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Por Raul Chambote (com venia mais que devida)
1. A sessão de "pombe", vulgo mal-cuado ou bebida de fabrico caseiro, inicia na manhã da Sexta-feira, dia 9 de Janeiro 2015;
2. Há registo de pessoas (clientes) que se fizeram ao local da bebida nas primeiras horas da abertura do pombe. Dos registos que tenho, 5 pessoas teriam sido os primeiros clientes e não manifestaram nem os sinais de intoxicação nem outros sintomas. Não tiveram exames médicos, mas não fizeram ao Posto de Saude e estão bem. Eles servem do marco para estabelecermos os limites de análise da tragédia de Chitima;
3. Nessa mesma manhã, havia funeral dum dos entes queridas/os da vizinha do pombe que teria sido aberto à comercialização. A dona do pombe foi solicitada para não vender o pombe naquela altura, o que lha fez ceder a solicitação e a sessão foi encerrada para que não houve perturbações na casa onde havia o falecimento. Consta que ela também participou do funeral. Note-se que a sessão de mal-cuado/ pombe é acompanha de música tocada em volume ensurdecedor para condizer com o ambiente de bebedeira na zona. Tudo indica por volta das 12:00 terminava o primeiro momento
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4. Após o regresso do funeral e segundo alegações de que as pessoas que tomaram parte do funeral estarem a sentir "sede e fome", portanto, queriam molhar a garganta antes de se desperçarem da casa dos infortunados, estavam criadas todas as condições para a dona do pombe ser desculpada e reabrir a sessão, ao que aconteceu, instalando-se noutra proximidade o arranjo para que a musica fosse tocada. Reinicia assim a sessão de pombe que culmina com a tragégia que começa a ser reportada extensivamente no Sábado, dia 10 Janeiro 2015.
5. As fontes situam-nos que é no período que vai sensivelmente das 13:00horas as 18:00hrs que a maioria das pessoas intoxicadas, incluindo a dona do pombe e filhos, teriam consumido a bebida. Ainda não consegui obter a hora precisa da entrada da primeira vítima, pois isso ajuda a determinar, para os que vão averiguar as causas das mortes, a capacidade mortífera da substância colocada na bebida em termos de velocidade e tempo. Contra as especulações, consultando três vovós em Chitima, Doa e Tete, teceram algumas reservas sobre envenenamento por bilis de crocodilo, pois de acordo com o conhecimento deles se alguém tivesse introduzido bilis de crocodilo as mortes ocorreriam na hora e no local, afastando assim tal possibilidade. Visto que não podem provar o que me disseram, cuidei de agradecer e registar a opinião deles.
Momentos de Aflição
a) Muitas das vítimas mostravam-se, nas televisões, a transpirar e não havia água disponível para que as vítimas bebessem ou repusessem o liquido perdido do corpo. Não me parece que água seja antídoto de venenos, mas não havia disponível dado ao efeito surpresa que caracteriza(ou) a tragédia;
b) Serviço Nacional de Saúde ainda não esclareceu o assunto de envenenamento e as pessoas entraram em desepero e alguèm sugeriu que se as vítimas bebessem sua própria urina misturada com escremento de boi haveriam de se salvar. São coisas de aflição e não estamos para julgar a ninguém. Há desespero total: morrer ou morrer.
c) A PRM também ainda não esclareceu o assunto e aventa-se a mobilização da AMETRAMO. Mais uma vez, aflição, mas métodos incompatíveis em termos de princípios, mas na vida de algumas pessoas em situações de afliçao, essas coisas funcionam, pelo menos psicologicamente. Não é momento para julgar os que mobilizaram AMETRAMO e nem aqueles que levantam a bandeira de criticismos a crenças obscurantistas. Estamos perante situação de aflição que são passíveis de especulações;
d) Alegações de animosidade entre a dona do pombe e outros/as vendedeiras de pombe. Culpam-na de não se habituar a respeitar o plano de rotação de venda estabelecido entre os fabricadores de pombe (hoje vende um, amanhã é outra e depois outra pessoa, assim sucessivamente). Minhas fontes alegam que ela fazia pombe bem saboroso e que as pessoas não resistiam ao pombe dela mesmo havendo pombe a ser vendido noutra casa, as pessoas procuravam pelo dela. Se ela o tivesse abria a sessão quebrando a regra acordada. Assim era percebida como a prejudicadora dos outras/os. Outros ainda acusam-na de usar droga (chamariz) para as pessoas gostarem mais do pombe dela. Estamos perante forum de especulações e estorietas e quem é oriundo de zonas onde funcionam moageiras para triturar e moer milho entendem a dimensão dessa especulação que recaiu sobre o pombe da tragégia em Chitima.
Para terminar, dois pontos:
1. Me parece que o criminoso se aproveitou da falecimento para implementar o seu plano criminoso. Que saimos do forum das especulações e que as autoridades competentes nos esclareçam o que efectivamente teria acontecido e o MISAU se prepare melhor para situações similares;
2. Que os Administradores da Província de Tete e outras províncias onde sessões de mal-cuado acontecem, tracem um plano de sensibilização as lideranças locais da responsabilidade que eles tem na gestão e resolução de conflitos nas comunidades.
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