quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

João Além, líder do PSD, volta à carga: “Este Governo tem uma política de translação em vez de rotação”

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O Partido Social Democrata (PSD) vai apresentar candidaturas em todos os círculos nas eleições legislativas de 20 de Março de 2016. A garantia é dada pelo seu líder, João Além
João Além, líder do PSD, volta à carga: “Este Governo tem uma política de translação em vez de rotação”
O Partido Social Democrata (PSD) vai apresentar candidaturas em todos os círculos nas eleições legislativas de 20 de Março de 2016. A garantia é dada pelo seu líder, João Além, que diz que o PSD se “eclipsa”, fora do período eleitoral, por culpa da comunicação social. Aquele político da oposição considera que o Governo tem feito uma “política de translação” ao invés de “rotação”. Veja na entrevista que se segue o que isso significa.
O PSD vai concorrer nas próximas eleições legislativas?
Com certeza! Sempre concorremos nas eleições legislativas e se mais houver, mais o PSD concorrerá. Estamos a concorrer, sim, e vamos concorrer em todos os círculos eleitorais nas próximas legislativas.
De Santo Antão à Brava?
Em princípio, sim, de Santo Antão à Brava. Claro que temos uma grande dificuldade, que se coloca ao partidos pequenos, como se costuma dizer, porque sofremos toda a casta de discriminação. Estamos sujeitos a discriminações mas vamos lutando contra elas.
Que discriminações são essas?
É não sermos ouvidos durante toda a legislatura e de não nos deixarem aparecer na televisão. A mesma coisa acontece com os jornais, que não nos procuram.
ECLIPSE DO PSD
Mas o PSD se eclipsa depois das campanhas eleitorais, não?
Nenhum partido se eclipsa se a comunicação social não quiser. É a própria comunicação social a afastar da luta os outros partidos políticos, neste caso concreto o PSD. A comunicação social só trabalha com os partidos políticos que têm assento parlamentar, os que não estão no Parlamento são esquecidos, simplesmente.
Mas o PSD, que se saiba, não realiza congressos nem sequer para legitimar os seus órgãos, logo, um partido assim existe?
Fizemos um congresso há muito tempo, mas, como se sabe, é sempre caro realizar um congresso em Cabo Verde. O país é disperso, é preciso trazer gente de todas as ilhas para um congresso, e um congresso é um dinheirão, o Estado não paga para isso. O Estado só quer ter partidos políticos, mas não quer ter nada com eles.
Não recebem nenhum subsídio?
Não temos subsídios nenhuns e não recebemos nada. Cada um vai trabalhando, agindo conforme puder e fazendo aquilo que puder fazer.
CONGRESSOS CUSTAM DINHEIRO
Mas ao realizar congressos, há tanto tempo, o PSD não está em incumprimento em relação aos próprios estatutos? Isto para não falar de outras penalizações…
Os estatutos dizem que sempre que possível os congressos realizam-se, mas os congressos não se realizam sem dinheiro.
Os militantes do partido não quotizam?
Não! Os membros não quotizam.
Não têm outras fontes de rendimento?
Não temos.
Então como é que vão fazer a campanha para as próximas eleições legislativas?
Vamos fazer como todas as vezes temos feito. Vamos tentar algum apoio das pessoas que quiseram apoiar e com isso vamos trabalhar.
Não vão pedir empréstimo à banca?
A banca não tem dinheiro. A banca está mais quebrada do que o próprio PSD. O dinheiro parece que voou dos bancos. Se eu for lá, vão criar-me uma série de problemas e depois nem eu resolvo que nem eles conseguem resolver.
Nas eleições anteriores, o PSD gastou pouco mais de 100 contos e recebeu 344 contos como subvenção do Estado pelos 429 votos obtidos. Pretendem aumentar esse score?
O futuro dirá. Estamos a postos para fazê-lo.
E quais são os objectivos do PSD nas próximas eleições?
O nosso objectivo é lutar em pé de igualdade com os outros partidos políticos para que o PSD possa alcançar o seu desiderato.
E qual é esse desiderato?
É ter representantes na Assembleia Nacional.
Você vai ser o cabeça de lista do PSD em Santiago Sul?
Não sei. Ainda não trabalhamos nisso, mas pode ser em Santiago Sul ou em Santiago Norte. É num desses círculos.
Que análise o PSD faz data das eleições?
Foi boa escolha e já contávamos com isso.
Translação e rotação
Que análise faz o PSD da governação do país?
Qualquer partido da oposição sempre faz uma péssima análise de quem está no Governo. Do nosso ponto de vista, este governo tem feito um trabalho de translação em vez de rotação.
E isso significa o quê?
Translação significa que o Governo tem trabalhado mais para fora e rotação significa que deveria trabalhar para dentro, isto é, a favor dos cabo-verdianos. Por outras palavras, o Governo tem trabalhado mais para a transformação do que para o desenvolvimento. Aliás, na política cabo-verdiana, todos confundem desenvolvimento com transformação.
Em relação às autárquicas, o PSD vai ficar outra vez de fora?
É um caso a pensar. Tudo depende das legislativas.

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