segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Quando o silêncio diz mais do que as palavras


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Assalto a Dlakama
Fechei com muita força as pálpebras, eu precisava de me concentrar para me lembrar onde vi este filme do cerco a casa de Dlakama, passaram segundos, porem, para mim parecia uma eternidade, pois, eu queria porque queria lembrar-me da ocasião em que me fora oferecida a oportunidade de assistir tal filme, por instantes flashes de luzes multicolores iluminavam a escuridão causada pelo meus olhos fechados e atordoavam-me a mente que a busca de concentração caia em buraco negro sem fundo.
Desesperado abri os olhos sem ter logrado recapturar tal lembrança, na sequência, puxei por um cigarro palmar azul e chapeio-o avidamente e dizendo para comigo mesmo que já não tinha memoria pois não consegui trazer de volta lembrança de factos que me ajudaria a comparar a brincadeira estupida da FRELIMO, porem, eis que inesperadamente chega o meu amigo Mbita que efusivamente estende os braços e grita Hoooo Muzai, a quanto tempo, puxa vida como estás grande, essa barriga, quantos filhos tens, que fazes agora?.
No entretanto, antes de lhe responder aquela chuva de perguntas, Mbita vira-se para a senhora que o acompanha e diz Isaura chega aqui, este senhor, é o amigo que de quando em vez te falo a respeito, este é um irmão de verdade, o que passamos juntos não se descreve e não se perde nunca, enquanto ele se socorria da memória para explicar a senhora quão importante era a nossa amizade, eu divagava buscando resposta para tantas perguntas disparadas rapidamente sem me dar tempo de responder, enquanto trocávamos afectos “abraços”, veio na minha memória um episódio em que eu e o Mbita presenciamos.
Uma vez, lá no tempo passado, fomos convidados a participar de uma festa, na verdade a festa era um subterfugio para reunir pessoas amigas, mas, também havia um plano de impressionar uma rapariga que na zona era tida como a tal princesa e que uma bicha de rapazes não poupavam esforços para conseguir melhor atenção da princesa a tal chamava-se Berta, no caso pretendida pelo filho mais velho do anfitrião que então era trabalhador na RSA, não se sabia se era mineiro e ou se trabalhava em algum outros lugar, uma coisa era certa, o tal filho não era preciso apresentar pois o cabelo estavam tao preto que nem carvão mineral “ tinha pintado com KoolBlack”, a pele respirava saúde pois cremes e que creme de pele tinham sido exageradamente aplicados, a indumentaria saltava a vista de todos, sapatilhas Adidas, Calças gang-Caki, uma camisete com motivos de leopardo, um relógio doirado, um colar de ouro grosso, 4 anéis de com pedras brilhantes, ao passar exalava um perfume forte e adocicado que intoxicava todo mundo, mas, era um perfume único ali e mais ninguém tinha-se perfumado, na casa havia comeretes e beberete a fartura coisa rara nos tempos de então, parte considerável do que ali se apresentava só podia ter vindo da RSA e ou da Interfranca (lojas francas) onde só com divisas se podia fazer compras.
Com toda gente reunida foi de improviso escolhido um MC que fez um discurso introdutório do motivo do encontro naquela data, o filho recém regressado da RSA foi apresentado era o Tinga conhecido nos tempos de miúdo como um bom jogador de futebol de 11, de seguida fez-se uma reza e as pessoas foram liberadas para comer e beber, passado cerca de 40 minutos pediu-se um minuto de silencio e anunciou-se a abertura da sala, nesse instante a menina Berta foi convidada a abrir a sala com o madjonidjoni, no caso ate era uma honra ser escolhida para abrir a sala com o anfitrião, mulheres que gostam de tudo que as destacam nesses casos mal pensam na fotografia se fica bem ou não, bem, a BERTA e o TINGA deram gosto ao pe dançando uma musica lenta gostosa, 2 minutos depois já estavam vários pares na sala/pista também dançando.
A noite prometia muito bem, cavaqueava-se aqui e acola, os malandros seleccionavam as meninas potencias vitimas para aquela noite, na casa, cada musica que se dançava abraçado e ou pegados, dava direito a uma paqueira, as meninas tinham que ter uma capacidade de selecção muito apurada sobre risco de aceitarem o papo do rapaz mais rafeiro que contaria as peripécias da noite de amor no dia seguinte a todos amigos, sim, alguns rapazes na verdade conquistavam as meninas para terem assunto no dia seguinte para contar aos amigos, amor como tal era algo que estava a perder-se.
Nesse tempo, as pessoas já vivenciavam sinais de perda de valores morais, de adulteração da cultura moçambicana acomodando importações nefastas, os italianos andavam a fazer filmes pornográficos com meninas negras pobres e famintas sendo “F” por cães, e ou participando de orgíacas a mistura com drogas pesadas, onde em troca de sandálias plásticas chamadas (ma-noitinhas) vendiam-se por tuta e meia, nessa altura não haviam mexas mas sim perucas diversas, assim as negras conseguiam abanar a cabeleira como se fossem sinhás brancas, bem, dizia eu, 40 minutos depois a turma bebia, gargalhava por este ou aquele motivo quase sempre motivos fúteis, se fosse hoje, os rapazes diriam que a festa estava a bater bem, pois, nada indicava que mudanças radicais iriam ocorrer e que estragaria a festa toda.
E de repente chegou o Maiquel/Michael rapaz conhecido por dançar tentando imitar o famoso astro negro-americano-branco “ O Jackson” , o rapaz tinha o seu jeito para dançar e tinha fãs que gostavam de o ver a dançar, ele era o tal que se não estivesse na festa algo errado teria acontecido pois ele já não precisava de convite, os seus dotes já se constituíam como livre transito, o Maiquel entrou entrando mesmo, directo para a pista rebolou, rodopiou, robotizou-se, dançou tudo e mais alguma coisa em menos de 10 minutos, tempo para 2 musicas o Maiquel já recebia aplausos ate do anfitrião, toda gente já fazia um circulo/roda a volta do estrelo Maiquel, e ai dançava-se de todo jeito, na sala, uns dançavam, mussakaze, Madjica, Muthimba, Marrabenta, outros mamansibonguile “jive”, outros funk, outros estilos de pop americano e europeu incluindo sul-africano e com os Steve kekana, Babson mulanguene, Phanranhane, David Tekwane, Soul brothers, Piter Tinete, imagination, Hozibiza, Kool & Gang, Dona Summer, Cristal Ball, Bony M, Madona, Harari, Brenda Fasi, Marrilions ate Super Trump se ouvia, era uma miscelânea de sons e estilos de danças, mas, o estrelo Maiquel dava-se bem em todos os estilos ele era um poço de movimentos harmoniosos que se ajustavam a qualquer som.
Nisto, a Berta, por razoes obvias engraçou-se com o Estrelo e não escondia que o admirava, isso não passou a despercebido junto do dono da festa, que até então era o único pavão que esticava as penas para ser apreciado, porem, ele pretendia conquistar a Berta, menina de boa família, pai Presidente da Cooperativa de Consumo Mariam Guabi, garantia absoluta de que fome não passariam, pois estamos em plena era das bichas para tudo, nesse tempo não interessava o que a loja tinha bastava veres alguém fazendo bicha as pessoas imitavam-no pois qualquer coisa que fosse vendida certamente estaria fazendo falta em casa, sabão, sapato, roupa, bolachas, rebuçados, tudo mas tudo mesmo faltava nas dependências das famílias moçambicanas.
Tinga ao dar conta que a Berta parecia absorta pela actuação do Maiquel começou a mudar de humor primeiro assumiu-se DJ, logo começou a tocar coisas que não eram familiares aos rapazes da cidade ele estava tocar musica dos Maxanganas da Africa do Sul – Bush Batrix, um tipo de musica que somente em contextos próprio meramente tribail é que encontra simpatia. Algumas pessoas tentam alertar ao Tinga que estava a ser mau DJ, ele ignorou a todos e tudo continua a tocar o que lhe agradava, de seguida “passado um bom bocado” o Tinga dirige-se para o Maiquel e pergunta-lhe em alto e bom-tom quem o tinha convidado aquela festa, a sala ficou silenciosa, o Maiquel nunca tinha passado por uma situação daquelas, ser publicamente rebaixado como um Jake, o Maiquel, sem palavras inicia lentamente
Numa marcha lenta para traz sem comentário e dirigindo-se para fora de casa, la foi o Maiquel, nisto, a Berta pergunta ao Tinga, se ele não conhecia o Maiquel? Em defesa dele ela ainda afirma ele faz animar a festa deixa ele ficar, o Tinga sentiu-se em cima do pedestal então esboçou um sorriso sarcástico/malicioso e disse ta bem ele pode ficar………mas, para o espanto de todos o Maiquel entre os apelos da Berta ele sumiu da sala e postou-se la fora colectando informações sobre as outras festas onde ele iria e seria bajulado por todos.
A Berta sai e grita Maiquel vem la pa, o Tinga estava brincar ele já não se lembrava de si, vem bro, Maiquel percebe que aquele era o memento dele e diz, B não te reocupes vou a festa do Dover um puto mulato muito lixado, la txila-se de verdade gente fina boas gatas musica de branco, estas a ver ne? Eu tou indo se quiseres venha. A “B” volta para dentro toda amuada diz fizeste zangar o Maiquel agora veras como será a tua festa, nisto ela pega na bolsa dela e sai, o Maiquel ainda cavaqueava com dois amigos solidários a ele que não concordaram com vexame a que ele fora sujeito.
Tinga sai de casa e pessoalmente convida o Maiquel para entrar, este esforço visava agradar a “B” que claramente mostrava que não gostara do gesto do dono da festa, querendo limpar a barra o Tinga aceitou baixar a crina e pedir ao Maiquel para voltar a festa, Maiquel, sereno responde obrigado pelo convite mas vou para casa já e tarde antes dos milicianos começarem as rusgas vou bazar, o Tinga vira as costas e entra para dentro de casa, na sala estão os seus pais, os irmaos um par de vizinhos, todos os jovens seguiram o Maiquel para a festa do Dover.
Ao se sair dali a Berta estava de mãos dadas com o Maiquel, foi perceptível que ate aquele momento o Maiquel; ainda não tinha paqueirado a dama mas esta já fazia questão de marcar o território mostrando a concorrência que o estrelo era praticamente propriedade privada a caminho da casa do Dover soube-se que ele a festa do Tinga tinha precocemente terminado porque procurou humilhar o Maiquel.
Moral da história
Que não seja pelo facto de a independência ser obra da FRELIMO que esta deve achar que ela é a dona da quebrada, e importante que saiba-se estar e ser, ao assaltarem a casa de Dlakama acreditavam que estavam dando um golpe de mestre na arte de humilhação, porem, a bala saiu pela culatra, o Sr. Dlakama não se deixa ludibriar do seu jeito encontrou uma parte incerta mais segura que a parte certa dos seguranças da FRELIMO, nunca o facto de serem o governo irá colorir actos feios adjectivando-os de correcto, necessários só porque um punhado de insanos querem mostrar o musculo ao Dlakama, eu acho puramente louco o grande caçador que munido de uma mauser vai ao curral caçar o melhor exemplar de búfalos para depois erguer o trofeu e dizer eu sou um bravo caçador, melhor que eu só no mundo dos DEUSES, recomendo que cacem em Santundjira, Murrumbala, Gorongosa, Muxungue…etc, mostrem la o vosso musculo e as vossas espectaculares habilidades na arte guerrear.
Cuidem-se cidadãos Frelimianos, que ferras são muito bem conhecidas pelo povo, animais mansos também pelo que o vosso trofeu será admirado e exposto na sede do Partido mas não em nenhuma praça pública, agora o rei vai nu pela calçada e tudo indica que ele é sonâmbulo, para nossa desgraça.
Na tal marcha sonâmbula o Sr. Nyusi vai para EUA, RSA, Franca, ARABIA, Angola, enquanto isso o povo sofre em agonia sem ter quem o acuda.
Eu fui neste meio inconformado.
Khanga Hanha Muzai 

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