Eu sou muito admirador daquela ciência que se dedica ao estudo do passado no presente para perspectivar o futuro, História, aquele meu primo quase próximo simpático, educador mas também bem cruel quando não lhe tratam como deve ser sobretudo, quando não o tratam bem por uma espécie de Alzheimer. Já agora Alzheimer é uma enfermidade aparentemente incurável que se agrava ao longo do tempo, mas pode e deve ser tratada. Quase todas as suas vítimas são pessoas idosas. A doença apresenta-se como demência, ou perda de funções cognitivas (memória, orientação, atenção e linguagem), causada pela morte de células cerebrais. Quando diagnosticada no início, é possível retardar o seu avanço e ter mais controle sobre os sintomas, garantindo melhor qualidade de vida ao paciente e à família. Esta variedade aqui apresentada, a original, embora não desejando a ninguém, tem uma vantagem de ser individual embora seus efeitos possam criar milhares de afetados, porém, julgo eu ser mal menor em relação a variedade Alzheimer social.
Desta variedade, a social, eu tenho medo porque à semelhança da original esta afeta a muitos, mas diferentemente da origina não afeta a muitas gerações e ainda o mal maior é que ela é coletivaSó que esta diferentemente da anterior não precisa de levar em consideração a noção da idade, para ela basta que alguns aliados naturais dele se evidenciam, nomeadamente a não cidadania, a não percepção do que é coisa pública, a não percepção da justiça, igualdade, fraternidade (alguns termos usados naquela revolução lá pelos lados da Europa, mas que nãos nos fariam mal cuidarmos ou nos preocuparmos um pouco com elas) e pior ainda não é causada pela morte de células celebrais, mas ativada por ganância grupal ou pessoal
Essa doença, que na variedade original, apresenta como uma das suas características a perda de funções cognitivas, na versão social, não apresenta perda destas funções cognitivas, mas apresenta uma reinvenção ou readaptação cognitiva sobretudo da orientação (aqui depende de quem me dará vantagens estomacais, e não coaduna com pensar diferente). O mais preocupante com isto, não é que não tenha cura ou não seja retardada os seus efeitos, a preocupação na verdade esta no fato de a sua possível cura ser combatida, por aquelas novas funções cognitivas readaptas a orientação.
O meu medo do Alzheimer Social é que esta se encarrega de não cuidar daquele meu primo quase próximo que é altamente feroz se não o cuidarmos. E por via disso para o nosso caso esse meu primo manda lembrar ou pelo menos tentarmos que em pouco menos de 40 anos, milhões de moçambicanos morreram, outros milhares foram refugiados, que o país atrasou-se mais anos, endividou-se, e que ele não quer saber nem discutir de quem é a culpa, mas que quer ser lembrando porque ao continuarmos como vamos, estamos a pedir que ele aja pela segunda vez (na verdade pela terceira vez, considerando um pequeno ensaio desastroso –social, econômico - que condicionou a abertura de um escritório no CCJJ às segundas feiras) como se não tivesse havido uma primeira desastrosa.
A minha preocupação com esse Alzheimer Social é que faz de vítimas os que menos têm a ver com sua origem, ela gosta mais daqueles que vulgarmente têm sido chamados de população (termo meramente economicista). Pequenas coisas como a manipulação desses dispensáveis nas contas de benefícios dos contratos milionários e ou promessas em seu nome com as cantigas de províncias autônomas que podem ser ao mesmo tempo possíveis e impossíveis quando elas são uma idéia e essa idéia mesmo antes de ser conhecida é dada como errada e mesmo sem que a mesma seja dita já deve(ia) ser aceite.
Esse Alzheimer me preocupa porque nos 16 anos de guerra manda o meu primo recordar que nele estiveram envolvidos os mesmos protagonistas. O argumento de uns é que uns eram reacionários, forças imperialistas e outros diziam que na verdade uns eram marxista-leninistas, não davam liberdades ao povo e curiosamente naquela altura todos eles tinham apoio de superpotências cujos interesses geopolíticos e econômicos nos impunham. Manda meu primo recordar antes da Alzheimer social alastrar para próximas gerações que quando ele estuda o passado no presente, para perspectivar o futuro não quer dizer que no futuro virá o acontecimento da mesma forma (não sou muito apologista da celebre frase “a história repete-se”, talvez ela readapta-se, reinventa-se) e sendo assim, hoje, aqueles recursos malditos podem ser o móbil se combinados com a pobre distribuição da riqueza, com a injustiça, com a desigualdade, com a falta de liberdade e expressão de pensamento e aí sim, a história reaparece.
Creio que ainda podemos cuidar daquele do meu primo próximo e cuidar do Alzheimer Social e evitar afetados se não por nós pelos menos pelas nossas futuras gerações. Sempre defendi que jamais teremos um país justo, mas podemos fazer um país menos injusto possível.
Ps: me preocupa ainda que uns em vez de debaterem a proposta da RENAMO ainda insistem em debater os membros da comissão política da FRELIMO foram falar nas províncias; que ao invés de nos centrarmos em discutir no fato de a RENAMO estar possivelmente a dar cabo de uma proposta bastante útil com seus pronunciamentos, queremos ainda debater Djakama disse. Me preocupa ainda que o Alzheimer faça as pessoas esquecerem que a AR não é apenas lugar de chancelaria de vontades mas sobretudo de debate. Me preocupa que se pensa que esta lei seja da RENAMO contra a FRELIMO e nos esquecemos que o MDM é ator neste processo. Me preocupa que o MDM entre neste jogo calada e saia em silêncio. A minha maior preocupação é que o nosso Alzheimer Social nos esta fazendo esquecer que por muitos anos nós, digo nós, fomos apenas assistentes dos nossos destinos e nada fizemos e meu primo vem reaperecendo!!
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