Três oficiais da Renamo, o maior partido da oposição no país, abandonaram a ala militar daquele antigo movimento rebelde, liderado por Afonso Dhlakama, para integrarem as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique (FDS).
Trata-se de António Barroma, Anselmo Goba e Santos Daniel, todos naturais da província central de Sofala, que há dois meses se encontravam na cidade de Maputo, capital moçambicana, aguardando pela sua efectiva integração nas fileiras da Polícia da República de Moçambique (PRM), facto que ocorreu formalmente nesta terça-feira.
O representante do grupo, António Barroma, disse que esta atitude reflecte um desgaste da sua parte e de seus colegas que viviam no mato. Aliás, esta situação constituía um enorme atraso às suas vidas e estava muito aquém da sua expectativa de vida.
Somos ex-guerilheiros da Renamo, ficamos lá no mato e acompanhamos em todas as hostilidades militares entre a Renamo e as forças governamentais, durante dois anos. Quando integrámos a Renamo o nosso objectivo não era de ficar no mato. Por isso, quando o governo anunciou que estava aberto para integrar os homens da Renamo nas suas fileiras achamos que seria uma boa oportunidade, explicou Barroma, em declarações a Rádio Moçambique.
Explicou que a sua decisão foi tomada depois de se aperceberem que a Renamo não estava interessada em integrá-los nas FDS.
Notámos que estávamos a perder tempo no mato e que se não tomássemos essa atitude a Renamo não faria isso por nós, referiu.
Barroma sublinha ainda que esta é, na verdade, uma réplica da decisão tomada num passado recente por alguns seus superiores que, igualmente, decidiram juntar-se às fileiras das FDS e servir a nação moçambicana
Garantiu que ele e seus dois parceiros convidaram outros antigos colegas a abandonarem as matas e ouvir os apelos do governo, como forma de acabar definitivamente a ocorrência de alguns focos de conflito que ainda se registam em algumas zonas do pais, particularmente na região centro.
Os três oficiais juntaram-se a Renamo no passado ano de 2013 e foram então treinados na base de Chicuacha, no distrito de Dondo, província central de Sofala. Foi deste local onde partiram para Maputo, com o intuito de juntarem-se às FDS.
Jeremias Chemane (JC)/sg
(AIM – 06.10.2015
PEDINDO INTEGRAÇÃO NAS FADM - Jovens abandonam base da Renamo em Chicuacha
Quarta, 07 Outubro 2015
TRÊS jovens militares que se dizem oficiais da Renamo abandonaram recentemente a base deste partido, conhecida pelo nome de Chicuacha, localizada a 48 quilómetros de Muanza, na província de Sofala, e entregaram-se às autoridades governamentais para serem integrados nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM).
Trata-se de António Lami Tole Boroma, de 29 anos, natural da cidade da Beira, Anselmo Wizomane Goba, 32 anos, natural de Chimoio, e de Santos Azarias Daniel, 26 anos, natural de Manica, que agora se encontram em Maputo aguardando a efectivação da sua integração nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique.
Falando ontem à comunicação social, os três jovens militares disseram serem filhos de pais guerrilheiros da Renamo. Os três chegaram à base de Chicuacha em 2013, tendo recebido treinos militares juntamente com outros que ainda lá permanecem, numa perspectiva de substituir os guerrilheiros mais velhos e com promessas de serem integrados nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique ao abrigo do Acordo de Cessação das Hostilidades Militares assinado a 5 de Setembro de 2014.
Segundo contou António Boroma, depois de se aperceberem que as promessas de integração nunca mais eram concretizadas, reduzindo as suas esperanças e expectativas a cada dia que passasse e porque o diálogo no Centro Internacional de Conferências Joaquim Chissano nunca mais dava sinais positivos, decidiram desertar das fileiras armadas da Renamo em Chicuacha para abraçarem uma causa justa e por essa via garantirem o seu futuro como jovens, servindo o país.
“Nas matas os nossos sonhos tornaram-se irrealizáveis. Por isso decidimos não continuar na Renamo. Agora somos do Governo e esperamos ser integrados nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique. Estou satisfeito com isso”, disse, por seu turno, Anselmo Goba.
O jovem António Boroma conta que foi uma atitude de grande coragem ter abandonado a base de Chicuacha.
“Vimos que estávamos a perder tempo no mato. Há lá pessoas que têm vontade de se entregar mas não conhecem os mecanismos. Ademais, lá sempre dizem que entregar-se ao Governo é o mesmo que procurar a morte. Muitos vão ficar surpreendidos com esta nossa atitude. Ninguém sabe que estamos em Maputo. O meu apelo é que temos que pensar como moçambicanos, não devemos destruir o país. Não há necessidade de voltarmos ao que aconteceu nos anos 80”, disse.
ESCONDIDOS EM FUNHALOURO: Homens da Renamo ponderam render-se
Quarta, 07 Outubro 2015
MAIS de 100 homens armados da Renamo, escondidos na região de Malamule, a20 quilómetros da localidade de Tsenane, no distrito de Funhalouro, em Inhambane, tencionam abandonar o seu esconderijo e entregarem-se às autoridades governamentais, revelou semana passada ao “Notícias” o administrador local, Afonso Machungo.
Segundo este dirigente, os elementos da Renamo pretendem desmobilizar-se das fileiras do ex-movimento armado para passarem a integrar as Forças de Defesa e Segurança, “à luz do acordo assinado em Setembro de 2014 pelo antigo Presidente da República Armando Guebuza e pelo líder da Renamo, Afonso Dhlakama”.
O administrador de Funhalouro acredita que a ideia do contingente, que já reduziu desde Julho as suas movimentações pelas aldeias vizinhas, após a frustrada tentativa de chegar à província de Maputo a pé, surge na sequência de graves problemas logísticos que o grupo enfrenta.
O administrador Afonso Machungo explicou à nossa Reportagem que, durante o interrogatório ao chefe da localidade de Tsenane, depois de ter sido raptado pelos homens da Renamo, estes mostravam-se descrentes das promessas de Afonso Dhlakama de vida melhor e deixaram escapar a sua desmoralização e não quererem continuar escondidos no mato.
“Quando raptaram o nosso chefe de localidade, que regressava à casa ido do povoado de Mathale, os homens da Renamo alegavam que o responsável não se devia imiscuir em assuntos que não são da sua alçada, nomeadamente assuntos políticos e militares”, disse Machungo.
O chefe da localidade de Tsenane tinha-se deslocado a Mathale para apelar à população sobre o reforço da vigilância contra as mensagens de desunião, contra os sabotadores da economia, da paz e da independência nacional.
O administrador de Funhalouro disse também que os homens da Renamo procuraram informar-se das atribuições do chefe da localidade, saber quem enviou para aquela zona os membros das Forças de Defesa e Segurança (FDS), porque agora a população “deixou de colaborar nas suas (da Renamo) ideias. Procuram também saber quais são os planos do Governo relativamente a eles e o que é necessário fazer para se ter acesso ao Fundo da Paz”.
Segundo o administrador de Funhalouro, por diversas vezes os homens da Renamo foram convidados a entregar-se com as suas armas para serem integrados nas FDS ou na comunidade para se beneficiarem do Fundo da Paz.
Acrescentou, por outro lado, que o seu Governo continua a mobilizar a população para manter a vigilância em todos os locais, reportando todos os acontecimentos anormais protagonizados pela Renamo, para a tomada de medidas necessárias, “porque a população deve continuar a cumprir as suas actividades livremente sem medo de qualquer espécie.
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