Saturday, October 1, 2016

SOBRE ELIMINAR O TERRORISMO

SOBRE ELIMINAR O TERRORISMO

Do Rovuma ao Maputo não existe quem esteja indiferente com a possibilidade de recomeço do terrorismo contra as pessoas e os bens que tanto custam a criar e a recriar.
Nos mercados, nas bancas, nos chapas, nas conversas de amigos ou de família, nos jornais o  tema dominante que se levanta centra sobre o recomeço da guerra, o reacender das mortandades. Depois dos ataques contra um quartel que guarnecia um paiol, de se metralhar um machimbombo e camiões, de se declarar que se encerrava a comunicação a partir do Rio Save, nenhuma pessoa se sente tranquila por mais que não pretenda ir por via terrestre para a Zambézia, Tete, Nampula, Sofala, Niassa, Manica, Cabo Delgado.
Várias vezes por dia me interpelam sobre o que se deve fazer, sobre o que penso, sobre como sair desta ameaça de um novo pesadelo.
Já li, vi e ouvi as mais diversas opiniões na comunicação escrita, na rádio e na TV. De um modo geral todos alvitram sobre a necessidade de diálogo.
Venho-me interrogando sobre o diálogo, e pergunto com quem, para quê? Como se dialoga com um facínora que vos aponta uma arma e quer a nossa bolsa? Que diálogo se fez com oNiquinha, quando aterrorizava a população da Matola? Como se tranquilizaram as gentes? Ficaram satisfeitas apenas quando viram o cadáver do meliante que assaltava, mandava as mulheres cozinhar antes de as violar.
Nestes últimos tempos surgiram novos Niquinhas, encapuçados de lutadores pela democracia, aprendida com os ultracolonialistas que os geraram nos campos dosGE, GEP e Flechas, amamentados por Smith e tutelados pelo “apartheid”.
Para pôr termo às carnificinas fomentadas por estes criminosos lá se dialogou com eles, lá se movimentaram boas vontades das igrejas, do Islão, dos diplomatas. À força de muitos e muitos milhões de dólares ofertados pelo antigo patrão daLonrho, da ONUMOZ, das mais diversas embaixadas ocidentais e do erário público,  lá se arrefeceram os ardores canibalescos do nosso Niquinha. Por uns tempos, infelizmente. Na verdade tudo ele delapida, no álcool, nas mulheres, na droga, nas loucuras das suas andanças. Queixa-se e, em público, a esposa que não dá dinheiro para a casa, para os filhos, protestam os seus guarda-costas, baptizados deGuarda Presidencial, de nada receberem. Claro, tudo o vento da loucura levou.  E agora?
Vamos ameaçar com novas guerras. Vamos cortar o país. Vamos matar motoristas, camponeses, passageiros de comboios e machimbombos, viva os Niquinhas e as cedências aos meliantes!
Devemos aprender a experiência dos nossos irmãos angolanos que tudo fizeram para acomodar o seu Niquinha nacional. Fizeram acordos sobre acordos, criaram governos com a participação dos demais partidos mesmo na oposição, incluindo do Niquinha. Só resolveram depois de integrar os chefes dos apoiantes do Niquinha, isolaram-no e então, já foragido de tudo e todos, besta isolada, abateram-no, quizumba ferida.
A polícia deteve e bem um pretenso brigadeiro não sei se Piripiri, se Malagueta bem intragável, que leu um comunicado a declarar que encerrava as comunicações terrestres a partir do Save e a circulação dos comboios e viaturas no centro do país. Repetição do Pereira das cancelas.
Prendeu e bem. Ameaças seguidas ainda por cima de factos, de mortes, merecem cadeia. Há que perguntar aos apaniguados que por aí andam se apoiam ou não os crimes de terrorismo, as carnificinas, as ameaças de dividir o país. Há deputados na Assembleia da República, nas Assembleias Provinciais, nos municípios, há representantes partidários por toda a parte que se devem dissociar da infâmia, ou assumi-la, largando os mandatos e desfrutando as comodidades das cadeias. A Procuradoria deve agir e não fazer política, perante o crime.
Há que seguir a lição angolana. Integrar os que não desejam continuar como fora da lei, querem participar na vida do país, como empresários, artesãos, camponeses, como actores da vida política. No seu seio existem talentos que se podem aproveitar e fomentar para o bem de Moçambique.
Haverá mesmo que fazer algum sacrifício e, embora não produtores de petróleo e diamantes como Angola, criar-se um Fundo para Paz,  financiado pelo erário público, por donativos das gentes e empresas, como outrora se fez com o Banco de Solidariedade. Ofertemos donativos para a Paz, organizemos uma gestão idónea para haver bons resultados. Este seria um banco servindo a reintegração dos filhos desviados. De algum modo estaríamos a premiar os maus comportamentos, mas pouparíamos sangue e destruições.
Dialogue-se com quem mostra sensatez, desejo genuíno de se integrar na sociedade, como produtores, como agentes políticos, como cidadãos respeitadores da Constituição, da Lei, dos bons costumes e da paz.
Para os recalcitrantes, na sequência, há que seguir o exemplo angolano, depois de isolados do grosso, caçá-los e savimbizá-los.
Pela paz assente na seriedade e com quem a deseja na realidade e não está a extorquir-nos a vida e os bens, que deseja viver tranquilamente, o meu abraço,
Sérgio Vieira
P.S. Qualquer atacantesabe que guardas e sentinelas pelo frio da madrugada tendem a adormecer. Qualquer comandante sabe que o inimigo ataca quando se dorme. Então como explicar as sete mortes no ataque e pilhagem dos paióis?
Claro que não existem maus soldados. O mau comando transforma os melhores em péssimos. O mau comando fez agora sete mortos.
Abraço as sanções e corrigir-se o desleixo,
SV
R.P.S. Parece-me que voltamos à época colonial quando Roma só designava estrangeiros como bispos em Moçambique.
Não existem sacerdotes católicos e moçambicanos com méritos para dirigirem as nossas dioceses? Para quê então tantos seminários e estágios e formações fora do país?
Vivem os nossos sacerdotes no pecado, ou caracterizam-se por uma burrice inata à raça?
Abraço respeito pela moçambicanidade,
SV

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