sábado, 7 de novembro de 2015

Quando demais se torna insuportável

Quando demais se torna insuportável

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Quando se circula na zona centro todos podem ouvir os camponeses queixaram-se de não prepararem as terras para as chuvas.
Senhoras grávidas preferirem atravessar a fronteira para darem à luz. Pais das crianças não mandarem os filhos à escola. Camionistas recuarem circular.
Em todos estes casos a mesma razão: o medo. O terror que haja um ataque da tal guarda privada contra as machambas, os centros de saúde, as escolas e as estradas. Sofrem as gentes simples nas zonas rurais, sofre a economia nacional, retraem-se os investimentos, sobem desenfreadamente os preços de tudo que se consome no quotidiano das gentes mais carentes.
Nunca ouvimos ou lemos que a eterna auto proclamada defensora dos direitos humanos uma só vez denunciasse estas atrocidades.
Para espanto de todos lemos afirmações de um suposto profissional da imprensa que a razão da criação do Destacamento Feminino dos bandidos se encontrava no facto que o SNASP com pós de perlimpimpim disseminava a blenorragia entre as hostes da bandidagem.
Pese a ignorância do escriba, quantas vozes na comunicação social, na sociedade civil, nas ditas organizações de promoção dos direitos humanos, no clero se ergueram contra o estupro de pobres miúdas inocentes destinadas a satisfazerem as depravações sexuais dos ilustrescombatentes da democracia?
A polícia cercou e desarmou a dita guarda pessoal do ilustre discípulo de Orlando CristinaIan Smith, da Direcção da Inteligência Militar do apartheid? Órfão dos tutores deixou crescer descomunalmente o ego, mirando-se no espelho do seu narcisismo.
Nos termos do AGP firmado em Roma a 4 de Outubro de 1992 a dita guarda deveria desaparecer e integrar-se nas forças armadas e na polícia após as eleições de 1994.
Passaram-se 25 anos desde então. Fora do Estado e do partido no poder quem denunciou esta violação flagrante de palavra?
EMOCHIN criada em Setembro de 2013 composta por militares de vários países desistiu de continuar a sua inglória tarefa, havendo custado ao erário do nosso Estado perto de 16 milhões de dólares. Jamais foi indicado um nome sequer para integrar a FADM ou PRM! Quem denunciou esta violação aberrante de compromissos?
Para as eleições de 1994 as Nações Unidas designaram magistrados pertencentes ao Tribunal Internacional de Haia para ouvirem e julgar reclamações dos diversos participantes contra algo que considerassem errado. O Governo moçambicano não interveio na escolha de um único juiz. Ninguém apresentou qualquer reclamação, protesto ou alegação de fraude enquanto esteve presente o tribunal e a ONUMOZ.
Todavia e depois disso e, incluindo no referente às eleições de 1994, sempre ouvimos a mesma cantilena de fraude.
Haverá no mundo uma única equipa que perde todos os jogos e só culpa o árbitro? Qual a seriedade desse clube?
Só houve a dita fraude nos locais, províncias e distritos onde perdeu?
Fará parte da ética democrática ameaçar populações de que os curandeiros descobririam quem não votasse a seu favor e esses estavam condenados à morte?
Que jornalistas e observadores souberam ouvir e procurar os factos? Quem denuncia esta viciação na vigarice?
Ameaçou-se prender um administrador de distrito, chicotear em público um comandante da polícia, cometeram-se as mais diversas sevícias contra gentes inocentes. Zero de protestos!
Ameaçar criar Quarteis Generais e sedes de comandos da polícia fará parte de um exercício de democracia e respeito pela Constituição e pela Lei, pela ética e decência?
Agora um enorme alarido porque a polícia e no cumprimento das suas obrigações de velar pela lei e ordem desarmou os jagunços sob o comando do chefão!
Num Estado com costumes menos brandos e menos paciência os autores destas infâmias seriam detidos e julgados por crimes terroristas, o TPI os inscreveriam na lista de terroristas para que o tribunal se pronunciasse.
Mas deputados e porta-vozes livremente circulam no país e estrangeiro, ninguém os detém por crimes e cumplicidades com o terrorismo. Então qual a definição e caracterização do terrorismo?
Só haverá terrorismo quando praticado por um punhado de fanáticos religiosos?
Deverão estes actos, as pilhagens e linchamentos caracterizarem-se como manifestações de direitos humanos e exercícios dos direitos de opinião?
Interrogo quem financia e apoia a propaganda da infâmia e crime? Não haverá por detrás disto o cheiro do petróleo, do gás, das terras, dos recursos naturais? Não estaremos a caminhar para novas formas de escravatura adequadas ao século XXI?
Constatamos que na falta notória de qualidade do clero nacional há que trazer de fora um arcebispo, que nem meia vez denunciou os sofrimentos do povo na zona que deveria zelar. Bons os tempos em que os bispos provinham das fileiras dos que haviam conhecido a discriminação racial nos seminários e sofrido as humilhações do episcopado colonial-fascista? Por que razão Moçambique já não possui um cardeal em exercício? Incapacidade? Falta de confiança nestas tezes mais escuras?
Curiosamente um arcebispo de origem estrangeira veio à cena denunciar o cerco à residência do leader e o desarmamento da dita guarda pessoal.
Quantas vezes essa Excelência Reverendíssima denunciou e condenou as atrocidades que se cometeram no seu território e no país?
Algo difícil servir Deus e o terrorismo!
Cristo denunciou os fariseus e fustigou a sua hipocrisia.
Que autoridade moral possui um fariseu que jamais condenou a violência dos bandidos e só reserva palavras condenatórias para os que por dever de cargo devem proteger as gentes contra o banditismo armado?
Todos moçambicanos almejam viver e trabalhar em paz, que nenhuma arma ameace a preparação das terras, das sementeiras, das colheitas, da ida à escola ou centro de saúde. Todos desejam que circule o camião, o autocarro, o comboio, a bicicleta e a moto.
Não pode haver luta contra a pobreza, decisão de investimento nacional ou estrangeiro quando uns loucos e terroristas ameaçam o trabalho, a loja, a fábrica, o meio de transporte, a energia e a água.
A cumplicidade verbal e escrita com o terrorismo, faz parte dos crimes lesa humanidade, lesa pátria. Só quem esteja a soldo de interesses estranhos pode aceitar o inaceitável, pregar a favor do insuportável.
Há que dizer que existem limites à paciência, e que certas raias do demais se tornam infâmias insuportáveis e isso não põe em causa o direito a exprimir a opinião ou a opção religiosa ou filosófica. Basta!
P.S. Depois do caldo entornado as lamentações. Tony Blair reconhece que dispunham de informações erradas sobre o Iraque e que o surgimento do terrorismo aí se deve em parte à destruição do regime. Tarde demais e todo o Médio Oriente sofre os caprichos e ganâncias deBush filho. Quem mais se auto critica contra a asneira que levou ao crime? Quem mais apoiouBush filho? Ao fim do oportunismo e cobardia o meu abraço.
SV

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