segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Mensagem de Ano Novo para a minha gloriosa Frelimo


(Nada como habitualmente!)


Hoje já estamos a 4 de Janeiro de 2016. Para trás ficou a quadra festiva de fim-de-ano de 2015. Mais do que contemplar as realizações ou fracassos do ano de 2015, este é o tempo de conferir e pôr em prática os planos traçados para o presente ano, 2016. Este ano é novo. Coisas novas são sempre motivo de exultação ou de perplexidade. A "entrada" num Ano Novo constitui uma revelação de que o curso do tempo continua imparável. E com a mudança do tempo mudam todas as outras coisas, incluindo as vontades e os planos. Até os mortos mudam com a mudança do tempo. Os seus corpos são irreversivelmente transformados no "pó" de que alguma vez foram feitos. É o curso dos ciclos biogeoquímicos. Os átomos de carbono, hidrogénio, oxigénio, nitrogénio, enxofre e fósforo que alguma vez fizeram parte dos organismos mortos são reciclados num processo que os levarão a ser incorporados nunca nova vida. É assim a nossa mãe Natureza: recicla tudo o que dela faz parte, incluindo o Homem.

Neste princípio do Ano Novo de 2016, exorto à minha gloriosa Frelimo para que não durma no baloiço das vitórias, algumas das quais largamente contestadas. Vitórias contestadas, ainda que erradamente, devem ser motivo de preocupação, porque elas significam que algo não está bem ou com quem as ganha, ou com os técnicos que preparam o vencedor, ou com os juízes das partidas, ou com os expectadores. Vitórias que sabem bem são aquelas que não deixam margem de dúvida de que o vencedor é, de facto, o vencedor, e revelam o seu bom nível de preparação.
É um facto inequívoco que a Frelimo precisa se renovar e modernizar. Precisa preparar-se para momentos difíceis por vir, incluindo ser oposição. Para diante tem que ir pensando e estudando como pode vir a ser uma oposição construtiva, porque um dia estará na oposição. Os sinais não são muito favoráveis à permanência da Frelimo no poder por tempo indeterminado, se não fizer nada agora para melhorar a sua imagem, mormente junto à juventude que hoje constitui mais de 60% da população moçambicana. As dificuldades que os jovens enfrentam para conseguir trabalho remunerável condigno têm que ser atendidas devidamente e com urgência, para que a juventude não seja vulnerável à instrumentalização ou manipulação política. É responsabilidade da Frelimo orientar o Governo para assim proceder sem desculpas, ou a Frelimo passará à oposição, mesmo que no seu lugar seja colocado um partido mal preparado para governar Moçambique. E isto é perigoso porque tem um grande potencial de fazer o país recuar, no lugar de estagnar ou avançar.
A história não irá perdoar facilmente a Frelimo, se esta permitir que a sua substituição no poder por uma outra força política resulte em estagnação ou recuo do progresso de Moçambique. Para que tal não ocorra é necessário que a Frelimo não fique parada no tempo, agarrada às tradições do tempo da luta de libertação nacional ou do regime político de partido único. O contexto actual não é o mesmo que o da luta armada de libertação ou do regime de partido único. Urge mudar. É preciso ousar e mudar, com a devida cautela, claro. Eu quero uma Frelimo sempre empenhada no auto-aperfeiçoamento, para liderar o pensamento político sobre Moçambique, por Moçambique e para Moçambique. Não quero uma Frelimo convencida, arrogante, elitista. Quero uma Frelimo do povo, pelo povo e para o povo; quero uma Frelimo com confiança em si mesma, mas humilde e desconfiada do trivial.
A propósito de desconfiar do trivial, Bertold Brecht já dizia o seguinte:
«Desconfie do mais trivial, na aparência singelo. E examine, sobretudo, o que parece habitual. Suplico expressamente: não aceite o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural, nada deve parecer impossível de mudar. Há homens que lutam um dia, e são bons; há homens que lutam por um ano, e são melhores; há homens que lutam por vários anos, e são muito bons; há outros que lutam durante toda a vida, esses são imprescindíveis.»
De facto, neste mundo nada é trivial. Tudo o que existe ou ocorre guarda sempre um segredo seu próprio, indesvendável. Nem a mais aturada investigação pode desvendar toda a intimidade do objecto investigado. Por isso, sempre que pensamos que sabemos alguma coisa, devemos associar ao nosso conhecimento uma margem de incerteza. É o que não se sabe das coisas que ocorrem que as torna peculiares. E coisas novas ocorrem todo o momento, em todo o lugar. Isto implica que temos que estar continuamente atentos para não perdemos oportunidade de observar eventos que afectam a nossa vida, de modo a podermos tomar cada vez melhor controlo dos nossos destinos.
Do mesmo modo que eu não quero uma Renamo que inviabiliza tudo em Moçambique, principalmente a paz, também não quero uma Frelimo convencida, arrogante e distanciada do povo que a deu origem e é sua razão de ser. Quero uma Frelimo aberta a novas ideias, de dentro e de fora; uma Frelimo flexível, não-utópica, não-dogmática, não-ortodoxa. Uma Frelimo intransigente na prossecução das mudanças que a tornem numa força política mais moderna, coerente e coesa. Quero uma Frelimo que não se quede em 'slogans' já caducos, tais como "Frelimo, a força de mudança" ou "Frelimo é que fez, Frelimo é que faz". Estes 'slogans' devem vir do povo e a Frelimo não se deve apropriar deles. No momento que atravessamos actualmente em Moçambique, estes 'slogans' até revelam arrogância ou falta de humildade e irritam os concidadãos que ainda se confrontam com muitas carências básicas. E tome-se nota de que a oposição faz um aproveitamento político dessa irritação popular a seu favor. O povo sempre soube que a Frelimo é que fez e continua a fazer. Hoje, continuar a dizer que a "Frelimo é a força da mudança" ou que a "Frelimo é que fez, Frelimo é que faz" revela-se um mau 'marketing' político. Estes slogans já não mais são "comprados" pelo eleitorado, que já começa a acreditar que talvez seja tempo de dar uma chance a um outro partido político para governar Moçambique—uma possibilidade que me apavora, mas real. Esta crença é reflexo da fome do povo pela mudança, indiciando que a Frelimo está estagnada no tempo e no espaço.
O tempo que vivemos hoje é de mudanças rápidas, facilitadas pelos avanços científicos e tecnológicos que se registam em todos os domínios da actividade humana, particularmente no domínio de produção e divulgação de conteúdos informativos. Hoje, quem tem informação pode produzir conhecimento mais facilmente. E o conhecimento produz-se mediante a análise da informação. Portanto, quem não se esmera na busca de informação actualizada não pode produzir conhecimento actualizado, de topo. E hoje o conhecimento é imprescindível na tomada de decisões precisas ou acertadas. Continuar a basear a tomada de decisões apenas na convicção e nas tradições da luta de libertação nacional e/ou do regime de partido único não só configura inércia política, mas também—e principalmente—uma manifestação de analfabetismo político contemporâneo. Sem conhecimento, não é possível tomar decisões políticas precisas em tempo útil. Eu quero uma Frelimo que compreende que tomar decisões políticas na base somente de convicções é muito perigoso, porque as pessoas são cada vez menos tolerantes para com erros políticos.
A melhor maneira de tomar decisões políticas que atendam aos problemas prementes do presente e do futuro de Moçambique e do seu povo, no contexto democrático liberal e de globalização, é trabalhar na frente de pesquisa científica e tecnológica. Nesta Frente, a Frelimo está até melhor apetrechada, porque conta com uma Universidade sua própria—a Universidade Nachingwea. Uma Universidade tem por vocação produzir e disseminar o conhecimento, para este ser utilizado na resolução de problemas. Eu quero ver a Universidade Nachingwea a servir de bússola que oriente a Frelimo na selecção clara e estratégica do seu lugar no espectro político (vede imagem que acompanha esta mensagem).
A este propósito, ao contrário do tempo de regime de partido único, em que a Frelimo era um partido socialista de vanguarda marxista-leninista, hoje não está claro qual é o lugar dos projectos políticos da Frelimo no espectro político; até mesmo entre os militantes seniores deste partido. Com efeito, os Estatutos da Frelimo definem esta organização como um partido político que se orienta ideologicamente pelos princípios do socialismo democrático, os projectos políticos da Frelimo dos últimos 25 anos não se conformam com o socialismo democrático. Alguns militantes seniores da Frelimo chegam até a fazer uma tremenda confusão entre o socialismo democrático e a social-democracia. Na verdade, socialismo democrático e social-democracia são duas ideologias bem distintas e, por conseguinte, inconfundíveis. Nos domínios das liberdades individual e económica vai uma grande distância entre socialismo democrático e a social-democracia, como ilustra o diagrama (tentativo) do espectro político que acompanha esta mensagem. Só o analfabetismo político contemporâneo pode justificar essa confusão. E isto é sério e preocupante quando ocorre nas hostes de um partido da dimensão da Frelimo. De facto, eu tenho dúvida que alguns dos actuais "ideólogos" da Frelimo tenham lido alguma obra sobre o pensamento político de outrem, nos últimos 10 anos. Esse "ideólogos" estão fechados em si mesmos, desde que lograram usar a Frelimo como trampolim para ganharem a condição de vida que hoje ostentam com pompa e arrogância. Imagino que alguém deve estar a ranger os dentes de fúria ou indignação pelo facto de estar eu aqui a dizer isto. Possivelmente estará alguém que me lê a pensar "mas acordamos não tratar estes assuntos publicamente, mas somente nos órgãos do partido". Esse não terá razão, porque os partidos políticos são intensidades que perseguem interesses públicos e são financiados em parte significativa pelo Estado. Quando o assunto é sobre a vida e não sobre as estratégias do partido, é lícito trata-lo em fórum público. Eu não estaria a fazer bem se estivesse a desvendar publicamente matérias passíveis de serem usadas contra a Frelimo. Isso seria violar princípios Estatutários que asseguram vida própria à organização. Não é o caso aqui. Também pode ser que alguém esteja a pensar que estou com inveja ou que só quero aparecer mediante a crítica. Longe disso. Eu já existo e tenho sido útil para o meu país e para a sociedade de que sou parte, daqui de perto e de lá de longe. Não sou carente de fama ou de visibilidade, porque nunca desenvolvi "fome" por nenhuma destas duas coisas (fama e protagonismo). Mas confesso que estou preocupado com o actual 'status quo' da Frelimo. É uma preocupação honesta e muito séria. Não estou satisfeito com a letargia político-ideológica por que a Frelimo—o meu partido político de eleição—está passando actualmente. Esta letargia está a causar-me uma dor profunda, porque não consigo vislumbrar Moçambique continuando na rota do progresso, com um outro partido político dos que temos actualmente em Moçambique a governar este país. Evidência de que a Frelimo está a perder popularidade amonta dia após dia e pode culminar com concretização, mais cedo do que alguns militantes seniores meus camaradas pensam, da perda precoce do poder político pela Frelimo.
É aparente que alguns dos actuais "ideólogos" da Frelimo não são verdadeiros militantes deste partido. São gatos-pingados que contribuem (deliberadamente ou por incúria) para a paralisação da acção ideológica do partido. Atesta a validade desta opinião o facto de que hoje já não há mobilização nem propaganda que vise aparar a imagem da Frelimo e a enraizar na memória do eleitorado. Não há sondagem de opinião para se saber o que o eleitorado pensa das políticas da Frelimo e para a recolha de opinião para o seu aperfeiçoamento. Toda a actividade partidária é limitada ao contacto com as células, as quais permanecem politicamente inactivas praticamente todo o tempo, excepto nos momentos em que se preparam conferências dos órgãos do partido. Os militantes da Frelimo vivem fechados em si mesmos, com muito pavor à crítica no espaço público. Qualquer tentativa de fazer o que estou a fazer aqui (nesta carta) é encarada como infidelidade ou traição ao partido. Acomodamos nos Estatutos da Frelimo disposições que limitam as liberdades das pessoas, em clara violação da Constituição da República de Moçambique (CRM), que consagra as liberdades de pensamento e de expressão como direitos fundamentais dos cidadãos moçambicanos. Sabemos disso, mas não mugimos nem tugimos, pois temer ser considerados "infiéis" ao glorioso partido e as potenciais consequências. Estes comportamentos (i.e. não falar e não deixar falar) emperram a mudança. E os "ideólogos" que deveria actuar como os "sacerdotes" ou "evangelistas" do partido são os primeiros a preferir o mutismo e contribuir para a prática da exclusão, do elitismo, comportamentos estes que fazem com que a Frelimo esteja a ficar claramente impopular, sobretudo no seio da juventude; uma juventude com uma alta dose de analfabetismo político, também por culpa da própria Frelimo. (…).
Claramente, o argumento acima atesta que a Frelimo está actualmente a enfrentar uma crise de crescimento, em ambiente de liberdade. A militância na Frelimo já não é mais uma questão de identificação de quem nela se filia com os bons valores desta organização, mas sim um meio para se atingir uma determinada posição social. Não há critérios de verificação dos motivos que levam alguém a querer militar na Frelimo. As pessoas tornam-se militantes da Frelimo sem mesmo saber nada sobre os princípios e valores que norteiam a vida desta organização. E isto ocorre porque ideologicamente a Frelimo está a viver um período de profunda letargia, desde há mais de 25 anos. Ocorre que é desde esse tempo para cá que a Frelimo está sofrendo uma grande infiltração. E não parece que os "ideológicos" do partido tenham algum plano para a purificação das fileiras do partido. Aliás, alguns desses "ideólogos", ora com uma vida abastada, estão se lixando se a Frelimo continua ou não no poder, porque consideram que já ganharam a vida que aspiravam como resultado da sua "filiação" neste partido, de modo que até podem estar a negligenciar o trabalho ideológico no terreno, exactamente para contribuir para o desgaste da imagem do partido junto do povo. São esses ideólogos que insistem que temos que continuar a cantar "Frelimo, a força da mudança" ou "Frelimo é que fez, Frelimo é que faz", canções estas que já não motivam ninguém onde é preciso motivar alguém.
Enfim, a minha, nossa Frelimo precisa de compreender que é urgente renovar-se. Tem que aparar e, se necessário, tingir de preto a barba branca, para ter um ar politicamente mais jovial, viril e sexy aos olhos do eleitorado. O trabalho de conceber e materializar projectos políticos num mundo em transformações constantes e cada vez mais rápidas necessita de jovialidade e de virilidade política que ontem não eram exigíveis. É preciso sempre buscar conhecer as vontades do eleitorado e aprender como as atender de forma efectiva e em tempo útil. Vivemos hoje numa sociedade de conhecimento, não de informação. Informação só não basta. É preciso trabalhar a informação para produzir conhecimento que alicerce as decisões políticas. No mundo moderno em que vivemos actualmente, quem toma decisões não baseadas no conhecimento, mas somente nas suas crenças e convicções, está condenado à extinção. O tempo de mudança foi ontem; hoje está a ficar tarde demais! A Frelimo precisa adaptar-se urgentemente às exigências impostas pela dinâmica sociopolítica e socioeconómica da sociedade moçambicana e do mundo em que estamos todos inseridos. Amanhã pode ser tarde para mudar. É urgente mudar, mas com discernimento. E a hora de operar as mudanças que se impõem é agora. Não vamos continuar a falar de um «novo ciclo», enquanto a mudança que se impõe para configurar esse «novo ciclo» não ocorre. E não que haja confusão: eu não estou a falar de rotura com o passado; estou a falar de renovação substantiva, na continuidade. É nisso é preciso que se tenha muito cuidado, pois a cultura de parasitar a Frelimo já vem desde que Samora Machel nos deixou, sendo, afinal, uma consequência dos erros do próprio Samora Machel, por indução ou por "teimosia" (como dizia uma vez um eloquente militante histórico desta organização). A mudança não se nega. É muito perigoso contrariar a mudança. A razão da mudança é a própria mudança, que é própria do mundo em que vivemos. Tudo muda, até o clima terrestre. E a vida na Terra (incluindo a vida humana) é resultado da mudança. Mas para termos um bom controlo da nossa vida, temos que saber o sentido em que se opera a mudança, para à ela nos adaptarmos adequadamente ou controlarmos efectivamente o modo como influenciamos essa mudança. Uma mudança que se operar sem que estejamos atentos, pode resulta na nossa extinção precoce. Portanto, a Frelimo tem que mudar para não ser mudada pela própria mudança, ao sabor apenas desta. Se recusarmos mudar, a mudança ocorrerá de qualquer jeito, e ai estará fora do nosso controlo. Vamos mudar consciente e deliberadamente o que é possível mudarmos, para sermos viáveis!

Feliz Ano Novo de 2016!

Comments
Rafik Abdala Bonita mensagem e bem elaborada até aos pormenores. A questão do fundo é esta meu caro Professor: Como alcançar a sua operacionalização e humanização? tendo em conta que mais um ano já se foi quase ou se não completamente em branco.
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Andre Jorge Professor gostei tanto da sua mensagem onde nela falaste todas as verdades que te vieram na alma,nao escovaste nada foste direto com oque nao esta bom e que belisca o partido. Espero acolhimento por quem de direito e a emplementaçao do recomendado na mensagem. Parabens professor por ter metido o dedo na ferida.
Augusto Mate Sonhar custa um sonho.

Nessa pretensa Frelimo eu votaria, mas não passa de utópica.
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Nathaniel Mucavele Bonito texto profe...

Ninguém pode lhe tirar o mérito, foram palavras SUPER construtivas ao meu ver e é esse tipo de patriotismo que estamos a precisar... o facto de fazermos parte de um determinado "grupo" não significa que não devemos criticar para melhorar a sua actuação em qualquer campo de actuação. Gostaria de ver o JJC a intervir mais vezes dessa forma, mesmo sabendo que deve defender os interesses do seu partido. Errado é errado, certo é certo. E dois erros não fazem um certo! Não digo que sempre deve se opor aos ideais do seu partido mas sim que devemos reconhecer que ninguém e nada é perfeito! Essa sim é visão de um académico de um partido político!

Parabéns
Joaquim Armando Sambo bem elaborado. Como materializar?
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Egidio Vaz Professor Julião João Cumbane, parabéns pela reflexão. Foi-me muito útil este ponto de ordem.
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Egidio Vaz Professor Julião João Cumbane esta parece-me mais com a encíclica Papal em vésperas do conclave. Apesar de não existir tal documento em tal evento, a sua epístola cai como uma luva na mão e vai inexoravelmente instigar um reflexão profunda aos próximos grandes eventos da Frelimo, nomeadamente a reunião da ACCLIN e OMM e depois Comitê Central
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