Em 10 anos apenas, Moçambique de país promissor e de destino privilegiado de investimentos, tantos nacionais como estrangeiros, para um país para se viver e investir, devido a políticas erradas, simplesmente, adoptadas pelo governo de Armando Guebuza e, agora, as nulidades seguidas, religiosamente, pelo executivo de Filipe Nyusi.
Durante, somente, uma década inteira (2005/2015),Guebuza e seus colegas andaram a esbanjar o pouco que havia em festas, viagens partidárias, passeatas em helicópteros alugados, endividamentos criminosos e roubalheiras galopantes deixaram o país, completamente, atolado no matope e na vergonha colectiva, reflectindo, desse modo, a inépcia e a ineficácia das nossas instituições de fiscalização da legalidade.
A negação da diferença tem sido a causa dos conflitos por que o país tem estado a passar desde a independência nacional que voltou a atingir o seu apogeu no pontificado de Armando Guebuza que afastou a oposição e todas as vozes discordantes no seio do partido. O termo “moçambicano de gema” foi uma artimanha para silenciar que o “filho mais querido do povo da Pérola do Índico”, como o chamavam os seus acólitos, para silenciar os que discordavam da sua visão autocrática, e, severamente, corrupta.
Não se pode refugiar por detrás da crise mundial, como dizem os nossos governantes. O pomo da crise que nos assola passa, exactamente, pela fraqueza das nossas políticas e pelo excesso de ganância daqueles que sempre estiveram a frente dos nossos destinos. Para se perpetuarem no poder, mesmo contestados pelo povo, o partido governamental não se cansa de apelar aos demais concorrentes ao poder para o respeito escrupuloso à Constituição da República, quando se trata de repartir e descentralizar o poder administrativo de estado.
Tudo faz para demonstrar que a Constituição é uma espécie de bíblia ou alcorão, imutável ao longo dos séculos. Isso é falso porque a própria que existe não é dos primórdios dos cristianismo e mesmo os actuais rituais são diferentes dos tempos passados. No passado, os sacerdotes rezavam a missa em latim e de costas viradas para os crentes, porém, hodiernamente, são feitas em línguas locais e os seus rituais são uma verdadeira festa popular.
Era impensável essas cenas há uns 50 anos atrás. Tudo muda. Os filósofos dizem que ninguém toma banho duas vezes águas do mesmo rio. Todos compreendem isso à excepção de alguns dirigentes do partido da Frelimo – há gente boa no meio daquela escumalha e nulidades - que andam obcecados pelo dinheiro fácil. A imutabilidade da Constituição é um truque para que um grupo restrito de pessoas ligadas ao partido no poder continue a desfrutar, sozinhos, as benesses do país. Para eles, falar da alteração da Constituição é uma blasfémia, uma espécie de palavra ou atitude injuriosa contra uma divindade, a fim de se defenderem de questionamentos, próprio de quem está acostumado a comer sozinho.
Se a Constituição é motivo de conflitos, que seja alterada para que o povo tenha paz e sossego. Quanto ao nosso caso, está diagnosticado que a ordem juriridico-constitucional é o principal entrave do desenvolvimento da nossa democracia, pois, ela permite que uns ganhem tudo e ficam com tudo e os perdedores sejam pária, cidadãos de classes inferiores, sem direito a quase nada.
As nossas leis permitem que quem esteja no poder controle os órgãos eleitorais – STAE, CNE e o Conselho Constitucional e os abafe como o desejar. Quem está no poder chama ao seu controle os órgãos da justiça - tribunais e a procuradoria – para fazerem vista grossa à roubalheira, corrupção e a tantas outras trafulhices, como assistimos agora a procuradoria a declarar que não encontra nem ilícito nas dívidas ocultas e inconstitucionais.
Em Moçambique dos nossos dias, quem está no poder transforma o poder legislativo na sua bengala e manipula-o como quiser para fazer leis que o favoreçam. Quem está no poder transforma as universidades e institutos superiores de ensino em suas células para difundir a sua ideologia política e deixam de ser centros de difusão do conhecimento científico e do ensino técnico.
As forças armadas e a polícia servem os seus interesses económicos e comportam-se como se fossem cães de guarda.
Edwin Hounnou
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Nao tenho palavras para descrever este rico texto, nota 1000.