Foto: Refugiados moçambicanos no campo de Kapise
Um extraterrestre chamado Paulo Awade
Há momentos em que o rumo que a vida toma, obriga-nos a reconhecer e a assumirmos que SOMOS AZARADOS.
O país já está a arder, com tiroteios, colunas militares ao longo da N1, perseguição e assassinatos de dirigentes partidários (Frelimo e Renamo), refugiados ou deslocados moçambicanos no Malawi e outros fenómenos que estão a tornar o dia-a-dia dos moçambicanos um verdadeiro caos.
É de outros tempos o provérbio segundo o qual “um mal nunca vem só”.
Há sempre um acompanhante que vem, negativamente, apimentar a já sofrida condição de vida dos 25 milhões de moçambicanos.
Vem isto a propósito das recentes declarações de um governador provincial que, por qualquer equívoco, passou no casting da lista que foi parar às mãos de Filipe Nyusi.
Nome dele é Paulo Awade. Não é a primeira a vir publicamente dizer, à luz do dia e diante de câmeras de televisão, tamanhas asneiras. Daquelas asneiras que, em Estados modernos, quem o nomeou tinha a obrigação moral e profissional de, no dia seguinte, exarar um despacho de exoneração.
Depois de em outros tempos, Paulo Awade ter publicamente dito que “alguém o tentou subornar em pleno gabinete de trabalho”, vem agora, o bom do governador, mostrar o seu estado míope, a sua insanidade mental e o seu total e manifesto estado esquizofrénico.
É que, não cabe, na cabeça de pessoas razoavelmente civilizadas e humanizadas, que um governador provincial venha dizer que o país não se deve preocupar com os quase sete mil moçambicanos que fugiram para o Malawi, pelo simples facto de serem “filhos e mulheres de homens armados da Renamo”.
Ou seja, para o insano governador, se um moçambicano é membro de um partido que não seja o seu (Frelimo), este moçambicano perde os direitos que a Constituição da República consagra a favor deste moçambicano. As declarações do governador vem claramente confirmar as denúncias feitas pela Renamo e, na primeira pessoa, pelas próprias populações, segundo as quais fogem para o Malawi para escapar da perseguição das Forças de Defesa e Segurança.
As populações já disseram que as suas casas e celeiros foram queimados, outros mortos e outros ainda chamboqueados pelo simples facto de serem membros da Renamo ou pelo simples de serem confundidos como tal. São acusados de serem familiares de homens armados da Renamo, de alimentar e proteger os homens armados, daí que devem ser castigados e expulsos da zona para se devolver a paz e tranquilidade.
Tudo isto foi confirmado por Paulo Awade, pois, na primeira pessoa disse: “Aqueles são familiares, filhos e mulheres de homens armados”. Assim, não podem ser considerados refugiados, mas sim familiares de criminosos.
O governador disse tudo o que disse porque sabe que estamos num país em que não se implementa o termo “responsabilização”.
Ele sabia que poderia dizer o que quisesse dizer, pois o seu chefe não vai, de maneira nenhuma, fazer nada.
Absolutamente nada. E mais, sabe que se no dia seguinte as populações fossem manifestar a casa do governador, exigindo a sua responsabilização, as FDS sob sua alçada iriam protegê-lo. De facto, é verdade. Só que, alguns governantes se esquecem que a panela continua a ferver e quando atingir o ponto de ebulição, não existe tropa nem Polícia alguma que vai conseguir impedir a revolta e a justiça popular. É que há momentos em que se não é quem de direito a endireitar o que deve ser endireitado, será o povo a dizer “basta” a governadores da estirpe de Paulo Awade.
MEDIA FAX – 02.03.2016
Quem me faculta a entrevista completa do Governador de Tete ao jornal O País? Algo me diz que ele esteja a ser, parcialmente, vítima da incompetência na leitura. Pelo menos o que li no resumo online no site do jornal deixa-me com algumas dúvidas em relação à interpretação que se faz do que ele disse. E lá vamos nós outra vez...
Obrigado ao Luis Muianga:
O Sr. Governador de Tete deve estar a precisar de tratamento. A Renamo insiste nas suas posições anteriores.
YOUTUBE.COM
Comments
Jeck Alcolete Professor sugiro que veja o vídeo tbm. Infelizmente não tenho como o ajudar nesta empreitada.
Mussá Mohamad Professor, espere para ver o conteúdo completo...pois antes disso, estaremos no campo da "crença" ou "fé"...e isso é díficil de debater...
É melhor o professor não adiantar ss suas suspeitas, por hora...sob o risco dos "extremístas" apoquentados pod paixões partidárias cegas...atacarem o professor.
Ismail Mahomed Também o aconcelho a ver a peça da STV referente a entrevista feita ao governador muito elucidativa da polémica que originou a seguir os pronunciamentos
Júlio Mutisse Não tenho como ajudar meu irmão! Vi na TV, vi a expressão facial e o modo como disse o que disse! Fiquei mais indignado por ele ser governador de Tete e não ser só governador dos que votaram em Nyusi que lhe nomeou mas, também, ser governador dos demais incluindo os filhos e mulheres dos homens da RENAMO. Na minha indignação há que ter em conta a percepção que já tenho dele sedimentada em intervenções anteriores que soaram para mim do mesmo jeito.
Pode ser parcial a entrevista mas ele disse o que disse... e com aquela expressão...
Júlio Mutisse Não sei por que mas estou com a sensação que procuram justificar o PA. Já vi outro post neste sentido
Elisio Macamo hmmm, Júlio, não posso ver com os meus próprios olhos e ouvir com os meus próprios ouvidos antes de formar o meu próprio juízo? o resumo que vi no país deixou-me em sobressalto. já vi estes assassinatos de carácter ocorrerem aqui no facebook por má interpretação do que alguém disse. guebuza foi uma das maiores vítimas disso. preciso de ver e ouvir em primeira mão para formar o meu juízo. depois, se for caso, justifico...
Tiago Valoi É verdade. Concordo com Julio Júlio Mutisse. Não ha como embelezar as palavras do governador pk nem é primeira vez que ele pronuncia-se nesses termos. E é sim uma vergonha para a posiçao que ele ocupa. Mesmo Nyusi que é chefe dele nunca teria coragem de lançar vómitos daquela dimensão.
Júlio Mutisse Swi vone Makwero hi ta bula depois.
Posso te reenviar um outro pronunciamento dele sobre outro assunto que tenho em vídeo.
Elisio Macamo ha, Júlio! estamos a falar dum assunto apenas, não de outros. por mim mesmo que ontem tenha dito que tu devias ser nomeado para mister universo isso não afectaria o que ele disse sobre o assunto em causa.
João Pedro Muianga Bravo Júlio Mutisse.
Elisio Macamo bom, acabei de ver e ouvir a entrevista da stv. obrigado aoLuis Muianga pelo envio do elo. lamento ter de discordar. a entrevista do governador, de facto, não é tão grave como muitos comentários sugeriram. mais uma vez tempestade em copo de água. a única coisa que considero grave no seu depoimento é a sua incapacidade de distinguir entre refugiado (além fronteiras) e deslocado (dentro do país), mas tudo o resto é pacífico. podemos não concordar com ele quanto à responsabilidade que ele atribui à renamo, mas isso não é razão para os insultos de que ele foi alvo (incluindo um apelo para que fosse chamboqueado), é apenas um ponto de vista. ele não nega moçambicanidade aos da renamo como alguns comentários sugeriram, na verdade, ele faz uma distinção entre os que constroiem e os que destroiem e é nesse contexto que faz essa distinção. a pérola do índico não deixa de surpreender. mais um indivíduo linchado sem razão aparente senão o mau hábito de ler e ouvir o que queremos ler e ouvir.
Júlio Mutisse Viu a entrevista toda meu irmão? Me parece que estamos a falar de coisas diferentes. Aquela parte em que ele embrenha na ideia de mulheres e crianças e conclui quem são aqueles mano viu mesmo?
Elisio Macamo vi essa parte. é a última na versão que tenho. vou ver se coloco o link. não vejo nada problemático nesse trecho senão uma tentativa patética de recusar ver um problema (uma atitude, digo desde já, com a qual concordo depois de ver uma das principais bases de toda esta conversa sobre refugiados, nomeadamente a péssima reportagem do human rights watch).
Júlio Mutisse A minha indignação centra se nesse trecho!
Elisio Macamo a tua indignação não tem razão de ser, Júlio. reproduzi o trecho noutro comentário antes de ver que tinhas reagido aqui: "não é possível ter duas populações, a população que está lá está a produzir nas suas machambas. aqueles que estão no malawi são os deslocados que vão para lá… e se verificar muito bem, no malawi tem mais crianças e mulheres, que são as mulheres e crianças dos homens armados…". o que é que te indigna neste trecho?
Júlio Mutisse Esqueceu de dizer, na minha opinião, mas já respondi em outro comentário lá...
Júlio Mutisse A minha indignação centra se nesse trecho!
Francisco Wache Wache porque é que aquelas mulheres e crianças não podem ser esposas e filhos dos homens da renamo?
Elisio Macamo sim, porque não? e qual é o problema com isso? não vejo onde ele recusa a essas mulheres nacionalidade moçambicana.
Júlio Mutisse Então toda a questão em discussão a volta dos refugiados minimiza se por essa qualidade? Não retirem o trecho do seu contexto!
Francisco Wache Wache Nessa coisa de refugiados ha muita coisa que pode perguntar. Por exemplo, se Awade não tem razão no que diz sobre a proveniência dos refugiados, entao de onde saem os refuguados que fazem 70km ate kapesi, se entre Mukhondezi e malawi a distancia é de aproximadamente 30km?
Elisio Macamo aqui está o último trecho que tenho "não é possível ter duas populações, a população que está lá está a produzir nas suas machambas. aqueles que estão no malawi são os deslocados que vão para lá… e se verificar muito bem, no malawi tem mais crianças e mulheres, que são as mulheres e crianças dos homens armados…". não vejo o problema disto, mas se calhar sou mesmo pró-frelimo ou coisa parecida.
Francisco Wache Wache Por que, por exemplo, havendo lugares mais seguros, no pais, como zobue, mutsakama, que ficam ha menos de 70 km, os tais refugiados optaram por percorrer os 70km?
Elisio Macamo a própria questão dos refugiados precisa, como tenho vindo a dizer desde ontem, de maior atenção. há muita zona de penumbra que a gente, por credulidade, não quer analisar com mais cuidado.
Francisco Wache Wache De onde vem os 6000 se naquela localidade a vida corre normalmente e nao se fala de guerra. Falam apenas de ouvirem disparos em algumas zonas dos interior, sobretudo em Ndande, onde a reportagem da STV não conseguiu escalar?
Elisio Macamo esse é, por exemplo, um dos erros graves cometidos pela reportagem. reproduz o número 6000 (e números redondos são sempre suspeitos), não consulta as estatísticas para confirmar, nada, aceita apenas. não consultei as estatísticas, não sei quantos habitantes há, mas é obrigação dum jornalista responsável verificar esses detalhes para melhor informar.
Francisco Wache Wache Pode ate haver arrogância na maneira dele de falar, mas as suas palavras tem de ser analisadas com calma. E ate em muitos pontos ele pode ter muita razao
Júlio Mutisse Mano Elisio, ontem concordamos que existem moçambicanos refugiados no Malawi como um facto! Isso não está em discussão não é? Pouco importa se andaram 70, 20 ou 5km! Pouco importa se são meus ou seus familiares! A um Governo que vela pelos seus, importam acções que minorem seu sofrimento, ao Governador da província de onde eles saíram deve importar sim a razão por que saíram, como o próprio facto de terem saído e estarem lá, deve lhe preocupar o que fazem, como vivem e preocupar lhe pouco com quem fizeram filhos ou casaram. O contexto em que a coisa foi dita e a forma soou me como...
Elisio Macamo bem, o nosso acordo ontem foi ligeiramente diferente. eu disse que podemos tomar como facto que há moçambicanos no malawi fugidos da violência, MAS a dinâmica dessa fuga é ESTRANHA e, por isso, merece ser analisada, sobretudo porque as nossas fontes de informação são muito péssimas. não vejo o governador a recusar atenção a nenhum moçambicano. ele só está a dizer quem são as pessoas. só isso. podemos não concordar, mas não vamos imputar palavras que ele não proferiu.
Paulo Phiri o povo de Mkondezi, assim como de Tsangano, Angonia e o restante de população do norte da província de Tete tem memorias muito violentas da guerra civil e historicamente esse povo sente-se mais seguro no Malawi em relação a qualquer parte de Moçambique (sao adeptos da seleccao do Malawi do que dos mambas, acompanham mais noticias malawianas do que as nacionais, preferem fazer tranzacoes economicas com os malawianos do que os nacionais, boa parte tita carta de conducao do Malawi e nao em Mocambiqe). por isso, penso que eh lógico que Malawi seja um destino primário para aquele povo em situação de instabilidade e ir a Zobue, Ndande ou Chiandame não faz parte da opção porque de igual forma são zonas em que a guerra teve maior incidência, penso que a população que esta no Malawi eh sim Mocambicana, de diferentes preferencias politicas e que querem evitar a repetição da historia.
Elisio Macamo pacífico. continuo a não ver o problema no que o governador disse.
Francisco Wache Wache Mano julio Júlio Mutisse a linha froteriça entre moz e malawi é muito tenue. Foi feita apenas de estradas. De um lado da estrada é mocambique do outro lado da estrada é malawi, de modo que ha mocamicanos que estudam em.escolas malawianas e a malawianos que estudam nas escolas mocambicanas. Em domwe, onde estive ha dias, os malawianos frequentam o ensino secundario em Moçambique, e a moeda que circula é malawiana. Tem como saber com exactidão que de facto aqueles que estão ali sao moçambicanos e nao malawianos?
Júlio Mutisse Embora não muito bem, conheço o Malawi. Atravesso várias vezes a fronteira de Zobue e converso com colegas malawianos que se sentem a vontade do nosso lado da fronteira. Tenho amigos que nasceram naquelas bandas e outros que trabalharam ali até há pouco tempo pelo que, neste comentário não me está a dizer nada que já não saiba antes mesmo de começar a ir ao Malawi. Está a repetir algo que Zacas Launde me conta há 20 anos. Isso não invalida que hajam moçambicanos refugiados no Malawi fugindo de algo que ocorre em Moçambique. As razões por detrás do cruzamento dq fronteira são várias e a instabilidade pode ser mais uma a juntar agora.
Há 30 anos a guerra lavrava em Mandlakazi e minha mãe mandou nos primeiro a Maputo e ela veio mais tarde. Meus irmãos vieram a Maputo para estudar e trabalhar. Maputo seria destino na mesma mas houve a fatalidade guerra que acelerou a vinda.
Francisco Wache Wache zikhomo Paulo Phiri. E porque é a população de muxungue e de Gorongosa que também passou por mesmas peripécias e agora esta passar por maiores não se desloca e não se refugia como aquele?
Júlio Mutisse Então toda a questão em discussão a volta dos refugiados minimiza se por essa qualidade? Não retirem o trecho do seu contexto!
Francisco Wache Wache A que qualidade qualidade se refere?
Júlio Mutisse Qualidade de filhos e esposas de homens armados da RENAMO.
Francisco Wache Wache Bem. Ate pode ser mano julio. Ai em mukhondezi, esta perto do quartel general da renamo em tete. A famosa base de matenge. Aquela base nunca foi desmantelada. E a mesma que alimenta a guerrilha de tsangano ate mukhondezi e vai mais longe. Ndande moneleque, mukhondezi sao zonas que sao fortemente habitamos por esses homens, que. naturalmente, estavam a guarnecer a sua base. Portanto, o argumento de awade encontra enquadramento justamente ai
Elisio Macamo mas o governador não diz que as mulheres e crianças devam ser discriminadas por isso. ele acrescenta um pensamento depois de dizer que há "deslocados" no malawi lembra um facto que ele considera insólito, nomeadamente que são na maioria crianças e mulheres o que conclui a tese anterior sobre os que ficaram e os que fugiram. a gente pode considerar essa tese equivocada, mas não discrimina. para mim ele foi coerente.
Júlio Mutisse Mano Elísio, vou voltar a outros afazeres. Posso voltar mais tarde mas não queria sair sem lhe lembrar o contexto da entrevista como um todo. Na minha leitura, a entrevista decorre num clima de negação por parte do Governador Awade para quem, "as pessoas acomodadas no campo de Kapise são deslocados, na sua maioria malawianos que fogem da fome que assola aquele país" referindo ainda que "no Malawi há seca, como em Moçambique, e alguns malawianos fazem-se de deslocados em pontos estratégicos da nossa fronteira, portanto, nós não temos nenhum refugiado no Malawi" Portanto, meu irmão, em toda a análise que faça deste discurso não deve esquecer este facto. Não há refugiados no Malawi na óptica do Governador. A Todos os que estiveram no Malawi e dialogaram com moçambicanos lá estão a mentir, portanto.
Ontem, nós dois, não discordamos no facto de haver moçambicanos lá. E estão lá compatriotas nossos. Isso é um facto independentemente do encadeamento que possamos dar aquele fenómeno.
O país como um todo, neste momento, está preocupado com isso; independentemente dos exageros numéricos que possam ser dados quer em termos de quilómetros percorridos ou da situação nas zonas de origem, o país está preocupado com aquelas pessoas que o Governador, nos termos citados acima nega existirem. No contexto deste encadeamento, no contexto desta negação, NA MINHA OPINIÂO; quando ele lança a ideia de que os que lá estão "são familiares de homens armados da Renamo" e da forma que o diz, parece minimizar toda a preocupação que se tem perante os que lá estão incluindo o que deve ser feito em seu socorro ao estilo: não são tantos assim, ainda por cima são familiares dos que provocam sofrimento da população.
Francisco Wache Wache Mente awade ao dizer que ha seca e fome. naquela zona nunca para de chover. Como ele vai dizer que ha seca em malawwi e em mukhodezi as pessoas estao na machamba? nao ha nenhuma possibilidade de haver seca naquela regiao, ha chuva em abundancia.
Elisio Macamo está bem, até logo, Júlio. receio que vamos continuar a discordar. tu até acabas dando maior coerência ao que ele disse do que ele próprio seria capaz de fazer. a negação dele faz todo sentido, mas isso não significa que ele negue que haja moçambicanos no malawi. ele não quer que sejam chamados "refugiados" por razões que eu compreendo (e eu aceitaria isso como uma posição legítima mesmo sem concordar com ele, se fosse o caso). mas não vejo nesse posicionamento nada digno do tipo de condenação que tenho visto por aí. e repito: a reportagem da human rights watch e as três da stv são uma lástima autêntica. quando toda uma esfera pública se posiciona em relação a assuntos importantes da nossa terra com base em trabalho profissionalmente mau ficamos todos mal.
Júlio Mutisse O meu posicionamento baseia-se num facto reconhecido: há moçambicanos lá. O próprio Governo (de que o Governador faz parte) já reconheceu estarem lá. Qual o valor da negação do Governador agora e naqueles termos?
Elisio Macamo se calhar porque ele não é caixa de ressonância de ninguém...
Júlio Mutisse Mais preocupante ainda! Incoerência no Governo?
Júlio Mutisse Para além da arrogância claro!
Elisio Macamo pode ser tudo isso, Júlio. mas não justifica os insultos de que ele foi - e tem sido - alvo. para te dizer a verdade, eu acho bom que ele tenha levantado o assunto. há várias razões para um governo aceitar o que a "comunidade internacional" diz. lembras-te da reacção no facebook quando nyusi foi comedido? ainda bem que ele tem um paulo awade!
Vicente Manjate Mano Elisio Macamo, nada do que alguém disser justifica que seja alvo de insultos, principalmente quando levantar questões que podem não agradar a maioria, seja ele governante, político, pastor, servo de Deus, simples munícipe, etc. Só temos que ser objectivos na análise dos pronunciamentos e, isolarmos a pessoa das suas funções públicas. Estou correcto, Professor?
Elisio Macamo seja ele arcebispo reformado se é aí onde quer chegar, embora neste caso do governador de tete a questão seja de saber se o que ele disse merece o tipo de reacção que houve. depois de ver a peça jornalística cheguei à conclusão que não. e isso é independente da questão que coloca sobre se os insultos a quem diz o que não agrada são justificados. esta é uma pequena ajuda para nos cingirmos ao essencial do post conforme sua recomendação ontem no mural do júlio...
Gabriel Muthisse Júlio Mutisse, o membro de um governo não pode ter uma crença diferente da do governo a que ele pertence? Sera pecado expressar essa opinião diferente, se for o caso? Todos os membros do governo devem repetir acriticamente a tese de refugiados, mesmo que achem ter dados que a neguem?
Júlio Mutisse Já respondo! Sem carga
Gabriel Muthisse Repare-se, nao conheco a situacao, nem sei se o meu amigo Awade estas certo. Mas ele não deve ser coagido a dizer coisas em que não acredita. Como Francisco Wache Wache diz, a vida continua a decorrer normalmente de onde se diz que aqueles "refugiados" provêem. As crianças continuam a ir aa escola. As pessoas continuam a fazer machamba. E, toda aquela região, não deve ter 6000 habitantes. E mais, não existem os 70 kms referidos por Manjate na sua reportagem. Acha que, mesmo com estes factos, Awade deve repetir como um papagaio a tese da STV e da HRW? So porque ha-de ser apedrejado em praca publica se trouxer a sua própria analise? Eu, se fosse Awade, e com todos estes dados que conhecedores da região como Wache e Eusébio A. P. Gwembetrazem, teria dito exactamente as mesmas coisas. Mesmo que conhecesse com antecedência o teor das tuas criticas contundentes.
Elisio Macamo humula, Júlio. quando vi o teu post ontem acreditei sinceramente que houvesse algo de errado nos pronunciamentos do governador. a recusa de alguns de considerar a questão de fundo, nomeadamente aquilo que me pareceu uma fuga atípica (com base no trabalho de pesquisa que eu próprio já fiz e que é confirmado por outros investigadores noutros quadrantes) levou-me a rever a fonte da nossa informação. já tinha lido o texto da hrw assim de raspão e o que vi deixou-me perplexo e vi-me obrigado a consultar algumas pessoas conhecedoras da região, uma das quais foi o Eusébio A. P. Gwembe. vi as reportagens da stv e fiquei estarrecido com a péssima qualidade. quando publiquei a reportagem da hrw ontem até fui abordado por um jornalista profissional - e que não está ligado à frelimo - que prefere manter o anonimato e que confirmou as minhas reticências em relação à qualidade mesmo jornalística da peça da hrw. como é você pode fazer uma reportagem inteira sem contraditório sobre um assunto tão sensível e ainda terminar com apelos para que o governo faça algo? como é que você pode simplesmente dizer que está perante "relatos credíveis" sem nenhuma outra base senão as suas próprias convicções? como é que você não confirma os números? como é que você não vai ao terrreno e fala com os que ficaram para saber porque não fugiram? enfim, uma série de interrogações que me deram, aos poucos, a sensação de que o governador está a falar a partir duma outra base de informações que precisa de ter tomada em consideração.
Elisio Macamo minimizar o assunto, como o governador pareceu fazer, pode também dar tranquilidade a quem assiste lá do ar condicionado, sobretudo quando o faz na base de informações de qualidade duvidosa. o problema, Júlio, é que este assunto envolve algo que todos nós gostaríamos de tratar como dado adquirido - nomeadamente a fuga por causa das atrocidades das fds - mas que o sentido crítico e cívico nos obriga (pelo menos a mim) a tratar com cuidado. veja só o título da hrw: "fuga em massa após alegados abusos do exército". devia ser: "alegados abusos do exército na origem de fuga em massa". a diferença é subtil, mas importante.
Júlio Mutisse Mano Elisio vou descansar sim! Podemos levar o que resta do ano acho que não chegaremos à convergência pois partimos de dois pontos de análise divergentes. Meu irmão está, por demais,focado nos problemas das reportagens da STV ou da HRW e não no facto de existirem pessoas refugiadas no Malawi. Em termos práticos concordamos que existem. E esse é meu principal ponto.
O segundo é como tratamos aquelas pessoas e, em relação aos pronunciamentos do Governador, acho que são irresponsáveis. As razoes estão espalhadas em diferentes comentários de hoje e de ontem e mais no último acima.
Elisio Macamo ok, o resto discutimos quando eu cobrar os frangos.
Gabriel Muthisse Júlio Mutisse, eu nao tenho detalhes sobre este imbróglio. Mas ouvi falar, sem prestar muita atenção, de um desentendimento entre Oldemiro Baloi e o representante da ACNUR no Malawi. um desentendimento algo ruidoso. Se isto for verdade, pode significar que a tese de "refugiados" não seja tao pacifica como parece a muitos. Repito, estou um pouco longe do assunto, não tenho detalhes. Mas tudo indica que este assunto esteja ainda coberta por certas zonas de penumbra. A todos os níveis.
Júlio Mutisse Então tudo gira em torno de quem comunica connosco. Sobre este assunto o Governo deve chamar a si a credibilizacao da comunicação desta crise sob o risco de os Unays deste país tomarem conta da situação. E é aqui ode entra a contradição entre uns e outros dentro da mesma estrutura.
Francisco Wache Wache Entre o governo central e ele quem conhece melhor a zona e a situacao?
Júlio Mutisse Peço que veja meu comentário em resposta a Gabriel Muthisse please.
Ismail Mahomed Eu penso que a forma como ele o governador respondeu às perguntas ficaria bem ao comando geral da polícia ou do chefe do estado maior do exército e não a um governador da província, penso eu que ser líder de uma província implica pra além de gerir orçamento e património material implica também gerir sensibilidades, emoções das populações que governa, principalmente no momento sensível a que nos encontramos. Gostei da postura do PR e do MNE, levaram o problema a peito deslocou imã equipe a área em causa para tomar pulso da situação e depois teceu comentários, coisa que duvido que o PS tenha feito na entrevista parecia um aluno que não tinha feito os deveres de casa e foi essa péssima sensação que me deixou
Elisio Macamo bom, é uma questão de percepções. eu continuo a não ver nada naquela entrevista televisiva que mereça os ataques de que foi ele tem sido vítima. até anda aí um póster com a cara dele a dizer algo que nessa entrevista pelo menos não disse. essa é a questão aqui.
Hermenegildo Joao Boa noite Prof. Dr Elisio.olha, tenho muito respeito e admiracao por si e pela familia Macamo, isso falo de coracao mesmo. Contudo, nao percebo o porque de se refutar que os mocambicanos que estao em Malawi sao refugiados? tivemos o mesmo cenario a quando da guerra dos dezasseis anos, Mocambicanos de noroeste de Gaza atravessaram fronteiras para a RSA, sobrtudo na provincia de Limpopo, concretamente em Gazankulu, eu tenho ate hoje familiares doutrolado em Bushbakridge. no passado eram tidos como refugiados e depois da introducao da queda do apartheid e consequente introducao da democracia,foram atribuido o estatuto de Mozambican citizen.
Hermenegildo Joao seria bom que revisitassemos os conceitos de Refugiado e o de deslocado. para tal pode se consultar a convencao das Nacoes Unidas sobre os refugiados. se disse mais, imploro perdao, o que quis dizer foi, seria bom que assumirmos o facto, nao obstante, tambem temos que prestar atencao no discurso do governador de tete, quando diz que, apenas esta cheio de mulheres e criancas, e os homens, onde estao?
Elisio Macamo mas quem está a contestar isso aqui? quem é que está a dizer que não há refugiados moçambicanos no malawi? eu não. o governador também não, embora ele confunda deslocado e refugiado. a discussão é outra aqui.
Eugenio Chimbutane Tem razão o Elisio Macamo também voltei a rodar o vídeo e não ouvi excessos. Ele não negou haver pessoas que abandonaram as suas casas. E não há surpresa. Só os corajosos eh que podem permanecer em zonas palco de conflitos e violência, onde quem sofre são inocentes.
Elisio Macamo e essa é a questão. o que é que há de errado no que ele disse até ao ponto de ele ser linchado publicamente. não vejo isso naquele vídeo. mas se calhar oiço mal.
Eugenio Chimbutane Tem razão o Elisio Macamo também voltei a rodar o vídeo e não ouvi excessos. Ele não negou haver pessoas que abandonaram as suas casas. E não há surpresa. Só os corajosos eh que podem permanecer em zonas palco de conflitos e violência, onde quem sofre são inocentes.
Elisio Macamo e essa é a questão. o que é que há de errado no que ele disse até ao ponto de ele ser linchado publicamente. não vejo isso naquele vídeo. mas se calhar oiço mal.
No comments:
Post a Comment