Polícia manteve líder da Renamo em cativeiro
- A domiciliária durou desde as primiras horas do dia 09.10. 2015 e terminou por volta das 17 quando conseguir recolher as armas da segurança de Dhlakama.
Numa verdadeira demonstração gratuita de força, a cidade da Beira acordou, no dia 09 de Outubro, num grande alvoroço porque, logo pela manhã, forças combinadas da Unidade de Intervenção Rápida, UIR, elementos do Grupo Operativo Especial, GOE, da Polícia de Protecção, PP, e de Polícia de Trânsito, PT, munidas de bazokas, metralhadoras pesadas e carros de assalto, invadiram o quarteirão do Bairro das Palmeiras II, onde se encontra localizada a residência do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, com objectivo de o manter no cativeiro e desarmar a sua guarda pessoal. Não se sabe se a acção daquele contingente policial terminaria, apenas, por aí ou prosseguiria até às últimas consequências.
Depois do espectáculo de desamarmento de cerca de 12 elementos da Renamo, na altura da rendição da guarda, foram encarcerados num blindado que estava defronte da casa do presidente Dhlakama e levados para algures, para toda a gente ver que o governo tem poderes para prender e manter no cativeiro a quem quer que seja.
Polícia humilhou Dhlakama
O líder da Renamo chega à Beira por volta das 22 horas, ido das matas do Rio Púngue, na limite entre Gorongosa e a província de Manica, acompanhado de mediadores das infrutíferas conversações do Centro de Conferências Joaquim Chissano e um enorme grupo de jornalistas, foi alojar-se na sua residência, localizada no Bairro das Palmeiras II. No dia seguinte, 10 de Outubro, estava marcada uma conferência de imprensa para as 09.00horas, no Hotel Lunamar, onde o líder da Renamo iria falar.
Depois das da hora prevista, alguns jornalistas presentes no local indicado começaram a receber mensagens que indicavam que já não haveria a conferência de imprensa porque a polícia, armada até ao pormenor, invadiu o quarteirão onde se situa a casa de Dhlakama e não o deixam sair. A polícia fechou todos os caminhos que davam acesso à casa de Dhlakama, atravessou blindados e montou patrulhas por tudo quanto fosse rua. Desarmou os guardas do líder da Renamo e meteu-os, de forma mais humilhante possível. Parecia que a cidade havia sido ocupada por invasores e saqueadores.
Polícia pode decretar prisão domiciliária?
A polícia forçou o portão da entrada principal da residência do líder da Renamo e entrou contra todas as normas e princípios. Mexeu e remexeu tudo quanto fosse compartimentos dos anexos à procura de armas, fardamento e de outro equipamento militar, deixando o presidente Dhlakama isolado, desolado e recolhido num autêntico cárcere privado. Essaatitude é contra todas as leis nacionais e internacionais. As pessoas que acompanhavam os acontecimentos temiam pelo que poderia suceder ao líder da Renamo enquanto chegava gente de todos os bairros da Beira.
A prisão domiciliária, segundo a Constituição da República, só pode ser decretada por um tribunal e jamais por ordem de um comandante, seja de que nível for. Nem mesmo o Presidente da República tem poderes constitucionais para decretar a prisão domiciliária do mais humilde cidadão de Moçambique. Portanto, o que aconteceu na Beira com o líder da Renamo constitui uma grave agresão à nossa constituição.
Quem autorizou aquela operação?
Filipe Nyusi, Presidente da República, voltou a violar a Constituicão que ele jurou respeitar e fazer respeitar. O Presidente transmitiu um claro sinal de que só respeita as leis quando lhe convém a ele e ao seu grupo. Um respeitado professor de Direito, presente nas comemorações do jubileu dos 75 anos da Arquidicese da Beira, disse que a Frelimo provou que, no país, não existe nenhum Estado de Direito. Isto é uma fachada e vergonha institucionalizada. A Frelimo e o seu governo deveriam corar-se de vergonha, pelo menos, desta vez por ter ido longe demais, disse.
Os mediadores Dom Dinis Sengulane, o Professor Lourenço do Rosário e outros - que já estavam no aeroporto de volta para Maputo, tiveram que cancelar a viagem para irem atender a situação criada pela polícia, enquanto isso o povo se aglomerava em redor da casa de Dhlakama. Não arredava o pé apesar de toda a amedrontação policial. Aos mediadores vieram se juntar a combativa Alice Mabota e o Arcebispo da Beira, Dom Cláudio da la Zuana.
Para afugentar as pessoas, a polícia não parava de lançar granadas de gás lacrimogêneo contra o povo, pondo, assim, toda a gente – mulheres, homens e crianças – em debandada. As crianças da escola primária próxima gritavam, em uníssono, queremos paz, queremos, mas os soldados enxotavam-nos com as suas em riste.
Dhlakama sai das matas sem pré-condições
Era comum ouvir-se entre as pessoas aí presentes do facto de terem tirade o líder da Renamo das matas onde se encontrava refugiado para o humilharem na cidade. Para entender os contornos da saída de Dhlakama, perguntamos a António Muchanga, porta-voz da Renamo, que estava entre a multidão, se o governo havia imposto alguma pré-condição. “Não houve nenhuma pré-condição para o reaparecimento do presidente”-respondeu. Algumas figuras que ouvimos disseram que deve ter sido por isso que o governo se aproveitou para fazer aquela vergonha.
Continuando, Muchanga disse que “o que se concordou foi trazer o líder para as mesmas condições em que saíu, no dia 25 de Setembro. Isso desarmar a sua guarda é algo que está a acontecer aqui. Estas acções que estão a assistir neste momento – cerco, desarmamento – nós não sabiamos nem estavam previstas, aclarou.
Foram FDS que fizeram embooscada das Amatongas
A polícia ao exigir, inicialmente, quando cercou a casa de Dhlakama, que lhes fossem devolvidas as suas armas capturadas pela segurança do líder da Renamo, na emboscada de Zimpinga, no Posto Administrativo das Amatongas, no distrito de Gondola, provincial de Manica, a 25 de Setembro passado, ficou evidente e de forma irrefutável que foram as Forças de Defesa e Segurança que fizeram aquela emboscada contra a caravana do líder da Renamo na qual morreram militares e civis.
Vale aqui recordar que a autoria daquela emboscada e da do dia 12, foram,por várias vezes, recusada pela polícia e atribuída aos elementos supostamente descontes ou a rebentamento e capotamento de uma das viaturas da comitiva da Renamo. O porta-voz da Frelimo, exímio em inventor mentiras e imporopérios, até chamou ao líder da Renamo de “terrorista”. O antigo presidente da República, Armando Guebuza, deselegante, disse que Dhlakam a é parecido com um marginal.
A FIR queria ver um banho de sangue…
As forças governamentais ao mandarem retirar os moradores próximos da casa do líder da Renamo, acredita-se queria liquidar Dhlakama e todos quantos o guarneciam. Valeu a presença célere dos mediadores e a pronta reacção da comunidade internacional que frenou os ânimos da Frelimo para que procurasse resolver os problemas politicos com meios pacíficos, tal como acontece nos países democráticos.
Apesar de ter sido frenada na concretização do seu velho desejo de matar o líder da Renamo, tal como aconteceu com Jonas Savimbi, da UNITA. Por isso mesmo, não é, de modo algum, de descartar a possibilidade de voltar a haver mais atentados contra a integridade física de Dhlakama porque certos políticos do partido no poder ainda se comportam de maneira totalmente atípica, confunde adversários politicos com inimigos a abater.
Mas antes disso, o ministro da Defesa Nacional, Salvador Mutumuke, disse que a “natureza vai fazer desaparecer o líder da Renamo”. Se se refere da morte natural, então isso é para todo o ser humano, incluindo ele também vai desaparecer. Se fala das emboscadas, estamos perante um partido antidemocrático, violento e de intolerantes como sempre o foi.
Os mediaqdores apupados
As pessoas que se haviam aglomerado defronte da casa do líder da Renamo, outras por cima do muro, gritavam: “Dhlakama amigo, o povo está contigo”, “Dhlakama é o nosso líder” e aumentaram o tom quando os mediadores se iam retirar, chamando-os de “traidores” por terem convencido Dhlakama a deixar as matas para ser humilhado pela Frelimo. Foi preciso o próprio presidente da Renamo vir ao quintal pedir que deixassem os mediadorees partirem. Ao bispo Dinis Sengulane coube-lhe o nome de Judas Escariotes, o apóstolo que traí Jesus Cristo, vendendo-o aos seus inimigos.
Dhlakama teria sido vendido?
O povo da Beira disse que os mediadores retiraram Dhlakama das matas para entregá-lo ao governo da Frelimo a fim de o imolá-lo, concretizando-se, desse modo, o velho sonho do partido no poder de o assassinar, tal como aconteceu com Jonas Savimbi, da UNITA, em Angola de José Eduardo dos Santos.
Os mediadores precisam de dar uma explicação muito clara ao povo se sabiam ounnão da existência do plano da Frelimo de assassinar Dhlakama porque enquanto se mantiverem em silêncio, a ideia de que os mediadores estavam feitos com o governo da Frelimo vai persisitir.
Até ao presente momento, os mediadores não emitiram nenhum comunicado repudiando a atitude do governo de querer matar Dhlakama a fim de liquidar a democracia e as liberdades conquistadas pelo povo.
Quem não quer paz?
Hoje mais que nunca, já não há dúvidas de que a Frelimo e o seu governo são os piores inimigos da paz e tranquilidade do povo moçambicano. Nyusi e o seu séquito falam da paz, galgam as igrejas e mesquitas apelando à paz, mas, na prática mandam emboscar os seus adversaries, cercam-nos, socorrendo-se das suas forças armadas, pretensamente governamentais. Continuam a ser intolerantes para com o diferente. Continuam a pensar “quem não é connosco, é contra nós”. Continuam a excluir todo aquele que não se identifica com a sua ideologia política.
O partido Frelimo é o maior inimigo do povo. O partido Frelimo é o maior inimigo da paz.

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