Segunda, 12 Outubro 2015
A COMUNIDADE internacional apelou no final da semana aos líderes da Guiné-Bissau para que sejam “mais razoáveis” na forma de verem os problemas do país, há dois meses sem Governo, indicou aos jornalistas o representante da União Africana (UA), Ovídio Pequeno.
Pequeno foi o porta-voz dos diplomatas e representantes da comunidade internacional sediados em Bissau que, sexta-feira (9), se encontraram com o Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, para abordarem a situação política no país.
O Chefe de Estado deu conta do processo de formação do novo Governo, que se encontra num impasse entre o Presidente e o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), vencedor das últimas eleições legislativas.
“É preciso que as partes venham ao diálogo. É preciso que haja um sentido mais razoável de ver as coisas” sem extremar posições, porque ‘no fundo’ o que está em jogo é o interesse da República da Guiné-Bissau e do seu povo”, notaram os diplomatas.
Segundo Ovídio Pequeno, todos se manifestaram preocupados “em relação àquilo que se passa” na Guiné-Bissau.
Os diplomatas, que na quarta-feira (7) estiveram reunidos com a Direcção do PAIGC, pediram ao Chefe de Estado bissau-guineense para que “tudo fosse feito” para se encontrar uma solução para o impasse.
O impasse persistente forçou o mediador da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) para a crise, o antigo presidente da Nigéria, Olusegun Obasanjo, a voltar a Guiné-Bissau.
“Voltei porque parece que o problema que vim resolver da outra vez não está solucionado. Vim resolver este impasse”, afirmou Obasanjo a jornalistas em Bissau.
A 18 de Setembro, também em Bissau, Obasanjo defendeu a assinatura de um pacto de estabilidade para “evitar crises” como a actual.
Esse pacto seria subscrito por partidos políticos, Presidente da República, líder do Parlamento, Primeiro-Ministro Carlos Correia e sociedade civil, tendo como premissas essenciais a cooperação, a colaboração e a concertação.
CRISE POLÍTICA NA GUINÉ-BISSAU: UE identifica “culpado”
Sábado, 10 Outubro 2015
O PAIGC e a Presidência da República mantêm o braço-de-ferro a volta da constituição do próximo governo da Guiné-Bissau.
Dois dias depois de José Mário Vaz ter rejeitado a proposta que lhe foi apresentada pelo primeiro-ministro Carlos Correia, este voltou ontem reenviar ao chefe do Estado a mesma lista.
A Alta Representante da União Europeia (UE) para a Política Externa e de Segurança, Federica Mogherini, considerou na quinta-feira (08) que o Presidente da República da Guiné-Bissau está a colocar em risco os esforços para ultrapassar a crise política no país.
"A rejeição de um novo Governo pelo Presidente da Guiné-Bissau está a reavivar a tensão política no país e a pôr em risco os esforços para ultrapassar a crise política", anunciou Mogherini num comunicado conjunto com o comissário europeu para a Cooperação Internacional e o Desenvolvimento, Neven Mimica.
Na declaração, os dois dirigentes europeus consideram "urgente" que a Guiné-Bissau tenha "um governo estável, que lhe permita prosseguir o processo de reforma e reconstrução".
"Isso também é crucial para a implementação do apoio internacional anunciado na Mesa Redonda de Doadores realizada em Bruxelas no início deste ano", acrescentam, de acordo com a Lusa.
A UE declara apoio aos esforços em curso da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) "para ajudar o país a alcançar uma solução duradoura para os actuais desafios políticos e institucionais".
De acordo com o comunicado, a UE "continuará a acompanhar de perto a situação na Guiné-Bissau, juntamente com outros parceiros internacionais, incluindo a ONU, a União Africana, a CEDEAO e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa".
A Guiné-Bissau está sem Governo há quase dois meses, desde 12 de Agosto.
Na terça-feira (06), Mário Vaz devolveu a Carlos Correia uma proposta de Governo, que lhe foi entregue no dia 02 deste mês, por integrar o Domingos Simões Pereira, primeiro-ministro demitido pelo Presidente da República em Agosto, e vários membros do seu Gabinete.
O Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), partido maioritário do Parlamento guineense, lamentou a atitude do chefe de Estado, e, na quinta-feira, Carlos Correia reenviou ao Presidente da República a proposta de Governo rejeitada por Vaz e exigiu, deste, razões justas para a sua recusa.
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