quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Batalha por Moçambique ao rubro (‪#‎canalmoz‬)

Canal de Opinião

Entre populismo, demagogias e pretensões ditatoriais
Após décadas de um aparente progresso no processo de edificação de uma sociedade democrática, 2014 trouxe a verdade sob forma de eleições gerais.
Caiu a mascara, e ficou demonstrado que a apregoada democracia em Moçambique não passa de uma mascarada de democracia.
Vence as eleições quem tiver a contribuição forte dos órgãos eleitorais.
Vence quem o Conselho Constitucional, dominado pela Frelimo, quiser.
Vencem os jogos de interesses pré-determinados.
Vence os “complôs” que se apoderaram dos recursos naturais do país.
Em si, todo um processo eleitoral que se pretendia e alegadamente se queria livre, justo e transparente foi manchado por uma manifesta burla organizada por entidades que a cada dia que passa se evidenciam.
Onde se demora tempo desnecessário organizando números e percentagens de modo a conferir vitória a um e derrota aos outros, estamos em presença de um processo inquinado.
Onde se recusam queixas dos opositores ao regime do dia em sede de tribunais supostamente criados para dirimir litígios eleitorais, fica claro que se trata de uma manobra bem organizada e estruturada com objectivos concretos. O legalismo inclina-se favor dos detentores do poder e, num processo claramente inclinado, as decisões subsequentes vão surgindo e alinhando-se a favor do que se pretendia “a priori”.
Não foi por acaso que o presidente do Conselho Constitucional se antecipou e aconselhou que se aceitassem os resultados anunciados pela CNE.
Não é por acaso que jamais apareceram os editais correspondentes aos votos depositados pelos eleitores.
O que agora se evidencia é que as contas dos “estrategas da vitória arrancada” não calcularam qual seria a reacção popular e dos partidos da oposição.
Quando o líder do principal partido da oposição percorre o país e é recebido triunfalmente após terem sido homologados os resultados eleitorais pelo CC, só se pode concluir que alguma coisa está acontecendo.
Fermenta um ambiente pesado e de desfecho imprevisível.
Os que asseguravam que a vitória era certa e que seu partido era invencível afinal estavam “escrevendo na água”. Nada está certo e nem nada é definitivo.
Há uma paralisia no país, que nem as tomadas de posse de ministros e governadores conseguem encobrir ou esconder.
Quando o ex-PR julgava que havia “descalçado a bota” e deixava o seu futuro completamente blindado, surgem todos os dias mais dúvidas do que certezas.
Atendendo a que o “dossier” militar em discussão no CCJC não anda ou ganha pernas, antevêem-se tempos difíceis, que podem desembocar num novo ciclo de violência entre dois partidos que nunca deixaram de ter forcas militarizadas.
Arrogância e incapacidade de compreender questões básicas de convivência política colocam irmãos em rota de colisão.
Multiplicam-se negociações e viagens de mediadores entre o local em que está o líder da Renamo e a capital do país. Tenta-se salvar uma paz instável. Mas nega-se rotundamente compartilhar o país real.
Do topo dos palanques e dos sofisticados escritórios, multiplicam-se esforços e declarações que não sossegam os moçambicanos.
No lugar de se verem celebrações por vitória justamente conseguida, assiste-se a encenações de tomadas de posse em que a maioria não acredita.
Há quem pensa que, como no passado, será possível impingir a todo um povo um ordenamento político-governamental determinado.
Quando a teimosia é superior ao senso comum e quando os interlocutores jogam com “cartas a mais”, torna-se preocupante.
Já deveria estar claro que a democracia e as vitórias eleitorais não funcionam à custa de comandos militarizados nem por interferência da Polícia e serviços de inteligência.
Aos moçambicanos cabe a responsabilidade de não desistirem dos seus direitos políticos e económicos.
Que fique definitivamente claro, para os que se supunham especiais, que os moçambicanos jamais aceitarão uma nova escravatura, mesmo que revestida de aparência ou de capulanas como estampas de “democracia”.
Não somos ovelhas nem parte de uma manada de gado bovino de propriedade privada.
Não se está pedindo nada de especial.
Dignidade, democracia e justiça é o que povo moçambicano pede. (Noé Nhantumbo)

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