27.10.2015 • 15h23
Jornalista Rafael Marques fala em “feito histórico” que serviu para despertar consciências sobre Angola.
Por Rede Angola, com Agência Lusa.
Clínica Girassol[ Francisco Bernardo/JAImagens ]
O activista Rafael Marques disse hoje que a acção de Luaty Beirão é um “feito histórico” que despertou consciências sobre Angola, cumprindo um dia de greve de fome por cada ano do presidente José Eduardo dos Santos no poder.
“O Luaty, rebelde como sempre, terminou os 36 dias que significam também os 36 anos de poder do Presidente da República. É simbólico e é também uma declaração, uma prova de resistência do Luaty. Foi um dia de greve por cada ano no poder do presidente José Eduardo dos Santos”, disse à Lusa o autor do livro Diamantes de Sangue: Tortura e Corrupção em Angola.
Para Rafael Marques, que visitou na semana passada os 15 acusados de prepararem um golpe de Estado, o fim do protesto é uma notícia que deve “alegrar todos” considerando que a greve de fome de Luaty Beirão foi “um feito histórico que fica para os anais da História angolana”.
“Não há aqui vitórias nem derrotas porque o importante aqui foi o despertar para a realidade e para as injustiças que nós passamos e também fazer compreender ao presidente José Eduardo dos Santos, e ao seu regime, que o mundo mudou e a opinião que o mundo hoje tem sobre o regime já é completamente diferente e, por isso, ou dialoga com a sociedade e encontra saídas ou continuará a ser isolado na cena internacional”, afirmou Rafael Marques.
O activista Luaty Beirão, internado sob detenção na clínica Girassol, em Luanda, terminou hoje a greve de fome de protesto, mas avisou que não vai desistir de lutar pelo fim da “greve humanitária e de Justiça” em Angola.
“Estou inocente do que nos acusam e assumo o fim da minha greve. Sem resposta quanto ao meu pedido para aguardamos o julgamento em liberdade, só posso esperar que os responsáveis do nosso país também parem a sua greve humanitária e de justiça”, afirmou Luaty Beirão, na carta enviada ao Rede Angola, e na qual anuncia o fim da greve de fome, que na segunda-feira completou 36 dias.
Para Rafael Marques, os jovens, considerados presos de consciência pela Amnistia Internacional, devem ser “imediatamente” libertados.
“Eles estão presos de forma injusta e por acusações ridículas e o apelo deve continuar no sentido de eles serem libertados imediatamente. O presidente José Eduardo dos Santos não pode continuar a usar o sistema judicial para amedrontar as pessoas, para aterrorizar os cidadãos de bem”, acrescentou, referindo-se ao julgamento dos jovens, cujo início está marcado para o dia 16 de Novembro.
“É o presidente quem dá instruções directas ao Procurador-Geral da República, logo a prisão destes jovens é uma instrução directa do Presidente da República a quem cabe agora dar instruções directas para que o Ministério Público retire as acusações ridículas contra estes jovens”, sublinhou o activista, que apelou também ao fim do “clima de intimidação” no país.
“É importante fazer o apelo porque estão a verificar-se movimentos militares estranhos e que estão a preocupar as populações e está-se a criar um clima para atemorizar as pessoas e nós temos de acabar com esta cultura do medo e os abusos de poder”, concluiu Rafael Marques, que se encontra em Lisboa.
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