Dívidas mal paradas com principais Bancos da praça
A Primeira Secção Comercial
do Tribunal Judicial
da Cidade de Maputo
ordenou a execução do
património da Tiko Investimentos,
uma sociedade participada por
Leonardo Simão, antigo ministro
da Saúde e dos Negócios Estrangeiros
e Cooperação, no reinado de
Joaquim Chissano, e Fausto Cruz,
ex. assessor da Fundação que leva
o nome do estadista que dirigiu o
país durante 18 anos.
Assinado pelo juiz de Direito,
António Rui Sequela, a ordem de
execução é derivada de elevadas dí-
vidas que esta sociedade tem com
vários particulares assim como com
algumas instituições de crédito.
No caso vertente, a execução é ordenada
a favor do Banco Comercial
de Investimentos SA (BCI), onde
a sociedade não honrou com um
crédito de cerca de 150 milhões de
meticais, o equivalente a USD5milhões
ao câmbio médio de 30 meticais.
O despacho do juiz, cujo processo
ostenta o número 88/2014-N diz
que a execução destina-se a duas
pessoas uma singular e outra colectiva
privada.
Trata-se de Fausto de Oliveira
Cruz, ora em parte incerta, assim
como a TIKO S.A.
O tribunal aponta como a última
sede conhecida da TIKO SA, os
escritórios da Fundação Joaquim
Chissano, localizados na Avenida
do Zimbabwe, Bairro da Sommerschield,
número 954, Cidade de
Maputo. Por sinal, este é o mesmo
local onde funciona o escritório de
Leonardo Simão, na qualidade de
director executivo da Fundação Joaquim
Chissano.
Antes do juiz Arnaldo Siquela ordenar
a execução do património de
Fausto Cruz e da TIKO, S.A., num
passado recente, outro despacho
do Tribunal Judicial da Cidade de
Maputo mandara executar a mesma
firma por causa de uma dívida
contraída junto ao Barclays Bank
para a compra da Transairways, que
mais tarde se transformou em Kaya
Airlines
A estrutura accionista da TIKO,
S.A. é constituída por Leonardo
Simão com 50%, 49% de Fausto
Cruz e 1% é detida pela esposa de
Cruz de nome Maria Martins Pires.
A sociedade tem por objecto
o transporte de cargas bem como
todas as actividades acessórias associadas.
Outras contas mal paradas
Fontes do SAVANA contam que
enquanto a TIKO, S.A., engendrava
as suas jogadas financeiras, o
gestor principal da sociedade transferia
o dinheiro para outras contas
no exterior sobretudo na África do
Sul.
Consta ainda que parte do património
da TIKO, S.A. terá sido
transferido para África do Sul onde
Fausto Cruz vive actualmente e desenvolve
seus negócios.
Em Moçambique, Fausto Cruz terá
deixado para além de dívidas com a
banca, conta mal paradas com terceiros,
salários dos trabalhadores e
de segurança social.
Leonardo Simão conÀrma
Contactado pelo SAVANA na tarde
desta terça-feira, no seu escritó-
rio em Maputo, Leonardo Simão,
reconheceu ser sócio da TIKO S.A.
Contudo, Simão diz que, apesar de
ser accionista da sociedade nunca
participou na gestão da mesma. A
gestão da sociedade esteve sempre
a cargo do seu sócio Fausto Cruz.
Simão fez notar que apenas Fausto
Cruz pode satisfazer as nossas inquietações.
Questionado sobre o facto de o tribunal
ter arrolado as instalações da
Fundação Joaquim Chissano como
sede da TIKO S.A, o antigo ministro
dos Negócios Estrangeiros
e Cooperação referiu que há um
equívoco na medida em que a sociedade
tem sede própria.
Fausto Cruz fala de
cabalas
O SAVANA contactou o Administrador
Delegado da TIKO S.A,
Fausto Cruz, ora na África do Sul.
Cruz reconhece que a sua companhia
encontra-se numa situação
delicada em termos financeiros.
Precisou que a crise resulta de cabalas
protagonizadas por pessoas
de dentro e de fora da sociedade.
Fausto Cruz diz que certas motiva-
ções e pretensões gananciosas prejudicaram
a companhia e lançaram
para a crise.
O administrador delegado da
TIKO S.A, referiu que sofreu um
acidente de aviação grave que impediu
de trabalhar cerca de 10 meses.
No regresso, encontrou a empresa
numa situação difícil devido a gestão
pouco criteriosa dos seus colaboradores.
“As pessoas que tinham sido encarregues
pela gestão cometeram
muitas irregularidades. Foram irregulares
no pagamento das despesas
correntes, salários, rendas, combustíveis,
seguros e outras”, queixou-se.
Cruz diz que também encontrou
sinais de desvios de fundos e tantos
outros factos de índole criminal.
Quanto as dívidas que culminaram
com a penhora dos bens da firma,
Fausto Cruz sublinhou que, há
muitas questões por detrás desta
situação e não cabem no fórum do
jornal por se limitarem apenas ao
banco e ao devedor.
Reconhece que o banco fez o seu
papel e a sua empresa não contestou
porque não tinha condições fi-
nanceiras para tal por se encontrar
numa situação delicada.
“Estamos a negociar com o banco
no sentido de ponderar a nossa situação.
Também estamos a procura
de parceiros que possam nos ajudar
a levantar o projecto”, disse Cruz,
acusando, de seguida, um conhecido
advogado e docente aniversário
de ter manipulado o processo que
levou à execução da empresa. Em
próximas edições o SAVANA trará
mais contornos sobre este caso.
Tribunal executa bens da empresa de Leonardo Simão
Por Raul Senda.
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