Quinta, 26 Março 2015
O SECRETÁRIO do Comite Central Da Frelimo para a mobilização e propaganda, Damião José, desmistificou ontem a ideia de que existem dois centros de poder dentro do partido, um liderado por Armando Guebuza e outro pelo Presidente Filipe Jacinto Nyusi, eleito no sufrágio de 15 de Outubro de 2014.
Falando em conferência de imprensa para anunciar a realização, a partir de hoje até ao dia 29 do mês em curso, na Matola, da IV Sessão Ordinária do Comite Central Da Frelimo, Damião José afirmou que não teria sentido que a Frelimo dirigida por Armando Guebuza e que elegeu Filipe Jacinto Nyusi candidato do partido para as eleições presidenciais de 15 de Outubro de 2014 fosse a mesma a criar barreiras ou situações que embaraçassem a governação do actual Chefe do Estado.
“O nosso partido não está dividido. Continua unido e sempre decidido a continuar a trabalhar para o bem-estar dos moçambicanos. Não constituem verdade informações veiculadas por certos órgãos de comunicação dando conta que a sessão (que hoje inicia) vai ser o momento em que os membros estarão divididos em alas, uma dirigida pelo presidente Armando Guebuza e outra pelo Presidente da República Filipe Nyusi”, disse, acrescentando que tais informações se circunscrevem no domínio da especulação.
Damião José sublinhou que a IV Sessão Ordinária do Comité Central da Frelimo será mais um momento em que os seus membros vão reafirmar a coesão interna e a camaradagem, em preparação dos desafios que o partido tem pela frente.
O secretário do Comité Central para a mobilização e propaganda disse que vozes fora do partido têm estado a aconselhá-lo no sentido de que Filipe Jacinto Nyusi deveria também assumir a presidência da Frelimo Sim. A este propósito, Damião José clarificou que isso não é preocupação dentro da própria Frelimo.
Lembrou que quando o X Congresso, realizado em 2012 na cidade de Pemba, província de Cabo Delgado, elegeu Armando Guebuza como presidente do partido Frelimo, sabia-se que a partir de 2015 haveria um Presidente da República que não seria o da Frelimo.
“E mais, algumas dessas vozes que aconselham a Frelimo a avançar nessa direcção, curiosamente são as mesmas vozes que depois da III Sessão do Comité Central ter eleito Filipe Nyusi candidato diziam que seria daquela vez que a Frelimo iria perder as eleições”, disse, ajuntando que tais vozes diziam que o candidato da Frelimo não tinha capacidades e até que era fauna acompanhante.
Segundo afirmou, a Frelimo, organizada, unida e sabiamente dirigida por Armando Guebuza, demonstrou não só a essas pessoas mas ao mundo que é um grande partido. Neste momento, disse, Armando Emílio Guebuza cumpre o mandato que lhe foi conferido pelo X Congresso e que deverá terminar com a realização do XI Congresso.
Nessa altura, a Frelimo irá dizer se vai reeleger Armando Guebuza como seu presidente ou eleger um outro presidente.
“Curioso é que as mesmas vozes diziam, na altura, que o Presidente da República tinha poderes excessivos, de tal maneira que era difícil saber quando é que desenvolvia actividades de Estado e quando desenvolvia actividades como presidente da Frelimo. Hoje são as mesmas vozes que aconselham que a Frelimo tem de voltar àquela situação que eles criticavam duramente”, declarou.
A IV Sessão Ordinária do Comité Central da Frelimo vai debruçar-se sobre o relatório da Comissão Política sobre o seu desempenho, do Secretariado do Comité Central, sobre o seu desempenho, o processo das eleições de 2014 e o plano de actividades e orçamento do partido para o presente ano.
Vai debruçar-se ainda sobre o relatório sobre o desempenho da bancada parlamentar, o programa quinquenal do Governo 2015-2019, que incorpora o manifesto eleitoral do partido apresentado na campanha eleitoral, o Plano Económico e Social (PES) e o Orçamento do Governo para 2015.
Damião José deixou, entretanto, claro que o Comité Central é soberano em agendar a discussão sobre a sucessão de Armando Guebuza na presidência do partido.
Sobre as sucessivas ameaças proferidas pelo líder da Renamo, Afonso Dhlakama, na digressão que está a efectuar por algumas províncias, o porta-voz da Frelimo questionou se a Renamo e o seu dirigente existem para servir os moçambicanos ou para fazê-los sofrer.
“Se é para fazer guerra, o senhor Afonso Dhlakama vai matar a quem? Aos membros do partido Frelimo? Aos dirigentes do partido Frelimo ou ao povo moçambicano?”, indagou, condenando veementemente a postura que a Renamo e seu líder têm estado a assumir.
Felisberto Arnaça
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