Testemunhas dos dois
atentados, recentes, contra
Afonso Dhlakama,
descrevem os atacantes
como homens vestidos à civil,
com coletes à prova de bala, fortemente
armados com armas de
guerra e com aspecto de quem
tem treino militar.
Qual será o significado disto?
A quem obedecem esses homens?
Quem lhes fornece os
coletes, as armas e as munições,
quem lhes define os alvos a
abater e o momento da acção?
Quem lhes paga?
Tudo perguntas a que não é fácil
responder. São poucas as provas
para que se possa apontar o dedo
sem dúvidas em o fazer.
O único aspecto curioso é que
disparam sistematicamente contra
quem incomoda a direcção
do Partido Frelimo e o seu Governo.
Foi assim com Gilles Cistac
e está a ser agora com Afonso
Dhlakama. E, nos dois casos, depois
de uma intensa campanha
de diabolização da futura vítima
através dos órgãos de informa-
ção do sector público.
Coincidências? É muito possí-
vel. E quem sou eu para dizer
que é mais do que isso? Muito
mais do que isso?
Sérgio Vieira, há poucos dias,
apelou à “savimbização de
Dhlakama” demonstrado que,
apesar das aparências, ainda
não rapou o bigode farfalhudo à
moda do antigo Pai dos Povos, o
José Bemvindo das Neves.
Mas, muito provavelmente, bigodes
desses continuam a proliferar
nos salões onde se tomam
as verdadeiras decisões, embora
o Sérgio já não lhes pise as alcatifas.
Vozes há que afirmam que os
tais esquadrões da morte mais
não são do que polícias e militares
a quem se retira as fardas
dado o melindre das operações a
executar. Não faço ideia se com
razão ou não. Mas, apenas em
termos teóricos, vamos admitir
por momentos que sim, que
essas vozes têm razão. Será que
os tais militares e polícias desfardados
obedecem às ordens
do seu Comandante em Chefe
ou actuam ao serviço de outras
quaisquer entidades? E, no segundo
caso, o tal Comandante
em Chefe sabe disso e sente-se
confortável?
Adaptando uma velha frase espanhola
à nossa realidade, eu
diria que não acredito em esquadrões
da morte, mas que eles
existem, existem!
NR: Na edição passada, por erro
técnico repetimos a crónica de
Machado da Graça publicada na
semana anterior. Pelo erro as nossas
desculpas ao autor e ao público
leitor
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