalhado vários anos em Wall Street.De acordo com a imprensa norte-americana, a escolha de Mnuchin pode deitar alguma água na fervura populista da restante equipa de Trump, já que, com o seu estatuto em Wall Street, este empresário representa tudo aquilo que Trump tem contrariado — o sistema.
6. O conselheiro para a Segurança Nacional, Michael Flynn
Regressamos aos nomes polémicos. O general Michael Flynn, antigo líder dos serviços de informações militares que tem posições radicais relativamente à luta contra o Estado Islâmico, será o conselheiro para a Segurança Nacional, sendo uma das principais vozes que irão aconselhar o presidente Trump relativamente a matérias de segurança. Ainda falta saber, é certo, quem será o secretário para a Segurança Nacional.Para ter uma ideia sobre quais as ideias que Flynn vai partilhar com Trump na Casa Branca, basta ler o que o general já tem dito. “O medo dos muçulmanos é racional”, costuma dizer. De acordo com a imprensa norte-americana, Flynn tem tentado convencer Trump de que os EUA estão em guerra contra o extremismo islâmico, e que o país se deve aliar até à Rússia para combater o terrorismo. Outro detalhe relevante é que muitas das decisões militares do Presidente deverão ser tomadas por Flynn, já que Trump não tem nenhuma experiência em estratégia militar.
7. O procurador-geral, Jeff Sessions
O futuro responsável máximo pela pasta da Justiça é um apoiante de movimentos como o Ku Klux Klan (KKK), é conservador, anti-casamento homossexual, anti-legalização do comércio e anti-legalização do consumo de canábis. E, como Trump e grande parte da equipa, é um forte apoiante da deportação dos imigrantes ilegais.Apoiante de Trump desde o início, Sessions não é um nome consensual, devido às diversas polémicas em que esteve envolvido (sobretudo por comentários racistas e xenófobos) enquanto procurador. A maior foi quando Sessions disse que sempre achou o Klu Klux Klan um movimento “ok”, aceitável, até ao dia em que descobriu que “fumavam erva”. Tentou desculpar-se mas o Congresso e o Senado não o aprovaram para o cargo de juiz federal.
8. O diretor da CIA, Mike Pompeo
O próximo diretor da CIA é um elemento ligado ao Tea Party, movimento conservador interno no Partido Republicano. Ao contrário de muitos dos escolhidos, Pompeo não apoiou Trump desde o início: inicialmente, foi apoiante de Marco Rubio. Mas, argumentando que Hillary Clinton não poderia ser presidente, apoiou Trump quando venceu as primárias.Até aqui tem sido congressista pelo estado do Kansas, e é conhecido pelas suas posições políticas muito conservadoras. É contra o aborto, recusa a ideia de aquecimento global, apoia a posse de armas e é contra o Obamacare. Em termos de segurança, a área em que irá atuar, Pompeo tem-se manifestado sempre a favor dos programas de vigilância da NSA, e quer mandar prender Edward Snowden.
9. A secretária da Educação, Betsy DeVos
Betsy DeVos foi responsável por algumas políticas relevantes em matérias de educação, quando foi líder dos republicanos no estado do Michigan, mas nunca trabalhou na área da educação e nunca teve os filhos em escolas públicas. Para Trump, DeVos é “uma brilhante e apaixonada defensora da educação”, que vai “acabar com a burocracia que está a prender os nossos filhos, para que lhes possamos oferecer uma educação de classe mundial e escolhas escolares para todas as famílias”. No tweet em que agradeceu a nomeação, criticou o atual status quo nas políticas de educação.I am honored to work with the President-elect on his vision to make American education great again. The status quo in ed is not acceptable.— Betsy DeVos (@BetsyDeVos) November 23, 2016
10. O secretário para a Saúde, Tom Price
Trump quer acabar com muitas das políticas de Obama, e um dos principais alvos é o Obamacare. Por isso, vai colocar no lugar de responsável pelas questões de saúde um dos principais críticos daquele programa de saúde, o antigo cirurgião ortopédico e congressiste republicano Tom Price. O futuro secretário da Saúde quer reverter a maioria das medidas do Obamacare, porque considera “importante que não seja Washington a estar responsável pelos cuidados de saúde”.Price é também um dos principais promotores da alternativa republicana ao Obamacare, um plano que prevê que os utentes que têm acesso aos programas de saúde como o Medicare ou o Medicaid possam optar por um privado — o Obamacare impõe a obrigatoriedade destes programas. Na pasta da saúde, algumas das medidas impostas por Obama deverão, contudo, manter-se, nomeadamente a proibição de as seguradoras não aceitarem vender seguros de saúde a pessoas com um historial de doenças graves.
11. A embaixadora nas Nações Unidas, Nikki Haley
Até hoje governadora do estado da Carolina do Norte, Nikki Haley marca uma viragem nas escolhas de Trump: foi a primeira mulher a ser nomeada para a equipa de Trump, e também a primeira imigrante (é filha de pais indianos). Foi, aliás, este assunto que sempre dividiu Trump e Haley, que não tiveram sempre relações pacíficas. Nas primárias, Haley apoiou Marco Rubio e Ted Cruz, só ficando do lado de Trump depois da nomeação como candidato republicano.Acabou por votar em Trump e agora irá representar os Estados Unidos na ONU. Tudo indica que servirá de contrapeso às ideias de Trump para a imigração, visto que tem sido uma das suas lutas. O próprio Trump já a veio acusar de ter uma posição fraca relativamente ao assunto, depois de ter vetado uma medida que impediria a entrada de imigrantes legais no estado que governava.
12. O secretário da habitação, Ben Carson
Chegou a ser candidato à nomeação nas primárias republicanas, mas anunciou que apoiaria Trump quando se retirou. Agora, o neurocirurgião reformado será o secretário para a Habitação e para o Desenvolvimento Urbano, uma posição que o deixará em contacto com a ordenação do território nas cidades americanas. “Sinto que posso dar um contributo significativo, especialmente para tornar as nossas cidades fantásticas para toda a gente”, escreveu Carson no Facebook na altura em que foi escolhido por Trump para o cargo.“Temos muito trabalho a fazer para reforçar cada aspeto da nossa nação, e para assegurar que tanto as nossas infraestruturas físicas como as nossas infraestruturas espirituais são sólidas”, escreveu, numa mensagem em que também sublinhou a importância de “restaurar os valores que nos fizeram grandes”.
13. A secretária dos Transportes, Elaine Chao
Num comunicado divulgado esta terça-feira, a equipa de transição do presidente eleito anunciou que a nomeação de Elaine Chao para o lugar de secretária dos Transportes. Chao, uma imigrante originária de Taiwan, já tinha ocupado um lugar governamental na administração de George W. Bush, de quem foi secretária do Trabalho. A par de Ben Carson e de Nikki Haley, a nomeação de Chao vem acrescentar diversidade à equipa de Trump, o que pode ser interpretado como uma resposta às acusações de xenofobia e racismo que têm sido feitas ao futuro presidente dos EUA.A própria equipa de Trump faz questão de sublinhar que Elaine Chao é “uma imigrante que chegou à América com oito anos e sem falar uma única palavra de inglês”, e que “a experiência da Secretária Chao de se mudar para um novo país motivou-a a dedicar uma grande parte da sua vida profissional a garantir que toda a gente tem a oportunidade de construir uma vida melhor”. Para Donald Trump, as capacidades de liderança de Chao e a sua experiência são “ativos valiosos para a nossa missão de reconstruir as nossas infraestruturas de forma responsável em termos fiscais”.
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