Enquanto o presidente da República, Filipe Nyusi, colhe experiência angolana para desarmar coercivamente a Renamo, cerca de uma dezena de blindados eram descarregados na noite desta terça-feira, no porto de Maputo para reforçar as incursões militares no centro do país. Os tanques saíram do porto e escalaram o bairro da Coop, onde há quartéis militares, para de seguida serem enviados aos locais das incursões armadas nas províncias de Tete, Zambézia, Manica, Sofala e Inhambane. Oficialmente ninguém quer falar do assunto. O SAVANA contactou a responsável de Comunicação e Imagem da MPDC, uma empresa concessionária do Porto de Maputo, que nos disse que não sabe de nada, uma vez que não estava no Porto com o agravante de ter sido feriado. “A ser verdade, os blindados estavam nos contentores de viaturas e nós não temos acesso às mercadorias”, disse. Por sua vez, o assessor de imprensa do ministro de Defesa, Benjamim Chabuala, também disse desconhecer da entrada daquele material bélico, pelo que ainda tinha de se informar do assunto. Fontes do SAVANA referem que, para além dos tanques militares, foram também desalfandegados outros contentores contendo material bélico.
Numa altura em que passa
cerca de um mês após o
líder da Renamo, Afonso
Dhlakama, ter se remetido
ao silêncio absoluto e consequente
desaparecimento das hostes
públicas, isto depois de sofrer
duas emboscadas e cerco à sua residência
na cidade da Beira, o Presidente
da República, Filipe Nyusi,
que se encontra em visita de Estado
a Angola, congratulou-se com
o facto deste país ter conseguido
uma fórmula de manter formações
políticas sem armas. Nyusi admitiu
a possibilidade de explorar o modelo
angolano e implementá-lo no
nosso país.
Trata-se de uma posição que também
passa pelo desarmamento coercivo
da Renamo tal como avan-
çou semana passada o Ministro do
Interior, Basílio Monteiro, na sessão
de perguntas e respostas ao governo
na Assembleia da República.
Coincidentemente, Monteiro integra
a comitiva presidencial que está
de visita a Angola, e Filipe Nyusi
também fez estes pronunciamentos
no parlamento angolano, durante a
sessão solene que lhe foi dedicada
por aquele órgão legislativo.
“O povo angolano encontrou a
forma certa para a coexistência pacífica
entre as várias formações políticas.
Uma fórmula que consegue
manter as formações políticas não-
-armadas. Acreditamos que essa
experiência será explorada pelos
nossos deputados”, apontou Filipe
Nyusi.
É que o governo angolano conseguiu
desarmar o principal partido
de oposição, a UNITA, integrando
os seus efectivos militares nas For-
ças Armadas, logo após a morte em
combate do seu líder Jonas Savimbi,
em 2002.
No entanto, em Moçambique o
desarmamento da Renamo tem
se mostrado difícil desde a assinatura
dos Acordos Gerais de Paz
em 1992. Para Joaquim Chissano
o tempo se responsabilizaria pelo
desarmamento do maior partido
da oposição, mas o seu sucessor
Armando Guebuza entendeu que a
via militar seria a melhor solução, o
que acabou gerando um novo con-
flito, que levou as partes a assinar o
acordo de cessação das hostilidades
militares.
No princípio do mandato, Filipe
Nyusi deu garantias de que tudo
faria para promover a paz e que não
permitiria que um moçambicano
matasse o outro, referindo-se aos
conflitos armados entre o governo
e a Renamo. Mas a realidade tem
se mostrado contrário e os ataques
armados estão a ganhar terreno nas
províncias de Tete, Zambézia, Sofala,
Manica e Inhambane.
Condenamos o discurso do
PR
A chefe da bancada parlamentar da
Renamo, Ivone Soares, condena os
pronunciamentos do Chefe do Estado,
que sugerem a pretensão de
seguir o exemplo angolano.
De acordo com Ivone Soares, isto
mostra o quão o discurso de Nyusi
anda longe da prática, porque por
um lado fala da vontade de dialogar
e por outro fala de ataques.
“Angola não é um exemplo a seguir
quando se fala de democracia,
liberdades fundamentais, respeito
aos diretos humanos e muito menos
desta situação cujo objectivo é
manter a paz e estabilidade política”,
disse.
Para a chefe da bancada do maior
partido da oposição, o diálogo é a
única via para resolver diferendos
a todos os níveis, pelo que aconselha
o Chefe do Estado a apostar
nela para resolver os diferendos sob
pena de agravar ainda mais a situa-
ção do país.
Questionada sobre o facto do Chefe
do Estado ter dito que não consegue
manter contacto com o líder
da Renamo, ela respondeu que este
ainda não mostrou vontade de dialogar,
porque quando as negocia-
ções caminhavam para um encontro
ao mais alto nível, ele ordenou
um cerco à residência de Afonso
Dhlakama na cidade da Beira.
Deste modo avança que é preciso
criar garantias claras, para não
correr o risco de se marcar um encontro
para atrair o inimigo para o
seu território e prendê-lo, tal como
aconteceu com António Muchanga
à saída do encontro do Conselho de
Estado ou assassiná-lo para seguir
o exemplo angolano.
Revelou que não é intenção da Renamo
continuar armada, o governo
deve mostrar clareza no que pretende,
pois o desarmamento compulsivo
não lavará a lado nenhum.
Aliás, acusou o governo de falta
de seriedade por não ter cumprido
com o AGP e com o acordo de
cessação das hostilidades militares.
Prova disto, refere Soares, é que o
governo está a incorporar alegados
homens da Renamo no exército
sem indicação do líder desta formação
política.
Questionada sobre o paradeiro de
Dhlakama, Ivone Soares disse que
o momento é muito sensível para se
dizer onde ele está.
Sedução pela “solução Savimbi”?
Por Argunaldo Nhampossa
“Estrategicamente o presidente
Afonso Dhlakama decidiu não
aparecer na imprensa. Ele está bem
de saúde e a reposicionar-se politicamente
face aos últimos acontecimentos”,
disse.
Precisamos de nos reconci OLDUFRPDKLVWyULD
Para o chefe da bancada parlamentar
do Movimento Democrático de
Moçambique (MDM), Lutero Simango,
o Presidente da República
deve trabalhar no sentido dos mo-
çambicanos se reconciliarem com a
história e não criar outros problemas.
Recomenda uma introspecção
para se identificar as causas dos
conflitos e procurar soluções benéficas
a todos que irão permitir a
criação de um exército republicano,
estado de direito, política de inclusão
desde o diálogo político até na
distribuição equitativa da riqueza.
Segundo Simango, o país precisa de
criar condições para abrir uma nova
página na sua história e reconhecer
que algumas decisões levaram a
actos de brutalidade e sacrifício do
povo, o que já não é desejável por
estes dias.
No que toca ao “desaparecimento”
de Afonso Dhlakama, disse que o
seu silêncio é preocupante uma vez
que é um actor político incontornável
e isto leva a muitas especulações.
Simango diz que o que faltou é a divulgação
das garantias e dos entendimentos
alcançados para a saída
de Dhlakama da parte incerta, isto
alia-se também ao facto de até ao
momento os mediadores, na qualidade
de mandatários, ainda não
terem explicado aos moçambicanos
as justificações do governo sobre o
sucedido na cidade da Beira. O Porta-voz da Frelimo, Damião
José, diz que o discurso do Presidente
da República, Filipe Nyusi,
no parlamento angolano não fez
menção ao assassinato de Afonso
Dhlakama, mas sim em seguir o
modelo de não ter partidos militarizados,
porque as armas devem
estar em mãos legítimas que é o
Estado.
Segundo Damião José, o governo
angolano desmilitarizou o maior
partido da oposição com sucesso
e todas as tropas da UNITA estão
integradas nas forças armadas daquele
país, o que significa que há
um exemplo por seguir, uma vez
que eles perceberam de imediato
que a posse das armas não era um
caminho para o desenvolvimento.
Assim, havendo em Moçambique
um partido que não sabe existir sem
armas é preciso levar boas práticas e
implementá-las na nossa realidade.
Refuta as acusações segundo as
quais as tropas governamentais
terão atacado a comitiva do líder
da Renamo e aponta que se tratou
de uma encenação da Perdiz para
continuar armada. Disse ainda que
o não aparecimento do líder deste
partido em público deve ser encarado
como um acto normal, por não
perigar a tranquilidade e ordem
pública.
Aponta Damião José que Dhlakama
é um actor político que tem a
sua ideologia e deve se respeitar a
sua vontade e direito de estar calado,
bastando para tal respeitar a
Constituição da República.
Adegradação da situação
política e militar em Mo-
çambique, bem como a
perigosa estagnação do di-
álogo entre o Governo e a Renamo
levaram no passado fim-de-semana
a Igreja Católica no país a fazer tocar
os sinos pela paz.
A Conferência Episcopal de Mo-
çambique (CEM) encontrou-se com
o chefe de Estado, Filipe Nyusi, e, no
final do encontro, fez apelos veementes
para o relançamento imediato do
processo negocial e o abandono da
via militar como solução para a actual
crise.
“Apelamos ao Governo e à Renamo
para o abandono absoluto das armas,
a retomada imediata do diálogo eficaz
entre as partes em conflito, envolvendo
outras forças vivas da sociedade”,
declarou o arcebispo de Maputo,
Francisco Chimoio, no final da reunião
com Nysui.
Chimoio afirmou que o clérigo cató-
lico fez chegar a exortação para uma
solução negocial entre o executivo e
o principal partido da oposição, em
resposta ao suplício que tem sido
manifestado por vários quadrantes da
sociedade moçambicana no sentido
da preservação da paz.
O arcebispo de Maputo enfatizou
que os clamores são traduzidos pelos
“muitos gritos das famílias enlutadas
que choram a morte dos seus filhos
caídos em combate, dos deslocados
internos que são obrigados a abandonar
suas casas e outros bens para se
refugiarem no mato, dos deslocados
externos que deixam o próprio país
perante o risco de perderem a vida”.
Os agricultores que não podem trabalhar
a terra e os investidores “que
vêem o fracasso dos seus negócios
pela insegurança progressiva”, além
dos empresários do ramo do turismo,
cujos empreendimentos estão
a falir, aumentando o desemprego,
e a “população em geral, que sente
os preços a aumentar e o metical a
desvalorizar-se” também são um forte
motivo de alarme para a sociedade
moçambicana, acrescentou Francisco
Chimoio.
Na ocasião, Chimoio manifestou
tristeza com o que considera “a incoerência
entre o que se diz e o que
se faz”, instando os moçambicanos
a trabalharem na “construção da paz
através de gestos de reconciliação e
da convivência civil e democrática e
respeito pelas diferenças e responsabilidade
pelo desenvolvimento do
país”.
Na semana passada, o ministro do
Interior, Basílio Monteiro, declarou
que as Forças de Defesa e Segurança
moçambicanas vão prosseguir com a
recolha de armas em mãos alheias,
incluindo da Renamo.
A 09 de Outubro, o Governo considerou
um início simbólico do processo
de recolha de armas, o desarmamento
e detenção de membros da
guarda do líder da Renamo, Afonso
Dhlakama, na sua residência na Beira.
O cerco só terminou quando Dhlakama
entregou 16 armas da sua guarda
pessoal ao grupo de mediadores do
diálogo entre a Renamo e o Governo,
que, por sua vez, o deixou a cargo da
polícia.
A operação policial ocorreu um dia
depois de o líder da oposição ter reaparecido
na serra da Gorongosa, ao
fim de duas semanas em parte incerta.
Antes dos acontecimentos na Beira,
registaram-se três incidentes em três
semanas com a Renamo, dois dos
quais envolvendo a comitiva do presidente
do partido.
A 12 de Setembro, a caravana de
Dhlakama foi emboscada perto do
Chimoio, província de Manica, num
episódio testemunhado por jornalistas
e que permanece por esclarecer.
A 25 do mesmo mês, em Gondola,
também na província de Manica, a
guarda da Renamo e Forças de Defesa
e Segurança protagonizaram uma
troca de tiros, que levou à partida do
líder da oposição para lugar desconhecido.
Uma semana mais tarde, Forças de
Defesa e Segurança e da Renamo
confrontaram-se novamente em
Chicaca (Gondola), com as duas
partes a responsabilizarem-se mutuamente
pelo começo do tiroteio.
Não encontro Dhlakama –
Filipe Nyusi
Em resposta aos apelos dos líderes
católicos moçambicanos, Filipe Nyusi
fez uma declaração, no mínimo,
curiosa, ao afirmar que “não está a ser
possível” encontrar Afonso Dhlakama
para um diálogo sobre a paz no
país.
“Estou a fazer o esforço de conversar
com ele (Afonso Dhlakama), mas
não está a ser possível”, declarou o
chefe de Estado, durante um encontro
com bispos da Conferência Episcopal
moçambicana.
Na ocasião, o chefe de Estado mo-
çambicano descartou a possibilidade
de as eventuais negociações com a
Renamo contarem com a participa-
ção de mediadores internacionais,
frisando que a actual situação política
constitui assunto interno.
“Acho que este é um assunto que
pode ser resolvido dentro de casa. É
uma conversa de quarto. Não vejo
motivo para se escolher um país para
resolver isso. Estou a fazer tudo para
ter o diálogo”, disse Filie Nyusi.
Numa declaração confusa, Nyusi indicou
ainda que a crispação entre o
Governo e a Renamo “trata-se de
desentendimento entre duas pessoas
e apenas uma questão de um sair e
entrar outro não vai resolver nada”.
“Enquanto existirem pessoas que
não têm comida, gente que não tem
saúde, gente que não tem educação, a
estabilidade vai faltar”, rematou.
“Admirámos a vossa coexistência
política, que se resume no confronto
de ideias e na competição nos actos
e pleitos eleitorais. Constatámos com
agrado que Angola acatou o silêncio
das armas e respeita a vida humana
e os bens dos cidadãos”, disse ainda
Filipe Nyusi, perante os deputados
angolanos.
No entendimento de Nyusi, o povo
angolano encontrou a forma certa
para a coexistência pacífica entre as
várias formações políticas. Uma fórmula
que consegue manter as formações
politicas não-armadas. Acreditamos
que essa experiência será
explorada pelos nossos deputados.
Num naufrágio durante a viagem de peregrinação para orar pelo país
“Paz” mata 11 fiéis da seita Zione em Manica
Por André Catueira, em Manica
Onze pessoas morreram
afogadas num naufrá-
gio ocorrido sábado, na
província de Manica,
tendo outras cinco sido resgatadas
com vida, continuando uma desaparecida,
quando um grupo de
fiéis de uma seita religiosa tentou
atravessar uma confluência de três
rios para participar de uma vigília,
pelo fim da instabilidade político-
-militar no país.
Os fiéis, da seita religiosa Zione
Cristian Church (ZCC), de origem
zimbabueana, seguiam abordo
de uma embarcação precária, não
motorizada e movida a remo, que
naufragou com 17 pessoas ao tentar
atravessar a confluência dos rios
Revue, Messica e Chicamba (no
distrito de Manica), para participar
numa vigília na outra margem, no
distrito de Sussundenga, para interceder
pelo fim da crise político-
-militar que opõe o Governo e a
Renamo, largamente deteriorado
nos últimos meses.
O grupo partiu da Nova Revue
perto das 17:00horas de sábado na
embarcação, com 15 passageiros e
tripulada pelo pastor provincial da
seita e seu apóstolo, para acampar
na outra margem, tendo minutos
depois de zarpar começado a penetrar
água e iniciado a afundar.
Uma sobrevivente contou ao SAVANA
que enquanto a embarca-
ção afundava gritavam pelo socorro
– numa zona próxima existe uma
comunidade de pescadores -, tendo
muitos dos passageiros afundado
e se afogado por pisoteamento, na
tentativa de escapar da tragédia,
que chocou a província e o país.
Enquanto eram arrastadas pela
corrente da água, cinco pessoas
conseguiram abraçar galhos de árvores
no curso e nas margens, tendo
apenas estas sido resgatadas com
vida 12 horas depois do naufrágio,
ou seja, às 6:00horas de domingo,
quando um grupo de pescadores se
fez ao rio para a captura de peixe,
tendo no lugar de pescar iniciado o
resgate das pessoas.
O corpo de salvação pública só
chegou domingo à tarde no local
do acidente, sem mergulhadores e
embarcação, tendo se juntado nas
embarcações dos pescadores artesanais
para a busca superficial das
pessoas.
As autoridades de Manica alargaram
segunda-feira as buscas à
barragem de Chicamba, na zona a
jusante, da confluência de três rios,
onde no sábado uma embarcação
com 17 pessoas - 15 passageiros e
dois tripulantes – naufragou, mas
todos os corpos foram encontrados
não distante do local do incidente.
Os pescadores iniciaram na terça-
-feira com os mergulhos quando
mais corpos foram encontrados.
Em declarações a jornalistas na
zona do incidente, Pio Langisse,
pastor provincial da ZCC e um
dos tripulantes sobreviventes do
naufrágio, lamentou o incidente,
agradecendo a prontidão de socorro
dos pescadores, adiantando que
a igreja estaria assegurando o veló-
rio dos crentes que pereceram.
“As pessoas morreram em missão
da igreja e pelo bem do país” disse
Pio Langisse, sem detalhes das circunstâncias
reais do acidente.
Vítimas
Das vítimas, cinco pessoas foram
resgatadas com vida – agarradas
em galhos de árvores - e outras 11,
incluindo bebe de três meses e uma
menina de 12 anos, e um tripulante
- apóstolo do pastor provincial da
organização-, morreram afogadas.
Os corpos foram encontrados em
dias separados, numa média diária
de dois, tendo os últimos corpos
sido resgatados quarta-feira, um
dia antes do Governo encerrar com
as buscas, enquanto faltava por encontrar
uma mulher de 22 anos.
“Quando acontece um desastre
deste tipo, que ceifa vidas de pessoas,
não resta mais nada que sentir
a dor e procurar formas de se erguer
e mobilizar as pessoas directamente
afectadas, para serem fortes.
E também é importante tirarmos
lições daquilo que aconteceu para
evitar mais acidentes no futuro”,
disse Alberto Mondlane, que se
deslocou ao local na segunda-feira,
elogiando “o espírito solidário e a
prontidão de socorro da comunidade
local, o que permitiu a redu-
ção de perdas”.
Na ocasião, o Governo ofereceu
umas embaraçosas mantas a famílias
das vítimas do acidente,
tendo dias posteriores distribuído
alimentos aos fiéis que se mantinham
no local em preces a favor
dos desaparecidos, sobrevivendo de
mangas.
Superlotação
As autoridades de Manica anunciaram
segunda-feira que a superlotação
da embarcação podia estar
na origem da tragédia, mas uma
equipa da Transmarítima foi enviada
para aprofundar do sinistro
no local.
“Foi enviada ao terreno uma equipa
da Transmarítima para aprofundar
as investigações do acidente”, disse
Maria Gabriel, também directora
provincial dos transportes de Manica,
assegurando que investigam
agora as reais causas do incidente.
A embarcação naufragada, disse
Maria Gabriel, tinha a capacidade
para transportar oito passageiros
no máximo, sem carga, mas afundou
com 17 passageiros, ou seja,
mais do dobro. Há indícios também
da embarcação ter embatido
num dos galhos e o estado de velho
da composição ter permitido a entrada
de água.
Funerais
Os funerais das vítimas do naufrágio
só iniciaram na terça-feira,
porque aguardavam o aval do pastor
regional da ZCC, baseado no
Zimbabwe, que chegou à zona do
acidente na segunda-feira a noite.
Na terça-feira seis pessoas foram
a enterrar no cemitério distrital de
Manica, onde a maioria dos crentes
era originário. Outros quatro funerais
dos fiéis foram realizados na
quarta-feira num cemitério tradicional
em Bandula, próximo à zona
do incidente, devido ao estado de
decomposição dos corpos.
“Já foram realizados 10 funerais
dos fiéis, todos participados pelo
pastor regional da organização e o
Governo de Manica” confirmou na
quarta-feira Maria Gabriel, chefe
da comissão de assistência as vítimas
do naufrágio, criada pelo Governo.
Uma família, da pessoa desaparecida,
e outros crentes da seita
continuavam em orações nas duas
margens do rio, onde acamparam
desde domingo quando começaram
os trabalhos de resgate, clamando
pelo último corpo. O propósito
da paz, tinha sido deixado
do lado até então.
Moçambique vive novos momentos
de incerteza política, provocada
pela recusa da Renamo em reconhecer
os resultados das eleições
gerais de 15 de outubro do ano
passado e pela sua proposta de governar
nas seis províncias onde reclama
vitória, sob ameaça de tomar
o poder pela força, e várias igrejas
tem procurado buscar soluções,
incluindo divinas, para aproximar
o Governo e a Renamo para um
diálogo.
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