quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Um piloto russo resgatado e outro "morto de forma selvagem por jihadistas"


Embaixador da Rússia em Paris diz que um dos pilotos do caça russo abatido pela Força Aérea da Turquia foi resgatado por soldados do Exército sírio de Bashar al-Assad.
O caça russo caiu em território sírio SADETTIN MOLLA/REUTERS
Um dos pilotos do avião russo que foi abatido pela Força Aérea turca na fronteira entre a Turquia e a Síria, terça-feira, foi resgatado com vida por soldados do Exército sírio e vai ser levado para a base da Rússia no país.
Havia dúvidas quanto ao destino dos dois pilotos do caça Su-24 russo que foi abatido por aviões F-16 turcos – ambos conseguiram ejectar-se, mas elementos de um grupo rebelde que combate contra as forças do Presidente sírio, Bashar al-Assad, disseram que tinham disparado contra eles durante a descida de pára-quedas. Consoante as versões, um tinha morrido e outro tinha sido capturado com vida, ou teriam sido ambos mortos.
Na manhã desta quarta-feira, o embaixador da Rússia em Paris, Aleksandr Orlov, contou à rádio Europe 1 uma versão diferente: "Um ficou ferido ao ejectar-se e foi morto de forma selvagem por jihadistas que estavam na área. O outro conseguiu escapar e, segundo as informações mais recentes, foi resgatado pelo Exército sírio e estará a ser levado para a base aérea russa."

O caça Su-24 russo foi abatido na manhã de terça-feira quando voava ao longo da fronteira entre a Síria e a Turquia – Ancara diz que o avião entrou no espaço aéreo turco e que os pilotos russos foram avisados dez vezes durante cinco minutos; Moscovo garante que o seu avião não chegou a sair do espaço aéreo sírio, e Vladimir Putin acusou o Governo turco de ser "cúmplice dos terroristas". O caça russo caiu em território sírio, no Norte da província de Latakia.
Um outro militar russo morreu durante as tentativas de resgate dos pilotos do Su-24. Um dos helicópteros Mi-8 enviados pela Rússia para procurar os pilotos foi atingido "em território controlado por gangues armados" e teve de fazer uma aterragem de emergência "em território neutro". Um dos soldados morreu e os restantes foram resgatados, avançou o Estado-maior general das Forças Armadas da Rússia.
O Presidente dos EUA, Barack Obama, fez chegar a mensagem de que a Turquia tem o direito de defender a sua integridade territorial, mas sublinhou que o melhor a fazer para acalmar a situação é que turcos e russos falem entre si para esclarecerem o que se passou e para que sejam "tomadas medidas para evitar uma escalada".
Também o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, pediu "medidas urgentes para acalmar a tensão", incluindo uma investigação que "permita clarificar o que se passou neste incidente e evitar que se volte a repetir".
No final de uma reunião extraordinária da NATO, pedida pela Turquia, o secretário-geral da aliança, Jens Stoltenberg, apelou "à calma" para travar a escalada da tensão entre os dois países, para depois reafirmar que a Aliança Atlântica "está solidária com a Turquia".
Depois de os EUA terem começado a bombardear as posições do autoproclamado Estado Islâmico na Síria e no Iraque, ainda em 2014, a Rússia lançou a sua própria campanha de ataques aéreos na Síria em Setembro deste ano.
O principal objectivo dos EUA e dos seus aliados é derrotar o Estado Islâmico e, ao mesmo tempo, fortalecer os grupos rebeldes que são descritos por Washington como "moderados" e que tentam derrubar o Presidente sírio, Bashar al-Assad; a Rússia tem também como objectivo derrotar o Estado Islâmico mas, ao mesmo tempo, quer fortalecer o regime de Assad na luta contra todos os rebeldes – moderados (que têm o apoio dos EUA) ou jihadistas como a Frente al-Nusra, o braço da Al-Qaeda na Síria, que também luta contra as forças de Assad (e que é considerada pelos EUA como uma organização terrorista).

Sem comentários: