Por: Lázaro Bamo
A questão da convivência política entre os homens, exige muito dos animais políticos, eles devem ser e parecer coerentes, com alto sentido de causa e sobretudo com uma visão concreta sobre a realidade. Esta postura pode nos conferir uma análise justa aos fenónemos sociais e não nos arrasta a oscilação do racicínio sem nenhuma ordem lógica.
Este tema que proponho hoje, visa reflectir em torno da incoerência, que guia algumas visões sobre dois factores que marcam o dia-a-dia do nosso país, nomeadamente: a liderança do estado e do partido Frelimo e o diálogo em busca da paz para o nosso País. Tanto no primeiro como no segundo tópico, há um exercicício banhado de incoerência, que acaba confundindo interesses privados a interesses nacionais, o que suplanta o sentido de causa.
Primeiro: Um dos grandes males das organizações da sociedade civil, partidos políticos inclusos, é o facto dos dirigentes dos órgãos sociais destes, serem simultaneamente membros do executivo. Agora, se o João é Presidente da Associação X e ao mesmo tempo Director Executivo da mesma, quem vai prestar contas a quem? O modelo de governação interna das organizações acaba ficando, desta forma, viciado aniquilando qualquer espaço para que haja transparência. Será que a Frelimo quer este modelo, do Presidente da República ser ao mesmo tempo Presidente do Partido? Isso caberá aos membros, que em sessão própria poderão decidir. Porém, não basta que se diga que ontem era assim e hoje deve continuar assim, é preciso argumentar e aprofundar as teses, mas sobretudo analisar o actual contexto e acima de tudo ter-se certeza de que esta é a vontade também do presidente Nyusi. Até agora, nunca ninguém procurou saber se esta era a vontade do chefe de estado e todo raciocínio é erguido nos alicerces da incoerência e de analogia.
Tem muita a ganhar o nosso país e as nossas organizações, quando investem na separação de poderes no seu seio. Pois vão garantir transparência e pleno exercício das suas tarefas. No caso em análise por exemplo, teríamos um presidente da república com as atenções viradas para governação do País como um todo, procurando responder as expectativas de todos. Acho que os desafios actuais, exigem também esforço adicional da própria Frelimo, que precisa de um presidente a tempo inteiro, que possa assegurar que a quantidade e qualidade dos membros aumenta, mantendo desta forma via a construção da vitória eleitoral.
O alto sentido de causa não pode ser abalado pelas opiniões que em vários momentos, se mostraram incoerentes. Quando por exemplo, o ex-presidente da república Armando Guebuza foi várias vezes criticado por ser chefe do estado e ao mesmo tempo presidnete da Frelimo, o argumento era de que, estas atribuições criavam ruido entre a gestão do estdo e do partido. Diziam mais, que não se percebia quando é que o chefe de estado agia como tal e como presidente do partido, dai que, segundo estas vozes, o Estado confundia-se com o partido Frelimo. Hoje que a Frelimo tem o presidente Guebuza na liderança do partido e o presidnete Nyusi na liderança do País, dizem que não faz sentido. Como? O que faz sentido? A incoerência, o investimento para que a Frelimo volte ao estado anterior para fazer as mesmas acusações que faziam ao presidente Guebuza? O Mandato dele no partido termina em 2017, e cabe aos seus membros tomar melhor decisão. Os membros estão livres de votar na continuidade, votar no presidente Nyusi ou num outro membro que se mostrar disponivel.
Não faz sentido, que as mesmas pessoas que dizem que o presidente Nyusi era delfim do presidnete Guebuza, venham hoje dizem que estes dois não se entendem. Podem até achar esta minha dúvida ingénua, mas Filipe Nyuse fez parte dos 3 pré candidatos da Frelimo, candidatos estes cuja imagem foi desgastadas pelas incoerentes vozes, mas a Frelimo sempre una e com sentido de causa fez as suas escolhas.
Segundo: O sentido de causa que move os militantes da Frelimo, está a criar equivocos e mais uma vez, denuncia a incoerência de algumas vozes. É que segundo elas a Frelimo não tem nada que ir as bases para informar ao povo que ela não apoio a ideia das regiões autónomas propalada pela RENAMO. Aliás, estes protestos não são apenas da Frelimo, mas também de alguns segmentos da nossa sociedade que publicamente já condenaram tais pretenções, porém, há quem diz que esta postura da Frelimo contraria a posição do presidente Nyusi e os esforços feitos por este para a manutenção da Paz. Isto não pode ser verdade, o líder da RENAMO, activou os seus comunicadores para espalharem a mensagem de que ele e o presidente Nyusi, tinham chegado ao entendimento sobre aprovação, pela Assembleia da República desta matéria e que se a Frelimo reprovasse a proposta, haveria “consequências”. Disse o líder da RENAMO e num tom ameaçador. Mas porque isto não constitui a verdade, a Frelimo não podia ficar indiferente, era o seu projecto político a ser usado para legitimar as pretenções da RENAMO, daí a necessidade de na mesma medida, informar aos moçambicanos que não havia nenhum entendimento no sentido de autorizar as regiões autónomas, apenas a necessidade da mesma proposta ser levada a casa do povo.
Algumas vozes dizem por exemplo que não se pode negar o que não se conhece, mas como permitir que o que não se conhece seja consumido pelo povo, seja propalado? Não estaremos a abrir espaço para boato e especulação? É preciso mais uma vez convidar ao nosso banquete de reflexão, o sentido de causa e desligar a ficha da incoerência.
Há pessoas que tem medo que o líder da RENAMO fique nervoso, acham, que a todo custo ele deve ser acarinhado. Eu não acho que ele deve ser tratado como criança, ele deve mostrar o seu comprometimento com a causa da paz e estabilidade do país, que ele é patriota e a todo custo quer o bem estar de todos nós. Isso só é possivel se ele tambem se desligar da incoerência, e estabelecer uma outra forma de convivência politica com os outros. Ele deve acima de tudo aprender a negociar e desligar-se da chantagem.
Volvidos estes anos todos, em que de cima para baixo andamos a debater política, é chegada a hora de cada um de nós redescobrir o alto sentido de causa nacional e a defesa dos mais nobres interesses do país. Os mecanismos e canais de diálogo criados, podem fortificar o sentido de causa e amputar a incoerencia, mas terá que haver entrega e dedicação de todos. Ninguém tem a paz nas mãos, ninguem guarda a estabilidade a sete chaves, todos nós temos a paz e a estabilidade em pequenas porporções, que quando juntamos as nossas mãos, movidos pelo sentido de causa, consolidamos a Paz Nacional.
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