JOÃO PEDRO PEREIRA
12/10/2015 - 18:07
A frase
“Nós não competimos directamente com os operadores móveis ou os operadores de telecomunicações. Isso é um engano. É um mito. Eu convido qualquer operador móvel a dizer qual é a erosão de mercado que sofreram por intermédio de um operador como o Skype, e eu garanto que eles não vão conseguir dizer, não porque não possam saber, mas porque não é relevante”João Couto, director geral da Microsoft Portugal.
O contexto
A afirmação foi feita pelo responsável da Microsoft em Portugal, numa entrevista ao Jornal de Negócios. Aplicações como o Skype (que é da Microsoft), o Facebook Messenger e o WhatsApp, para nomear apenas algumas das mais populares, permitem fazer chamadas de voz, vídeo ou enviar mensagens de texto, através da Internet. São muitas vezes designados por serviços over the top e aumentam a quantidade de dados que circulam sobre as infraestruturas dos operadores. Tanto em Portugal como fora, os operadores têm-se queixado da concorrência destes serviços, cuja oferta se sobrepõe a alguns serviços dos próprios operadores, como as chamadas de voz e os SMS. Além disto, os operadores queixam-se deste tipo de aplicações não ter de respeitar as mesmas normas, nomeadamente no que respeita à utilização de dados pessoais.
Os factos
O envio de SMS está em queda. Segundo dados da Anacom, que regula o sector, o número de mensagens escritas caiu 9% no segundo semestre face ao mesmo período do ano anterior. Por outro lado, o número de minutos de conversação com origem nas redes móveis cresceu 11%. Em qualquer dos casos, o impacto nas receitas do volume de utilização dos serviços depende das margens que os operadores conseguem com cada cliente.
A estratégia dos operadores tem sido a de vender pacotes integrados, combinando ofertas de voz, televisão, Internet fixa e móvel – e estão a conseguir cativar clientes com estas ofertas. Em Julho, 77% dos agregados familiares tinham um destes pacotes de telecomunicações, um aumento anual de 13%.
As aplicações – incluindo as de comunicações – são também usadas pelos operadores como uma forma de venderem serviços de Internet móvel e chegam até a ser usadas em material publicitário. Os utilizadores de serviços típicos de banda larga móvel subiram 19% no trimestre passado em relação ao mesmo trimestre de 2014.
Os operadores têm assentado boa parte da sua concorrência no preço. No relatório anual para os 12 meses terminados em Março deste ano, o Grupo Vodafone reconhece que as receitas dos serviços móveis em Portugal têm sofrido com “a pressão de convergência dos preços, reflectindo um prolongado período de concorrência intensa”. As receitas da Vodafone em Portugal caíram cerca de 13% em relação ao ano anterior. Já as receitas da NOS subiram 10% no primeiro semestre (as contas mais recentes da PT estão integradas no relatório da Altice, sem comparação com períodos anteriores).
Em resumo
Como em muitos dos temas das telecomunicações, esta questão não é preto no branco. As aplicações de comunicações como o Facebook e o Skype trouxeram novos hábitos por parte dos consumidores no que diz respeito à forma como usam a Internet e comunicam. Mas esta é uma evolução que os operadores se têm esforçado por acompanhar e que tem feito parte da forma como eles próprios promovem os serviços que vendem.
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